Você já deve ter reparado que esta série de artigos visa apenas abordar os chamados “Cinco Pontos do Calvinismo” de uma forma menos técnica. Espero estar conseguindo pois este é o último deles.
Porém, antes de falar dele vamos nos lembrar do que já vimos:
No primeiro artigo tentei mostrar como o pecado, apesar de nos parecer algo menor do que um crime, é tão odioso aos olhos de Deus, que custou-lhe a morte de seu Filho.
No segundo artigo espero que você tenha tido pelo menos um vislumbre de que a situação do homem sem Deus não pode ser pior: Além de espiritualmente morto ele está inerte. Depende totalmente de Deus. Está completamente abandonado à misericórdia de Deus. Seu estado é muito pior do que o de um bebê que está sendo parido, pois o bebê está vivo e de alguma forma contribui com seu nascimento, ainda que involuntariamente.
No terceiro texto espero ter deixado claro que o sacrifício de Jesus não foi feito apenas para criar uma possibilidade de salvação. Possibilidade esta que pode ser aceita ou rejeitada, pois se fosse assim todos a rejeitariam. Ou melhor: sequer tomariam conhecimento dela já que estão mortos em seus delitos e pecados, são por natureza filhos da Ira e inimigos de Deus.
Do quarto texto espero ter deixado claro que, ao toque salvífico do Senhor, não há outra opção para os mortos além de ressuscitar. Ou seja: ninguém resiste ao chamado gracioso do Senhor.
Hoje, considerando tudo isso, espero que fique claro que a obra que o Senhor realiza no pecador tem consequências eternas. O resgate é para sempre. No fundo é a recuperação do que nossos primeiros pais perderam no Éden.
Já mencionei as palavras de Jesus, mas não custa repeti-las: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.” (Jo 6.37) e “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” Jo 10.27-28). Percebeu? A obra de Jesus tem consequências eternas. Ele salva o pecador para vida eterna. E nem mesmo o pecador tem a possibilidade de alterar tal destino. A obra do Senhor é total e completa: Dentre os mortos, surpreendentemente, ele escolhe alguns e os ressuscita e os faz perseverar para a vida eterna.
Talvez a dificuldade maior em se aceitar esta doutrina, resida no fato de que, mesmo depois salvos, alguns caem em desgraça e passam a viver uma vida contrária a vontade de Deus. Mas não foi exatamente isso o que ocorreu ao Filho Pródigo? Acaso, longe de casa, depois de ter desfeiteado a seu pai, dissipado seus bens e chegado ao ponto de se alimentar da comida dos porcos, ele deixou de ser filho?
É claro que não podemos esquecer daqueles, a respeito dos quais, as Escrituras mesmo nos alertam: “são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato” (Jd 1.12) “para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre” (Jd 1.13). Foi a respeito de pessoas assim que o apóstolo João escreveu: “...saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19). Entretanto aquele que já é selado pelo Santo Espírito da Promessa, esse só tem um destino: a glória.
Não nos esqueçamos nunca de que ele persevera porque Deus é quem o sustenta. Se não fosse o Espírito Santo, ele sequer conseguiria chamar a Deus de Pai (com propriedade), pois continuaria morto em seus delitos e pecados.
Aleluia! Deus salva pecadores.