sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

"Nos dias de sua carne" 1

“Nos dias de sua carne” nosso Senhor Jesus Cristo, experimentou, por si próprio, todas as coisas que nos afetam. Experimentou alegria da vida em família e o descrédito de seus irmãos. As dificuldades dos trabalhos manuais e a alegria de ver algo acabado. A admiração de alguns que conversaram com ele e a incredulidade daqueles que, por decisão do Pai, foram constituídos para zelar pelo que era seu.

Essa experiência trouxe o que o escritor da Carta aos Hebreus chamou de “aprendizado”, “obediência” e de “aperfeiçoamento”. Veja:

“Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” Hb 5.8-9.

Não que ele não soubesse de todas as coisas ou que fosse desobediente ou que não fosse perfeito. Porém, como Deus, ele nunca precisou obedecer. Depois de haver adquirido nossa natureza, ele aprendeu, na prática, a obedecer e isso redundou em um aperfeiçoamento, pois foi o único descendente de Adão que obedeceu ao Pai perfeitamente.

Sua obediência foi ativa, ao fazer tudo o que a lei determinava. Para ele um “i” ou um “til” (~) – sinais que habitualmente desprezamos. Aliás, costumamos desprezar muito mais do que sinais – da lei, valiam muito mais do que o céu e terra. Estes podiam passar. Aqueles não.

Ele expôs a importante doutrina da “vida eterna” baseando-se em um tempo verbal, quando disse: “antes de Abraão eu sou”. Não falou “eu era” ou “eu fui”, mas “eu sou”. Conjugando o verbo “ser” no presente, ele afrontou os judeus que reservavam presente para Deus e fez uma alusão ao seu nome impronunciável.

Mas também sua obediência foi passiva, ao suportar tudo o que o Pai determinou colocar sobre ele. Sujeitou-se à vida humana caída que depende do tempo e do espaço. Sujeitou-se aos cuidados de sua mãe, aos ensinos de seu pai, ao convívio com a descendência caída de Adão. Sujeitou-se ao “trabalho que Deus impôs aos filhos dos homens, para com ele os afligir”.

Finalmente sujeitou-se aos maus-tratos daqueles que deveriam glorificá-lo, ao julgamento de quem devia obedecê-lo, ao escárnio de quem deveria temê-lo.

Em tudo foi obediente. Em tudo foi aperfeiçoado. Comportou-se como Adão deveria ter feito se não tivesse se rebelado contra o próprio Deus.

Como um de nós, representou-nos perfeitamente diante do Pai que imputou-nos sua justiça. Mas também revelou-nos nossa própria desgraça: Não somos pecadores porque vivemos pecando. Ao contrário: vivemos pecando porque nascemos em pecado. É como um defeito genético. Nascemos carecendo pecar como um anencéfalo carece de um cérebro, ou um diabético de insulina.

Somente Jesus podia ser nosso “segundo Adão” e ao nascermos dele somos novas criaturas. Ainda pecamos, porque apenas nosso espírito foi regenerado. Mas virá o dia em que além de nosso espírito nossa carne também estará pronta. A redenção estará completa. A criação estará restaurada.

Vem Senhor Jesus.