sábado, 23 de fevereiro de 2008

"... o seu prazer está na lei do Senhor" – 1ª Tábua

Por puro prazer reconheça a Deus como seu único Senhor. Aprecie-o, honre-o, adore-o. Procure agradá-lo em tudo, de todos os modos. Até mesmo com seus pensamentos. Tenha-o como seu maior deleite e não cultive outros deleites que possam crescer ao ponto de afastar você dele.

Por puro prazer não tenha outros deuses diante do SENHOR.

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Por puro prazer jamais degrade o SENHOR atribuindo-lhe qualquer forma que você possa imaginar. Mesmo a mais bela e a mais perfeita. Adore-o pela fé.

Adore-o na certeza de que Jesus, expressão exata do Altíssimo Pai, é o único que lhe possibilita um culto verdadeiro. E, sendo Jesus o único que agrada ao SENHOR, jamais tome parte em invenções humanas, por mais belas que sejam, ou honestas que pareçam, com o objetivo de agradar a Deus.

Por puro prazer jamais faça qualquer imagem do SENHOR.

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Por puro prazer jamais degrade o nome do SENHOR. Seja com interjeições, juramentos, orações fúteis, louvores da boca pra fora, ou com anúncios banais, interesseiros ou humanizados do Santo Evangelho.

Jamais deixe de exaltar o SENHOR e de reservar para ele o que de melhor você possa consagrar-lhe. O mais nobre modo de proclamar suas graças e as súplicas mais puras que puder fazer.

Por puro prazer jamais use em vão o nome do SENHOR.

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Por puro prazer, a cada dia da semana, procure resolver todas as necessidades que você tiver, para que no dia-do-SENHOR você possa desfrutar melhor sua presença em companhia de seus irmãos que se reúnem no mesmo local.

Não permita que aqueles que estiverem sob seus cuidados deixem de fazer isso e não delegue suas responsabilidades a outros.

Troque até o que é de maior premência, e aquilo que lhe dá mais prazer, pela alegria de comparecer ao local consagrado a cultuá-lo.

Deleite-se nesse dia e descanse de todos os cuidados, pois seu maior objetivo é desfrutar a companhia do Senhor e seus ensinos, lembrando-se sempre que Jesus, o único que agrada totalmente ao SENHOR, ressuscitou neste dia para nossa justificação, e nesse dia inaugurou a nova criação.

Por puro prazer lembre-se de santificar o dia-do-SENHOR.

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Por puro prazer use Lei do Senhor como o guia de sua vida. E ao amar sua Lei você estará também amando o Autor dela.

Ame-o de todas as suas forças e de toda sua alma. Mas ame-o também de todo seu entendimento.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Escolhidos

Jesus escolheu doze. Não os mais sábios, nem os mais influentes. Tampouco os mais cultos ou mesmo os mais ricos. Escolheu aqueles “que ele mesmo quis”.

Quatro eram pescadores por profissão. Um era coletor de impostos. E dois - se considerarmos isso como profissão - eram ativistas políticos em prol da libertação do povo judeu. Dos outros cinco pouco ou nada sabemos.

O que eles tinham em mente quando receberam o chamado do Senhor? O que Jesus queria que eles fossem ou que fizessem? As respostas a essas questões podem ser boas lições.

Naqueles dias - como ainda é possível ver hoje em menor escala ou intensidade - todos os judeus esperavam ansiosamente a chegada do Messias. O Messias os livraria do jugo romano e colocaria Israel por cabeça de todos os povos.

O Messias seria um "super-homem" aos pés do qual Alexandre, Nabucodonozor, Dario ou qualquer outro rei - até mesmo Salomão - pouco significaria. Seu saber convenceria a todos e o Reino dos Céus cobriria a terra a partir de Israel.

Não posso deixar de considerar a convicção trazida pelo chamado daquele que trouxe à luz todas as coisas, mas também não posso desconsiderar o privilégio que cada um sentiu ao ser chamado por alguém que, pelo que fazia, tinha muito do que então se esperava do Messias.

Essa "vontade egoísta" pode ser vista quando discutiam, entre eles mesmos, quem seria o maior e especialmente quando Tiago e João constrangeram sua mãe a pedir para eles um lugar especial no reino messiânico.

Não havia como resistir o chamado do Senhor. Mas havia como agasalhar no peito os próprios desejos. Afinal, até certo ponto, conforme entendiam, eram coincidentes!

Aqui está uma lição: hoje se faz o mesmo.

Do outro lado o Senhor adquirira nossa natureza para recuperar o que nosso pai Adão perdera ao deixar de obedecer incondicionalmente a Deus. Chegara a hora do cumprimento das promessas feitas a ele e da implementação total da aliança feita com Abraão: ser uma bênção para todas as nações.

A aliança com Abraão materializou-se aos poucos e tornou-se mais clara com os doze filhos de Jacó – os doze patriarcas – dos quais, descende o povo da aliança. Mas permaneceu restrita. Aliás, deveria permanecer, pois apenas dentro do seu contexto cultural e espiritual que a mensagem de Jesus seria entendida de fato uma “boa nova”.

Naquela cultura não deveria haver disputas sobre a autoridade ou sobre o significado dos oráculos de Deus, que os tempos e os usos tornaram tão relativos ao ponto de não se julgar o que é pecado pela Palavra de Deus, mas por um sentimento vago que encontramos expresso em frases como: “ah, mas eu não acho que isso seja pecado”.

Naturalmente Jesus esperava que os seus doze escolhidos, representassem para Igreja o que o doze filhos de Jacó representaram para Israel.

Entretanto, apesar da autoridade apostólica que lhes foi confiada - de ligarem na terra e o mesmo acontecer no céu, de reter ou perdoar pecados, de, com uma simples ordem, moverem montes, de serem o alicerce que, alinhados à pedra de esquina, suportariam a Igreja - eles cometeram erros, como os patriarcas também cometeram. Erros que não foram escondidos de nós para nosso próprio proveito.

A segunda lição: o que de bom eles vieram a realizar não foi por seus próprios méritos, mas pela graça de Deus.

Deus escolheu muitos para que, unidos à seu Filho pela cruz, constituíssem a Igreja e habitação de seu Espírito. Não os mais sábios, nem os mais influentes, tampouco os mais cultos ou mesmo os mais ricos, mas aqueles que ele quis: Nós.

Não desempenharemos o que quer que seja de bom, nem mesmo compreenderemos corretamente nossa missão, se não for por sua graça. A ele pois, toda glória em tudo o que somos ou em tudo o que viermos fazer.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Chuvas

Chuvas

Os Reformadores sempre recomendaram orações em favor de clima propício e estações bem definidas. Isso reflete o ensino bíblico geral de que tal equilíbrio é uma das bênçãos de Deus.

Você se lembra da promessa feita a Noé? “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8.22).

E da resposta a oração de Salomão? “Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ... se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2Cr 7.13e14).

Considere ainda a declaração do salmista: “O SENHOR preside aos dilúvios; como rei, o SENHOR presidirá para sempre” (Sl 29.10).

Pois bem: nesta semana muitos respiraram aliviados após uma autoridade garantir que não havia mais perigo de racionamento de eletricidade: “as represas atingiram o volume de segurança”.

Embora seu serviço é afeito ao uso de eletricidade, que foi seu destaque, esse caso banal nos mostra como e verdadeira a afirmação de que cidade “esconde Deus”. Explico melhor:

O agricultor vê a falta de chuvas como uma tragédia. Mas quem mora na cidade, a princípio, desfruta algumas vantagens, e, só depois de certo tempo, sente desconforto da seca. Como a matriz energética de nosso país é baseada na hidroeletricidade, o primeiro impacto chega por aí.

O que seria de uma cidade sem iluminação pública? Hospitais, sem eletricidade? Órgãos públicos, sem comunicações?

Resumindo: o homem do campo, tão logo fique sem chuvas, lembra-se de Deus. O homem da cidade demora mais a perceber sua falta.

Foi mais ou menos o que aconteceu com aquele homem rico da parábola do Senhor Jesus, que após grande produção, precisou construir celeiros maiores. E, devido a falsa ilusão de segurança, tranqüilizou sua alma dizendo: “tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12.19).

Assim, quem vive na cidade, precisa estar mais atento às bênçãos de Deus, pois o leite não é fabricado em caixinhas, nem o feijão em sacos.

Provavelmente você não tenha uma horta no quintal, onde cultive seu alimento, mas, entre você e o alimento, há necessidade de boas chuvas, tanto para encontrá-lo nas mercearias, quanto para que você receba seu salário - que, de uma forma ou de outra, depende das chuvas - e tenha capacidade de adquirir o alimento adequado a sua família.

Hoje, quando oramos pedindo a Deus um emprego, ou um salário melhor, estamos fazendo a mesma coisa que nossos antepassados faziam pedindo chuvas e estações propícias.

Hoje, quando separamos as primícias do nosso salário estamos fazendo a mesma coisa que nossos antepassados faziam ao levar à casa de Deus os primeiros frutos da colheita de seus campos.

É mais fácil ver a bênçãos de Deus no trabalho da terra do que em uma mesa de escritório. Mas, tenha certeza: elas estão lá também. E, por mais “artificial” que seja uma vida, mesmo em coma e mantida por aparelhos eletroeletrônicos, ela depende tanto de Deus, quanto quem vive no meio do mato.

“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36).

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O mundo e o amor ao mundo

Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo.
Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
porque tudo que há no mundo,
a concupiscência da carne,
a concupiscência dos olhos
e a soberba da vida,
não procede do Pai, mas procede do mundo.
Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
1João 2.15-17

Infiéis,
não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus?
Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Tiago 4.4

Como não amar o mundo nem as coisas que há nele, se, mesmo após o pecado, Deus o amou? Não foi o próprio João quem disse “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito ...”? Será que, neste texto, João está se referindo a outro mundo diferente do que somos proibidos amar?

De fato: o mundo que nós estamos proibidos de amar é o mundo que brota da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida. Não é o mundo criado por Deus e sim o mundo criado pelo homem. Aliás, pelo homem pecador.

Não é o mundo de realidades e de objetos que podem ser estudados e expressos pelas ciências e pelo engenho humano, pois este foi criado por Deus. Mas o mundo nascido dos desejos (concupiscência) e da vanglória (soberba).

Ao falar em concupiscência João a situa na carne e nos olhos. Dentre os muitos significados que a palavra traduzida por carne tem nas Escrituras (pelo menos 12), João aqui está usando o mais animal de todos os sentidos. O mesmo pode ser dito dos olhos: a cobiça.

Ao falar de soberba da vida, João mostra o quanto fugimos, ou pelo menos tentamos fugir, da dura realidade “com que Deus afligiu os filhos dos homens debaixo do sol”.

E nós sabemos bem do que João está falando. Ou nunca ouvimos o poeta? Ou nunca pensamos em algo parecido com esses versos?

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

O amor de Deus não está em quem ama a esse tipo de mundo, criado pelas suas próprias concupiscências e fantasias. Ou seja: Deus não tem prazer em tal pessoa, que como nos diz o salmista é “inimigo de fato”.

Como tornar isso mais claro? Não sei!

Entretanto é bom você começar a perscrutar seu próprio coração. E estes dias são muito oportunos para isso. Repare bem:

Há como não o cristão deixar de assumir uma posição bem clara na atual situação que vivemos?

Podemos amar um mundo que premia, dentre muitos animais enjaulados em uma casa eletrônica, o que demonstra ser mais concupiscente e soberbo? Podemos nos deleitar em uma multidão que grita “carne vale”? Podemos deixar de reprovar os adultos que não se envergonham dançar nem de levar suas crianças à “dança do créu”?