sábado, 27 de maio de 2006

A Bíblia: desde a infância

Desde muito cedo aprendi com meus pais a ter grande apreço pela Bíblia. Ainda criança já tinha consciência de sua singularidade. Nunca joguei uma fora - mesmo as mais usadas ainda permanecem comigo - nem deixei que alguém jogasse.

Estava, e ainda estou, bem certo de que seu valor transcende o do papel, porém como respeito ao que ela nos traz - a revelação divina - meu apreço estendia-se e estende-se às mídias em que esta revelação está registrada.

De vez em quando olho a Bíblia que usei quando adolescente. É bom ver marcado em suas páginas os textos que me traziam força para as lutas daquela época. É bom relembrar como eu os entendia e como os aplicava em minha vida. É bom entender os problemas ou vitórias, ou descobertas, que fizeram com que aqueles textos se destacassem a mim. Foram muitos.

Absolutamente, não quero me colocar como exemplo, porém, mostrar como a vida de uma criança, adolescente, jovem e agora adulto pode ser vivida na presença de Deus sem os perigos do misticismo, sem as bobagens da superstição e sem a hipocrisia da falsa piedade.

O misticismo não conduz a Deus. Quando muito conduz à própria pessoa que engana-se a si própria. A superstição leva à coisas como deixar a Bíblia aberta em direção a porta, no Salmo 90, para evitar a entrada de ladrões. A falsa piedade leva a uma vida voltada para impressionar os outros. Esses três usos, são os modos mais eficiente do inimigo de nossas almas nos levar a fazer o que ele quer, servindo-se da Palavra de Deus.

Hoje vejo a Bíblia, não com ingenuidade que meus pais, querendo ou não, passaram a mim, e, pela qual, serei eternamente grato. Tampouco como aquele fantástico espelho dos meus problemas de adolescente e jovem. Todas essas formas de vê-la, é certo, continuam, porém como pequena semente de uma árvore tão grande que já perdi a noção de seu tamanho.

Dela me vem instrução para o dia-a-dia, porém vem discernimento para o rumo que os "tempos" estão tomando. Com ela os noticiários são mais relevantes e claros. Com ela o lazer adquire gosto especial de dádiva divina. Com ela as artes são mais artes: a música é mais do que som, as cores têm vozes e os desenhos ganham expressão.

Porém, acima de tudo, as dúvidas - vento insistente que não refresca - são dissipadas mais facilmente. Afinal, tenho a Bíblia como a única Palavra registrada de Deus, e, por ele mesmo, autenticada.

Por que é que você acha que dentre tantas coisas que ele podia nos deixar preferiu deixar-nos um livro?

sábado, 20 de maio de 2006

Sobre a violência

Certamente você já leu a história de Noé. Afinal, desde criança, ouvimos falar de sua arca. Hoje ele é símbolo da luta pela preservação das espécies. Porém há, em sua histórica, uma determinação divina que, paradoxalmente, soa aos ouvidos modernos como aberração. Veja:

Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus. Gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé.

A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência.

Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra.

Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. (Gn 6.9-13)

A causa primária da ira de Deus sobre os contemporâneos de Noé foi a violência deles. Todos foram eliminados, menos Noé, sua esposa, seus filhos e suas noras.

Não foi uma tsunami que atingiu um país, ou um continente. Foi o extermínio da humanidade. O Criador estava repovoando seu planeta a partir de uma família que lhe era temente.

Deus destruiu as antigas raças antediluvianas, mais violentas do que o homem moderno, e alterou a biologia, reduzindo drasticamente a expectativa de vida humana.

Porém o que chama minha atenção, além da antiguidade do problema, é o fato de que raras vezes relacionamos a violência com nossa inata disposição pecaminosa, que no texto é chamado de “todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra”.

Preferimos culpar as estruturas sociais: Costumamos debitar na conta do stress cotidiano, ou na conta dos desvios comportamentais impingidos por uma sociedade estruturalmente má, a violência cometida por pessoas cultas e abastadas, ou pelo menos pertencentes à chamada classe média.

A violência cometida por desprovidos de saber e de bens, diferentemente, debitamos na conta da falta de investimentos sociais.

Há quem sustente essas conclusões com textos semelhantes aos seguintes:

“O cetro dos ímpios não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda a mão à iniqüidade” (Sl 125.3).

Ou:

“... não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus” (Pv 30.7-9).

Estes textos parecem garantir que, até mesmo o justo, quando oprimido, acaba rebelando-se, e ao empobrecido é natural o furto.

Porém, não está claro que os escritores estão, hipoteticamente, prevendo situações extremas?
Podemos, sobre essas afirmações argumentativas, firmar doutrinas que vão contra a totalidade do ensino ético da lei de Deus?

Dizer que os atos de violência, de que fomos testemunhas nos últimos dias - e todos os demais - resultam apenas da pobreza é o mesmo que zombar dos que nasceram, e continuam pobres, e não se valeram, nem se valem, da violência.

A violência é inerente ao ser humano descendente de Adão, e, portanto, pecaminoso. Ela já aparece em nossa mais tenra infância. A “disfarçamos” pela educação recebida de nossos pais e da sociedade em que nos inserimos.

Entretanto, se a sociedade fica cada vez mais violenta, glorifica cada vez mais a violência e a impunidade, ou se o legítimo representante do Criador - o estado: ministro de Deus - não a reprime, em breve teremos gerações mais violentas do que suas anteriores.

Devemos compreender que a violência é domada apenas pelo Espírito Santo do Senhor que, habitando em nossos coração frutifica “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”.

Porém, se, de modo análogo ao que acontece na sociedade, os legítimos representantes do Senhor diante de seu Rebanho preferem um “outro evangelho”, buscam um “outro deus”, e atribuem ao Espírito “outros frutos” - que muitas vezes estão carregados de violência - teremos logo a derrocada da Igreja diante do século: o sal sem sabor a que referiu-se nosso Senhor e Mestre.

Portanto queridos irmãos, “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (Gl 5.25)”.

sábado, 13 de maio de 2006

Mães e filhos

Hoje é o dia das mães. Alguns filhos sentirão falta de suas mães e se lembrarão delas com saudades, outros também sentirão falta, mas, lamentarão com tristeza, o que deixaram de fazer por elas, enquanto viviam.

Os primeiros consolarão suas saudades vendo outras mães alegres com seus filhos, e os outros terão consolo na graça perdoadora do Senhor.

Porém, neste dia, haverá outros dois tipos de filhos que, com suas mães presentes, passarão por experiências bem diferentes.

São aqueles que durante o ano inteiro viveram como se não tivessem mãe, e a homenageiam hoje. Pode ser até que a tenham visitado, ou a usem como babá, ou, pior, morem com elas, e delas recebam comida, cuidados e orações. Porém, pouco fazem além de cumprimentá-las diária e rotineiramente. Não procuram saber da saúde dela (- pra que? Já fazem muito pagando o convênio médico!). Não pedem conselhos ou a bênçãos dela sobre seus planos e decisões. Quando muito as comunicam o que já decidiram fazer, ou estão fazendo.

Sempre com a cabeça cheia de projetos ou ocupações, nunca pensam nos joelhos calejados de orar por eles, mas estão dispostos a reclamar da camisa sem o botão ou da "lengalenga" sobre as más companhias ou sobre a falta de vida com Deus.

De modo geral esses filhos são impelidos pela consciência a dar presentes mais caros, que lhes acalme o sentimento de culpa. Presentes que, na maioria das vezes tem pouca ou nenhuma atratividade para a mãe que preferiria partilhar do dia-a-dia deles, receber carinhos, obediência e consideração.

Graças a Deus haverá também filhos que verão o dia de hoje pouco diferente dos demais dias. Perceberão que muito do que é feito reflete apenas a mentalidade consumista de nossa cultura.
Esses filhos também presentearão suas mães, mas com alegria e com a consciência tranqüila. Ela por sua vez apreciará mais o presente, pois será expressão de um filho temente a Deus que o adora honrando seus pais (como nos ensina o quinto mandamento), não a expressão de um filho que quer apenas compensar o que deixou de fazer durante o ano.

domingo, 7 de maio de 2006

Sobre sofrimentos

“... o que sofremos durante a nossa vida
não pode ser comparado, de modo nenhum,
com a glória que nos será revelada no futuro.
Rm 8.18 (NTLH)

Como pastor tenho de ver mais sofrimentos do que a maioria das pessoas. Porém, não vejo apenas o sofrimento do corpo, vejo também o sofrimento da alma. Sem querer ser pretensioso, já que outros profissionais - médicos, enfermeiros, etc. - também vêem o sofrimentos da alma, digo que vejo um sofrimento que geralmente passa desapercebido. O sofrimento que, paradoxalmente, machuca e abençoa, deixando marcas indeléveis.

Há sofrimentos que nós mesmos buscamos, e, muitas vezes, nos administramos. Geralmente eles vem como o efeito colateral de uma busca desmedida pelo prazer. É a ressaca após a bebedeira. É a dor e a vergonha após a orgia. São tão terríveis quanto suas causas, e estas, por serem terríveis o Apóstolo diz que sequer devem ser nomeadas dentro da Igreja.

Porém, não é o que acontecerá a quem, por exemplo, participar dessas festas dionisíacas características de nossa cultura e ansiada por aqueles que não descobriram o que é a verdadeira alegria?

Há também sofrimentos que nos são impingidos por quem está ao nosso lado. Vão desde um carro com escapamento aberto, um esgoto despejado em um manancial, até um ladrão ou assassino que nos furta bens ou vidas queridas.

Mas, como deixar de falar nos sofrimentos que recebemos diretamente das mãos de Deus? Não falou deles o patriarca Jó? Não nos mostrou sua utilidade o Apóstolo Paulo? Não os experimentou nosso Senhor?

Quando o filho começa a andar os pais não o soltam, e muitas vezes eles não caem? Quando erram acaso ficam sem disciplina? A disciplina produz algum efeito se não trouxer algum tipo de sofrimento?

Deus age assim também. As vezes nos deixa andar pelo vale da sombra da morte para que nos demos conta de ele está conosco: ao nosso lado.

A perda de um amado, a dor sofrida por quem enfrenta uma doença, pode ser uma bênção de Deus. Uma oportunidade de colocar a vida em ordem antes de encontrá-lo.

Bendita dor que nos mostra que estamos vivos e traz em si a certeza de que é passageira, pois para onde vamos ela não irá.