quarta-feira, 18 de julho de 2018

Uma nota oportuna


Este blog nasceu de uma necessidade: Em 2004 recebi de uma ovelha o boletim de uma Igreja Americana (na realidade de brasileiros que viviam nos EUA) com uma recomendação: “não deixe de ler o artigo, pois é muito bom e o pastor de lá se esforça muito para manter um bom nível teológico em seus escritos”. O texto era meu! Eu o havia publicado no boletim da Igreja que eu estava pastoreando então.

Minha indignação maior não era a falta de crédito, era ver o texto, cheio de erros de digitação, e sem dois parágrafos importantes para uma correta compreensão do assunto.

Minha primeira reação foi parar de escrever. Afinal, pensava eu, sabe-se lá onde esses boletins vão parar. Mas, graças a Deus, bons amigos me apontaram uma saída melhor. Nasceu assim este blog. Se alguém quisesse copiar que copiasse. Além de copiar sem erros (além dos meus próprios), eventualmente teria de explicar por que aquele texto já existia antes na internet.

Então de 2004 até 2014, todos os textos que escrevi para o boletim daquela e Igreja (e mais alguns outros que podiam ser interessantes) foram transcritos no blog.

Em 2015, ano que fiquei em Belo Horizonte, dando aulas no Seminário Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemus Eller, escrevi poucas coisas. O assunto das aulas era muito técnico e tomava muito tempo de preparo.

Em 2016 fui lecionar no Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição em São Paulo e este blog continuou de lado, pois além dos assuntos continuarem muito técnicos, apareceu a oportunidade de sistematizar alguns Estudos Bíblicos feitos durante meu pastorado e concluir diversos textos.

Um desses textos tornou-se o livro “O Escriba do Rei” e os Estudos Bíblicos, a que me referi, receberam o nome de “Quando for ler”.

Inicialmente, o “Quando for ler” deveria ser publicado em papel em um volume só com o título “Quando for ler a Bíblia”, mas não encontrei nenhuma editora interessada nele e uma auto publicação estava fora de cogitação, pois além de não ter o dinheiro suficiente para pagá-la, eu acabaria dando todos os exemplares: nunca fui bom vendedor. Decidi então publicá-la em mídia eletrônica, pois além de ser muito mais barato (já que não exige papel, transporte, estoque, distribuição, loja, vendedor, etc.) era muito mais prático para se publicar e se ler: pode ser lido em computador, tablete, ou num simples celular.

Infelizmente, por motivos técnicos, tive de publicá-los em uma série: Pentateuco, Livros Históricos e Livros Poéticos. Breve publicarei Livros Proféticos, completando o Antigo Testamento, e no segundo semestre de 2018 publicarei o Novo Testamento.

Quanto ao “Escriba do rei” a história é um pouco diferente: Ao estudar a história dos Reis de Israel, se percebe que os relatos do Livro dos Reis e das Crônicas, discordam em pequenos pontos. Não comprometem o assunto básico, mas deixam um leitor atento meio desconcertado. Fica mais complicado no caso de alguns Reis. Como o Rei Ezequias, que além dos relatos das Crônicas do Livro de Reis, recebe um relato adicional do Profeta Isaías e é mencionado no Livro dos Provérbios de Salomão.

Como conciliar esses relatos? Como entender que o mesmo Ezequias, que mantinha escribas recuperando o texto do Livro dos Provérbios, precisou raspar o ouro da porta do Templo para pagar tributo aos assírios e pouco tempo depois é repreendido por Isaías por ter mostrado seu vasto tesouro aos emissários do Rei da Babilônia?

Resolvi escrever então um texto ficcional: Um dos escribas de Ezquias sai escondido de Jerusalém, que estava sitiada pelos Assírios e vai por um caminho “menos usual” à Tiro buscar um saldo de ouro que Salomão deixará lá por ocasião da construção do Templo.

Isto não deve ter acontecido, mas me dá uma possível explicação para o surgimento do ouro e me proporciona falar sobre Jerusalém, sobre a geografia da Israel e sobre Tiro (importante entreposto comercial de então e centro da mais perversa idolatria sexual que sempre perturbou Israel. Lembre-se de que foi de lá que veio Jezabel).

Foram 20 anos de pesquisa. Li tudo o que encontrei sobre vestimentas, remédios, comidas, etiqueta, guerra, armas, comércio, etc. Mas... daquela época!

Coloquei, como um dos personagens da história, um adolescente para fazer as perguntas que julguei necessárias ao enredo que situei entre poucos dias antes da cura miraculosa do Rei Ezequias, pelo Profeta Isaías (lembra-se da pasta de figos?) e poucos dias depois da morte do exército assírio que sitiava Jerusalém.

Procurei escrever usando frases curtas, períodos curtos, ações visuais e ligeiras de modo a facilitar ao máximo a leitura de um texto que, pode ser complicado para alguns menos familiarizados.

Espero que a leitura do texto lhe traga tanto prazer quanto prazerosa foi para mim sua escrita.