sábado, 31 de dezembro de 2011

O cristão e o tempo

Portanto, vede prudentemente
como andais,
não como néscios,
e sim como sábios,
remindo o tempo,
porque os dias são maus.
(Ef 5.15-16)

Na parte final de sua carta aos Efésios, o Apóstolo Paulo surpreende o leitor atento com uma série de afirmações a respeito do tempo. Como estamos vivendo um período significativo vale a pena meditar nelas.

Primeiro quero destacar que essas afirmações estão ao lado de outras dez, cuja importância dificilmente se questionaria face à quantidade de vezes que as Sagradas Escrituras as repetem direta ou indiretamente. Veja:

1ª) deixando a mentira, fale cada um a verdade... 2ª) Não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo. 3ª) Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe... 3ª) Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. 4ª) Não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. 5ª) Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. 6ª) Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou. 7ª) Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados. 8ª) Mas a impudicícia e toda sorte de impurezas ou cobiça nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe, nem palavras vãs ou chocarrices (gracejos atrevidos).

E então nosso texto: Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.

A 9ª) Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor, e finalmente, a 10ª) Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito.

Você observou em que nível de consideração devemos ter o aproveitamento do tempo? Compare com as outras dez obrigações. Especialmente com o texto, tão repetido em nossos dias, “enchei-vos do Espírito Santo”. Eles fazem parte da mesma lista de obrigações.

Porém, considere as outras razões que estão no próprio versículo: Remir o tempo é sinal de sabedoria e não fazê-lo é prova de necedade, ou seja: de comportamento próprio de pessoa néscia. Remir o tempo é uma obrigação face a má qualidade dos dias em que vivemos.

É claro que o sentido de remir obrigatoriamente deve ser limitado ao tempo futuro, pois não podemos recuperar o tempo que desperdiçamos. Não podemos remir o tempo perdido como nos tempos bíblicos se remia (comprava) um escravo. O que podemos fazer é usar melhor o tempo que a cada instante se torna presente de modo a compensar o desperdício do tempo que passou.

Mas, voltando a qualidade... O Apóstolo declara taxativamente que os dias são maus. Porém, há quem diga que cada geração reclama de seus dias como piores do que os dias de seus pais e certamente as gerações futuras dirão o mesmo, por saudade da simplicidade da infância ou receio diante do futuro cada vez mais complexo.

Entretanto, esta não é a cosmovisão cristã. As Sagradas Escrituras declaram que os dias ficarão cada vez piores, por diversos motivos dentre os quais a perversidade do homem. A Igreja é alertada sobre um período que antecede a volta do Senhor chamado de Apostasia e o próprio Senhor a adverte sobre um tempo de tribulação.

Além da situação geral, é necessário considerar a situação pessoal: o Senhor Jesus, ensinando como lidar com os cuidados do amanhã foi claro: “o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.34). Obviamente, o mal que caracteriza o amanhã a que Jesus se refere são os cuidados lícitos (preocupação com o que comer, beber e com o que vestir) que, no entanto, desviam o discípulo de sua missão principal: O Reino de Deus e sua Justiça.

Porém, o que caracteriza como maus os dias a que Paulo se refere é a fascinação a que o cristão está sujeito: desperdiçar o precioso tempo de que dispõe em coisas que não contribuem para sua santificação.

Estamos entrando em 2012 - como já fizemos em tantos outros anos: tantos quanto vivemos - e virão outros 366 dias carregados de horas e minutos, que poderão ser remidos por nós para glória de nosso Senhor, ou deixadas ao léu.

Cumpramos a ordem de Paulo e prestemos boas contas desse tempo a Deus, pois o tempo que já perdemos não volta mais.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal globalizado

Os efeitos da chamada globalização foram tantos, que, de vez em quando, ainda aparece algum.

Hoje um investidor do mercado de capitais se assusta com um espirro financeiro de qualquer pequeno país que faça parte da rede financeira mundial..

Mas, se esses efeitos são tão claros na economia, por que se fala tão pouco deles na religião? Pra mim eles são mais claros na religião. Veja a Festa de Natal como exemplo: países não cristãos, que usam outro calendário, comemoram o Natal:

Israel recebe turistas com o cumprimento Mo’adim Lesimkha (Feliz Natal) e as comunidades judaicas no mundo tiveram de reavivar a celebração da Chanukah para que seus filhos não ficassem fascinados pela festa cristã.

Na Índia os enfeites das casas dos poucos cristãos se multiplicam nos shoppings, e a maioria das empresas com filiais ou sedes no ocidente dão folga, e até bônus, a seus funcionários, o que engrossa o comércio nas feiras livres.

A China, embora tão fechada ao ocidente, se vê obrigada a trabalhar mais para atender a demanda das “lembrancinhas de natal” aumentando os míseros Yuans dos trabalhadores.

No Japão, xintoísta e budista, porém muito mais ocidentalizado, é praxe se cumprimentar com “Meri Kurisumasu” (equivalente Merry Christmas) e a troca de presentes já é tradicional entre amigos.

Quanto aos países árabes veja um pedaço de uma matéria da BBC de 2005:

Apesar da profunda ligação do Egito com a história do nascimento de Jesus Cristo – José e Maria fugiram para o país para escapar de Herodes – o Natal não tem raízes profundas num país em que quase 94% da população é muçulmana.

Os cristãos coptas – uma das mais tradicionais denominações do cristianismo – comemoram o Natal, mas com um simbolismo diferente do ocidental e seguindo o antigo calendário ortodoxo, que coloca a festa no dia 7 de janeiro. [...] Em outros países árabes menos abertos ao Ocidente, a comemoração do Natal não é tão ostensiva, mas o Egito costuma ser mais receptivo a estas influências.

Relatos na imprensa internacional indicam que Cristãos estão tendo mais liberdade para comemorar o Natal em diversos países muçulmanos do Golfo, com a exceção da Arábia Saudita, onde “práticas não-islâmicas” podem ser duramente punidas.

Em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o governo relaxou recentemente as regras a respeito de celebrações religiosas que não sejam muçulmanas e autorizou a inédita apresentação, na rua, de uma peça teatral sobre o nascimento de Cristo.

O Líbano também tem comemorações devido a presença de uma grande população cristã.

De modo geral os países árabes são os que mais restringem as comemorações natalinas.

Temos de admitir que o pouco conteúdo religioso desses festejos é fortemente maculado por superstição e mito. Entretanto, você há de concordar comigo, que mais uma vez o mundo está sendo avisado da vinda de Jesus.

A Palavra de Deus diz que os homens são indesculpáveis perante Deus: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Rm 1.20).

Diz também que a “Grande Comissão” já foi cumprida: 1) “E eles [os apóstolos], tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam” (Mc 16.20). 2) “...não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro” (Cl 1.23).

Cabe-nos mantê-la cumprida!

Pessoalmente creio que não estamos dando conta. Quem sabe, em sua grande misericórdia a festa do Natal, mesmo desvirtuada (como o sermão de Jonas) não seja mais um modo de ainda dizer ao mundo que Jesus se fez um de nós?

sábado, 17 de dezembro de 2011

Vá reclamar com a FIFA

Embora Cesar nunca tenha sido muito cortês comigo, desde pequeno fui instruído a dar a ele o que é dele com a mesma disposição que dou a Deus o que é de Deus.

Depois de chefe de família e com a obrigação de fechar as contas do mês, muitas vezes fui tentado a sonegar, pelo menos um pouquinho, daquilo que Cesar impiedosamente arrancava de meu bolso e da manutenção de minha família.

Duas vezes, de modo muito particular, odiei a Cesar com todas as forças de minha alma. A primeira quando viajava com minha família e, em menos de 100km tive de trocar os quatro pneus do carro que foram rasgados em buracos na rodovia. Isso aconteceu uma semana após eu ter pago o IPVA! A segunda vez não vale a pena contar.

Entretanto, sempre acreditei, e ainda acredito, que não há autoridade que não seja constituída por Deus. Mesmo as más e corruptas. Afinal quando o Apóstolo Paulo escreveu isto o Cæsar Romano era o infame Nero.

Sempre acreditei que todos os governos brasileiros trabalharam visando, de um modo ou de outro, o bem do povo brasileiro. A Constituição outorgada pelos militares começava dizendo: Art. 1 §1º - Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. A “Constituição Cidadã”, promulgada pelo nosso congresso em 1988, em vigência, diz em seu Art. 1 §único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

É um novo tipo de governo. Não é mais um Cæsar que se impõe, como na Roma antiga, ou um como se vislumbra nas entrelinhas da Constituição de 1969, mas um Cesar que é eleito pelo povo e que até admite a possibilidade do próprio povo, nos termos da Constituição, exercer o governo diretamente. E isso aconteceu nos últimos dias: A Lei da Ficha Limpa.

Não vou entrar no mérito dela (se ela satisfaz as exigências da Constituição ou não), sou incompetente para tanto. Mas sei dizer que ela nasceu do desgosto acumulado com a má qualidade dos Césares eleitos. Antes de elegerem-se prometiam tudo para seus eleitores, depois de eleitos faziam tudo para si próprios. Daí a tal lei popular, prevista na Constituição de 1988. Porém, nem mesmo assim, se conseguiu mudar esse dispositivo legal, apesar da gigantesca mobilização: ela já foi fatiada e a fatia que sobrou está moribunda.

As mudanças de leis em nosso país acontecem historicamente em três casos.

1º - Golpes militares: o de 1964 não foi o único. Houve o de Getúlio e há quem diga que a proclamação da República, se não foi um golpe, foi muito parecido com um.

2º - Pressões religiosas da Igreja de Roma: Dentre muitas destaco apenas duas. A construção do monumento do Cristo Redentor, contra o qual protestamos através de nosso Supremo Concílio, e o estabelecimento do Feriado de Nossa Senhora Aparecida pelo Presidente João Figueiredo, que provocou protesto de toda comunidade evangélica de então. Desse poder religioso sobre o estado, que se define como laico, foi que nasceu a expressão “vá reclamar com o bispo”.

3º - Pressões econômicas (parece ser a mais corriqueira): Além das que não aparecem, estamos debaixo de uma verdadeiramente acintosa: As leis brasileiras proíbem os torcedores de entrarem com bebidas alcoólicas nos estádios. Entretanto a FIFA - organização internacional - que organiza a Copa do Mundo, e é patrocinada por fabricantes de bebidas alcoólicas, está pressionando nosso congresso para que mude esta lei.

Se nosso congresso mudá-la por pressão da FIFA - não tendo mudado o ingresso de políticos com “ficha suja”, mesmo sabendo qual é a opinião dos brasileiros - não seria o caso de criarmos novo ditado: Vá reclamar com a FIFA?

Ou será que a FIFA é um novo modo de sensibilizarmos nossos Césares? Dia desses um que está lutando a favor dela declarou: “o álcool não é o problema, cada um é que deve ser responsável.” Não é esse o argumento que nós, os protestantes, usamos?

Nunca vi um jogo de futebol em um estádio, mas sei que a multidão se descontrola até mesmo sem álcool. Entretanto, o álcool potencializa em muito.

Portanto, sou a favor da proibição brasileira e deploro que uma organização estrangeira consiga fazer o que milhões de brasileiros não conseguiram: alterar a vontade de nossos césares.

Que Deus nos dê forças para tolerar esse tipo de césar (com minúsculas mesmo) que não são melhores do que aquele que levou o Apóstolo Paulo à morte.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pingando os Is

Todos sabemos que as palavras sofrem alterações de sentido no decorrer do tempo e não adianta querer consertar.

Até alguns anos atrás formidável era principalmente algo que inspirava temor por sua forma grande ou terrível. Hoje dizemos que alguma coisa é formidável se a considerarmos boa. Até um sorvete, pode ser formidável. A palavra sofreu uma alteração de significação ou alteração semântica.

Mas há outros tipos de alterações: os sentidos amplos ou simplesmente o uso inadequado.

Vulgarmente chama-se milagre a qualquer acontecimento que não se possa explicar por “meios naturais”.

Um amigo que chegou atrasado no aeroporto e perdeu o avião, me disse ter sido salvo por um milagre, pois aquela aeronave caiu. Outro também chamou de milagre ter entrado na sala no momento em que seu filho estava para enfiar a chave na tomada. E ainda outro me disse o mesmo, quando soube que o médico que estava de plantão na noite em que sua esposa foi internada na emergência era especialista no mal que ela sofria.

Nada disso deveria ser chamado de milagre e sim atos da providência divina. Estes casos são exemplos más aplicações do termo.

Um milagre é algo que decorre de uma ordem de um enviado de Deus e visa estabelecer claramente que Deus é Senhor, ou credenciar sua mensagem ou seu mensageiro, e é algo tão extraordinário que não deixa dúvidas sobre seu acontecimento, nem é feito pela metade.

Só pode ser chamado de milagre se for ordenado em nome do SENHOR, acontecer em sua totalidade.

Pra ser mais explícito: Um dente precisa voltar a ser dente e não virar “dente dourado”. Um cego de nascença deve passar a ver sem óculos. Um surdo mudo deve começar a ouvir e falar perfeitamente (sem passar por uma clínica de fonoaudiologia). Um aleijado tem de começar a andar sem reabilitação fisioterápica. Etc.

Se acontecem milagres hoje, discorrerei outro dia.

Outro i que deve ser pingado é a diferença entre inspiração e iluminação.

Hoje costumamos dizer que fulano estava inspirado quando escreveu uma música, pintou um quadro, e até quando um sermão fala ao coração.

Entretanto, a teologia reserva o termo Inspiração para descrever o que o Espírito Santo fez quando transmitiu sua Palavra aos escritores da Bíblia, e chama de Iluminação tudo o que se produz debaixo da orientação das Sagradas Escrituras.

Picuinha! Diria alguém. De forma alguma. Dizer que determinado hino ou cântico foi inspirado e dizer que a Bíblia é inspirada, é, no mínimo, semear confusão. E, creia-me: Há que pense que alguns hinos, cânticos ou sermões, complementam os ensinos bíblicos.

Devemos usar as palavras com mais cuidado. Quando precisarmos explicar o que queríamos dizer com determinada palavra é melhor não usá-la.

Não precisamos ter vocabulário erudito, mas não devemos cair na vala comum de repetir as palavras que servem pra tudo e não dizem nada. Pois é. Né? Falou! Falou e disse! Massa!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Confissões

Nada há encoberto
que não venha a ser revelado;
e oculto
que não venha a ser conhecido.
Porque tudo o que dissestes
às escuras
será ouvido
em plena luz;
e o que dissestes
aos ouvidos no interior da casa
será proclamado
dos eirados.
(Lucas 12.2-3).

A advertência de nosso Senhor e Mestre é sempre atual e cada dia se comprova aos nossos olhos através das mentiras descobertas pela mídia.

Nestas últimas semanas ouvi diversas vezes este texto ser repetido diante da declaração de nossos políticos de que não fizeram o que lhes era imputado, para no dia seguinte aparecer uma mostrando o contrário.

Embora, lato sensu, se possa compreender assim, esse texto não foi dito com esse propósito.

Mateus registra dentro do contexto da escolha dos doze apóstolos, seguindo estes acontecimentos: A escolha é feita, Jesus lhes instrui e admoesta sobre as dificuldades que enfrentarão e os estimula dando a si mesmo como exemplo. Então declara que tudo que eles falarem em segredo se tornará publico.

O contexto de Lucas é bem diferente. Os fariseus acusam Jesus de ser o chefe dos demônios. Jesus os repreende, fala da estratégia dos demônios, acalma uma mulher impressionada com sua resposta, desilude quem espera por sinais, conta a Parábola da Candeia, censura duramente os fariseus e impreca contra os intérpretes da lei. Passa então a ser arguido, pelos escribas e fariseus, com tal veemência que eles mesmos se confundem. Jesus, vendo a confusão, ensina a seus discípulos o que foi transcrito acima.

A existência de dois contextos não implica numa contradição. Simplesmente indica que o Senhor o disse mais de uma vez.

A lição principal que o Senhor nos dá é de que não adianta esconder quem somos ou o que pensamos. Cedo ou tarde isso se tornará público.

Porém, convém salientar que este texto é dirigido, primeiro aos seus apóstolos e depois estendido a seus discípulos e quando ele o estendeu aos discípulos, estabeleceu uma contrapartida impressionante, que está na sequencia: “Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus” (Lc 12.8-9).

Somos sal e luz, e a única coisa comum entre o sal e a luz é influenciar o meio em que estão sem ser influenciados por ele. É da natureza deles. Não precisam se esforçar para isso, nem podem deixar de fazê-lo. O discípulo de Cristo espontaneamente o confessa pois não pode deixar de fazê-lo e isso nunca fica encoberto. Aliás, quando essa confissão for exigida diante de inimigos, terá assistência do Espírito Santo até na escolha das palavras.

Porém, o que mais deve alegrar o coração do Cristão é que tal confissão é repetida por Jesus diante do Pai.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O desejado das nações

Cresci sabendo que Ageu 2.7 (...e virá o Desejado de todas as nações...), na Edição Corrigida, era uma referência a Jesus Cristo. Mas, cedo, no Seminário, aprendi que o profeta Ageu não poderia estar se referindo a ele pelo simples fato de que, em hebraico, a palavra que é traduzida por Desejado é feminina. Seria como dizer: virá a desejada das nações!

A Edição Revista e Atualizada captou melhor o sentido à luz do contexto total do livro: “... as coisas preciosas de todas as nações virão”.

A ideia de que Ageu se referiu a Jesus foi fortalecida pela Sr.ª E. G. White, que escreveu um livro com o mesmo nome. E até hoje, recebo cartas de presbiterianos me saudando na despedida com “...no Desejado das Nações”, Fulano de Tal.

Esta longa introdução destina-se a chamar sua atenção para o que as nações desejam. De início sei que escrever sobre isto é quase supérfluo, pois haverá tantos desejos quanto forem as pessoas, ou, no mínimo, os grupos de interesse dentro de uma nação.

Quando Israel escolheu seu primeiro rei, Deus os avisou, através de Samuel, que o rei teria direito sobre o trabalho do povo, sobre o recrutamento de soldados, sobre o produto dos campos e direito de impor tributos! Ou seja o Estado teria prioridade sobre a economia.

De modo geral, continuou assim até alguns séculos atrás. Mesmo entre os povos em que o governante era escolhido por acordos familiares, ou imposto pela força. A economia e sua prosperidade (aquilo a que parece que o profeta Ageu se refere), estava a serviço do Estado, particularmente do governante.

Isso mudou. Hoje o Estado está a serviço da economia.

Não sei precisar quando mudou, mas é fácil observar que as ideologias possuem um peso cada vez menor nas decisões de governo sejam locais ou internacionais. Aliás, já vi quem desdenhasse delas como se fossem uma doença a ser extirpada da humanidade.

Hoje vivemos em uma época em que a democracia é mostrada como o remédio para todos os males e curiosamente ela baseia-se em uma ideologia: a de que o povo tem o direito de reger-se a si próprio (ou diretamente como acontecia na Grécia antiga, ou representativamente como em Roma).

Para deixar claro meu raciocínio é importante registrar que a democracia não teve origem em Moisés, mas nos gregos.

Então, como entender por que razão, quando o último governante grego resolveu consultar seu povo, como faziam antigamente, a respeito de como pagar a dívida de seu país, viu-se imediatamente obrigado a dar lugar a outro, mais afinado com os credores internacionais? Ou seja: A economia domina de fato a mais decantada ideologia humana em nome da qual se invade outros países e em nome da qual se tenta construir um Órgão de Representação Mundial.

O que as nações desejam é o bem estar econômico. Mas nossa ingenuidade cristã é tão impressionante que até pouco tempo atrás cantávamos “Queremos luz! É o grito das nações pagãs, que vem atravessando o imenso mar”!

Nunca nos esqueçamos disso: As nações anseiam por prosperidade e bem estar. Mas “nós pregamos a Cristo e esse crucificado”. Quem sabe, com isso em mente, seríamos mais sábios em nossos esforços missionários.

sábado, 19 de novembro de 2011

Pecadores adorando a Deus

Nesses últimos textos procurei mostrar o pecado em suas diversas facetas, e, se você leu todos, viu que são apenas referências direta aos Dez Mandamentos. Entretanto, não os encarei como dez pecados diferentes e sim como um só: a desobediência a Deus, manifestando-se sob dez formas diferentes.

Além das dez diferenças óbvias há outras. Porém, para nosso proveito é importante lembrar que eles se agrupam em seis manifestações que ofendem também ao próximo e quatro ofendem apenas a Deus.

Analisei essas quatro manifestações do pecado que ofendem apenas a Deus sob o título de “Verdadeira Adoração” pela simples razão de que o único objetivo delas é este: Ser agradável a Deus, enquanto as demais tem por objetivo também, preservar a vida, a honra, o bem estar de nosso próximo. A verdade, os bons relacionamentos, o equilíbrio social, econômico e político, etc.

Os quatro só levam em conta o modo como você comparece diante de Deus, respeita sua imagem, respeita seu Nome e reserva tempo para desfrutar de sua presença. Elas são o cerne do culto verdadeiro.

Achar-se adorador por ser um bom cantor, por ter passado o dia cantando ou por ter ajuntado uma multidão a cantar, sem ter observado qualquer um dos Dez mandamentos (ou ter desrespeitado um só deles), especialmente os quatro que dizem respeito a Deus, não passa de blasfêmia.

Adorar a Deus é fazer sua vontade. Cantar é consequência.

Então alguém dirá: - ninguém pode ser um verdadeiro adorador pois ninguém cumpre perfeitamente os Dez Mandamentos.

- Só pode ser um verdadeiro adorador aquele que já cumpriu os Dez mandamentos através de Jesus, pois somente ele os cumpriu plenamente.

- Então, se eu estou em Cristo que cumpriu pra mim de modo perfeito os 10 mandamentos posso e devo cantar de tal modo que todo mundo (desde os vizinhos até o inferno) saiba disso.

Duas perguntas: 1ª) Você quer avisar aos vizinhos ou louvar a Deus? (o inferno não está interessado). 2ª) Você sabe como é que Deus quer ser adorado? Geralmente se responde “com louvores”. Mas, à luz dos quatro mandamentos, será que é só com isso?

Nós nos comportamos como crianças desobedientes e voluntariosas que insistem a trazer garatujas coloridas para os pais e perguntar se estão bonitas.

É claro que, por amor, nossos pais respondem que estão bonitas, porém eles ficariam mais alegres se arrumássemos nossa cama sem que eles mandassem, escovássemos nossos dentes espontaneamente, comêssemos as verduras sem reclamar. Enfim, fôssemos filhos mais cordatos e prontos a obedecer sem murmurações. Jamais alguém faria garatuja ou pintura mais bonita do que isso.

Percebeu? Os cânticos são, diante de Deus, como um gesto de carinho a mais com que o filho agrada seus pais, os quais se deleitam em vê-lo fazer a vontade deles.

Você acha que Jesus assumiu nossa natureza e sofreu por nós apenas para formar um conjunto musical? Ele nos redimiu para vivermos de modo digno dele, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus, e eventualmente cantar.

sábado, 12 de novembro de 2011

A verdadeira adoração (parte 4)

Lembra-te do sétimo dia para o santificar

Neste último aspecto do pecado, que ao cometermos ofendemos apenas a Deus, há muito o que considerar, uma vez que outras religiões também fazem o mesmo e, como regra geral, esse dia transformou-se em dia de lazer. Pior: sem querer, o chamamos de inútil, ao nos referirmos aos outros como dias úteis.

Primeiro: Considere o quão estranho deveria ser naquele tempo um povo que não trabalhava um dia inteiro a cada sete. E fazia isso com hora de começar e de terminar, considerando tal comportamento como parte de sua adoração a um Deus que não se via, do qual não havia imagem, ou sequer se pronunciava o nome. Como deveria soar estranho aos povos vizinhos!

Segundo: Embora os demais povos possuíssem dias regularmente consagrados a adoração de seus deuses, nenhum deles tinha o caráter primário de descanso. Por vezes um dia, ou mais, era dedicado a um festival, porém a preocupação com o descanso, com a meditação na revelação recebida de Deus, ou como viver conforme seu querer, era peculiaridade do Povo de Deus.

Terceiro: A ordem completa é mais abrangente: “Lembra-te do sétimo dia, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o descanso do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o sétimo dia e o santificou” (Ex 20.8-11).

A ordem de santificar o dia do descanso torna quem a recebe responsável por: 1) Trabalhar nos seis outros dias. 2) Não trabalhar no sétimo à exemplo do que fez o Criador. 3) Não permitir que outros trabalhem também: seus filhos, seus servos, seus animais e seus hóspedes, mesmo que de outra cultura ou religião, como se fosse uma condição de hospedagem. Isso era grandemente inusitado para a época.

Quarto: Além de abrangente a ordem é surpreendentemente recessiva. Ela manda organizar o tempo e as atividades! lembrar-se. Em outras palavras: organizar a vida de tal modo que tudo o que tiver de fazer seja feito nos seis dias precedentes, para que no sétimo haja um repouso verdadeiro.

Qual é objetivo disso? Poderíamos dizer que era o bem estar do povo, mas creio que isso era apenas consequência.

No Livro do Êxodo, a razão alegada é a criação: Deus fez tudo em seis dia e descansou no sétimo. Devemos fazer como ele, pois ele abençoou o dia de descanso. Descansemos com ele. Já no Livro do Deuteronômio a razão alegada é: “... te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o sétimo dia” (Dt 5.15).

Em ambos os casos o que o Senhor nos oferece é sua companhia. Primeiro, como Criador maior de todas as coisas que descansa, o qual devemos imitar. Segundo como Redentor supremo a quem devemos ser gratos e procurar desfrutar de sua companhia mais intimamente possível.

O Dia do Descanso, portanto, não é o dia do lazer, mas o Dia do Senhor. É o dia em que descansamos nele de todas as nossas obras e o louvamos por nossa redenção.

sábado, 5 de novembro de 2011

A verdadeira adoração (parte 3)

Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão

No texto de introdução a estes quatro aspectos do pecado que ofendem tão somente a Deus, observei que esta proibição foi dada numa época em que a prática da magia pelo uso dos nomes era algo comum. Naqueles dias cria-se que conhecer o nome de alguém era o mesmo que adquirir poderes sobre aquela pessoa.

Há registros de que os sacerdotes de Israel se viram obrigados, durante o ofício, a pronunciar o tetragrama sagrado em voz mais baixa do que as demais palavras, pois alguns queriam aprender sua pronúncia correta com o fim de usá-lo em ritos mágicos. Não me admiraria se fosse verdade à luz da frase dos exorcistas ambulantes de Éfeso: “Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega” (At 19.13).

Há alguns anos atrás um empresário desesperado me procurou querendo oração, pois tinha certeza de que um concorrente tinha “costurado seu nome na boca de um sapo”, o que me lembrou de uma senhora que trazia sempre um papelzinho com o versículo 7 do Salmo 91 sobre seu coração (Caiam mil ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido) para evitar eventuais balas perdidas.

No Boletim de 2 de abril deste ano descrevi minha visita a alguém hospitalizado que dispôs as almofadas de sua cama de tal modo que uma Bíblia aberta no Salmo 91, (onde estão escrito os principais nomes pelos quais Deus é conhecido no Antigo Testamento), ficava sempre virada para ele, em um processo, que, segundo ele, o possibilitava “repousar à sombra do Onipotente”.

Eu poderia escrever várias páginas de casos curiosos em que o nome de Deus certamente estaria sendo tomado em vão e este mandamento estaria sendo quebrado, atestando assim as palavras do sábio de que “não há nada de novo debaixo do sol”. Nem pecados.

O Povo de Deus da Nova aliança recebeu uma missão clara e específica na qual a facilidade para se cometer esse pecado é enorme: Ir pelo mundo inteiro e pregar o Evangelho.

Ao pregar o Evangelho deveríamos dizer apenas: o SENHOR já não tem mais nada contra você, pois suas culpas foram pagas por Jesus. Arrependa-se e creia! Mesmo que fosse a pessoas de uma cultura que nada conhecesse do SENHOR ou de Jesus e muito menos tivesse noção dos débitos diante de Deus.

Lembre-se que Paulo no Areópago, frente a pessoas ávidas em conhecer que novos deuses ele apresentava, após introduzir sua mensagem, já lhes falou de como Deus não precisa deles, de como Deus fixou-lhes os tempos determinados, e estabeleceu o modo como deveriam encontrarem-se com ele, a saber: Jesus. E concluiu conclamando a arrependerem-se daquelas coisas vãs e esperarem em Jesus a quem Deus ressuscitou, pois criam que ele anunciava um casal de deuses: Iesous (Jesus) e Anastasis (ressurreição).

Entretanto o Evangelho tem sido anunciado hoje como produto e Deus tem sido comercializado como um mercadoria vil. Isso é a pior forma de tomar seu nome em vão.

A pretexto de tornar essa mensagem mais agradável a ímpios, veicula-se nos meios que mais delicia a impiedade: as artes. E as artes em vez de serem usadas para o louvor de Deus (seu verdadeiro papel) são usadas como instrumento aliciador, proselitista e vendedor. Novamente o mandamento é quebrado.

Será que conseguiremos viver sem quebrar esse mandamento? Graças a Deus que em Cristo temos vitória, pois somente com ele podemos dizer “Santificado seja o teu nome”.

domingo, 30 de outubro de 2011

A verdadeira adoração (parte 2)

Não farás para ti imagens de escultura.

Este é também um aspecto sutilíssimo do pecado com que ofendemos apenas a Deus e, apesar de proibição tão clara, a interpretação dela tem causado muita confusão entre os cristãos. Vejamos primeiro as confusões e depois o pecado em si.

Primeira confusão: Ao pé da letra o que está proibido é fazer qualquer representação em três dimensões. Veja o texto todo: “Não farás para ti imagens de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto” (Ex 20.4-5).

O que é traduzido por “imagens de escultura” levou alguns a pensar que podiam fazer pinturas (bidimensionais). Esta é a origem dos ícones da Igreja Ortodoxa, que são tão venerados e adorados quanto os demais ídolos esculpidos da Igreja de Roma.

Segunda confusão: Outros, em reação oposta, enxergaram proibição até de fotografias para documentos, uma vez que a foto não deixa de ser uma imagem, e buscaram isolamento total em colônias cada vez mais afastadas do modo de vida moderno, como alguns Menonitas radicais (dos quais um grupo mais radical ainda, chamado Amish, ficou famoso retratado em um filme de sucesso).

Na realidade, o que está sendo proibido é a invenção de um culto segundo nosso entender ou nosso gosto.

O que há de mais óbvio no homem é se valer de seus sentidos para aferir como cultuar aquilo que ele imagina ser deus. Ele chega ao ponto de dizer que não gostou do culto, que disse ter dedicado à divindade, como se o culto tivesse sido dedicado a ele mesmo.

Um exame cuidadoso da proibição que estamos estudando revela que o verdadeiro Deus não quer ser cultuado de outra maneira que não seja a que foi estabelecida por ele mesmo. E nesse caso não prevê qualquer suporte sensorial para o adorador. Como Deus soberano ele tem todo direito de exigir.

Não nos enganemos: quando o homem toma para si a autoridade de definir a forma de cultuar a Deus o resultado será algo conforme sua própria imaginação, ou pior: conforme seu coração pecaminoso. Não é isso o que ocorre quando ele cultua os que se dizem deuses?

A substituição do suporte sensorial pela fé é o que há de comum com todas as demais exigências que o verdadeiro Deus faz a respeito de como devemos cultuá-lo, seja na antiguidade, seja depois do sacrifício de Jesus.

Ao abolir nossa possibilidade de ver qualquer forma, de apalpar qualquer objeto ou de associar qualquer ideia de glorificação da criatura, querendo assim atribuir, por extensão, glória ao Criador - o que no fundo é a mais crassa idolatria - o SENHOR está estabelecendo um princípio: sua adoração deve ser espiritual, como Jesus explicitou.

Deus sabe o quanto eu amo a arte na maioria de suas expressões. Não em todas. Mas na maioria delas. Gosto muito da música de Bach, que era um cristão fervorosíssimo. Aprecio a pintura de Rembrandt, que, mesmo não tendo a estatura espiritual de Bach, procurava louvar a Deus com sua destreza. Mas me entristeço com os pecados que são cometidos em nome da arte. Fico mais triste ainda quando vejo irmãos louvarem tais pecados. Por exemplo: os que foram estampados por Michelangelo na Capela Sistina. Além de ter representado o SENHOR, desobedecendo acintosamente esse mandamento, o fez à custa do mercado de indulgências contra as quais os reformadores tanto lutaram.

O pecado é tão sutil que muitas vezes dizemos: Mas é apenas arte!

Sutilíssimo! Os concílios legislaram: Tem funções didáticas.

Mas não deixa de ser pecado.

sábado, 22 de outubro de 2011

A verdadeira adoração (parte 1)

"não terás outros deuses diante de mim"

Quando fiz o mestrado em Teologia Sistemática um de meus professores, o Dr. Fred Klooster, já na glória com o Senhor, contou uma história, que, por abordar as principais formas de se ter outros deuses diante do verdadeiro Deus, vou repeti-la sucintamente.

Ele estava lecionando em um país da Ásia e diariamente um carro o levava do hotel ao seminário. No dia em que o carro atrasou-se ele percebeu que ao lado do hotel havia uma fábrica de ídolos (a maior de todas, ficou sabendo depois, exportadora para todas as ilhas da Polinésia) na qual um grande número de deuses eram industrializados e outros feitos sob encomenda.

Conheceu o gerente e viu desde o trabalho dos artesãos até o processo industrial. Tentou fazer um censo das divindades lá produzidas - tão grande era o número delas - quem sabe, pensava ele, poderia usar tal informação em suas aulas.

Muitos deuses que eram feitos de barro, de madeira, de pedra, como os da Bíblia, e outros de materiais modernos: mais facilmente industrializáveis como os plásticos, que junto com os de gesso ficavam a cargo de operários menos qualificados cuja maior arte era a pintura de detalhes, pois as máquinas já os pintavam.

Foi autorizado a tirar algumas fotos e ao mostrá-las na sala de aula, obteve de seus alunos explicações sobre “os atributos” de cada um dos deuses. Um se ocupava com o clima, outro com as plantações, outro com a família, outro com a fertilidade, etc.

A última parte do curso era Teologia Contemporânea. Segundo ele, seu interesse pelos deuses locais trouxe a seus alunos uma liberdade para discussões até então não vista no Seminário, e que o tradutor, denunciado por alguns alunos que sabiam um pouco de inglês, insistia em resumir. Envergonhadíssimo o tradutor confessou que os alunos estavam achando semelhanças entre os ídolos locais e o modo como a teologia contemporânea via o Deus da Bíblia. As aulas ganharam novo alento e ele ficou lá mais tempo do que tinha programado ficar.

Voltou-se então para nossa turma e aplicou-nos sua história: As civilizações mais antigas fabricavam seus deuses de barro, madeira e pedra. Os homens que permaneceram nesse tipo de pensamento só mudaram os materiais a fim de industrializar o processo de fabricação. Porém, há um outro tipo de idolatria mais perverso e arraigado e que não se exterioriza na matéria. Os maiores fabricantes de seus deuses são os teólogos e suas oficinas são o seminários. Contra ela vocês devem estar atentos! Disse-nos apontando-nos o dedo no pouquíssimo português que conseguia falar, com os olhos marejados diante de uma turma chocada e convencida do horrível pecado que é abrigar outros deuses no coração.

Lembrei- então de como Deus responde ao idólatra. A esse tipo de idólatra: que abriga ídolos em seu coração: responde-lhe “segundo a multidão de seus ídolos”. Veja Ezequiel 14.1-8.

Particularmente não creio que seja preciso ir a um seminário para se fazer um novo deus. Basta não se amoldar ao Deus revelado nas Escrituras, e já estaremos diante de um Deus criado por nós mesmos.

O apóstolo João já nos diz: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai. Permaneça em vós o que ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis vós no Filho e no Pai” (1Jo 1.22-24). Ou seja: Quem não tem a Deus revelado em Cristo não tem o verdadeiro Deus. Está adorando a um ídolo, por mais bíblico que o deus que ele professa possa parecer!

sábado, 15 de outubro de 2011

Pecados contra Deus

Na série passada, quando comentei os múltiplos aspectos do pecado que cometemos contra nosso próximo, espero ter deixado claro que pecamos mesmo é contra Deus. Dizemos que é contra o próximo porque de alguma maneira ele sofre com nosso ato. Mas o afrontado é Deus que não nos criou para fazer aquilo.

Porém, há outros aspectos do mesmo pecado que atingem apenas a Deus: O primeiro é não tê-lo como Deus, o segundo é degradar sua pessoa, o terceiro é banalizar seu nome e o quarto é menosprezar sua companhia.

É claro que estou simplificando muito, mas preciso nesta abordagem inicial falar sobre todos ao mesmo tempo para mostrar a conexão que os une.

Há quem veja certa gradação neles e dizem: não ter a Deus como Deus é pior do que tê-lo e fazer representações erradas de sua pessoa, ou profanar seu nome, ou ainda menosprezar o tempo estabelecido para desfrutarmos de sua companhia.

Eu discordo. Ter a Deus e depreciá-lo é o mesmo que casar-se e não respeitar o cônjuge. Aliás, é exatamente essa a figura que Deus usa para esse tipo de comportamento: adultério!

O primeiro erro não é apenas “ter outro deus”, e sim “não ter o verdadeiro Deus”. O Deus que a si mesmo se revelou nas Escrituras Sagradas, e, cumprindo o que prometeu, encarnou-se, e, mediante seu Filho, remiu os seus.

O segundo erro é atribuir-lhe qualquer forma. Seja a mais bela. Mesmo a de Michelangelo na Capela Sistina é pura e simplesmente cometer a maior blasfêmia que se pode cometer contra o Criador.

Ele advertiu nossos pais a se lembrarem de não terem visto forma alguma quando lhes falou do meio do fogo e que por esta razão eles não deveriam ser tentados a fazer qualquer tipo de imagem que o representasse. Leia Deuteronômio 4.15-19.

Leia também a terrível explicação do apóstolo Paulo para a crescente licenciosidade sexual e de como o homem acaba vendo com naturalidade seu pecado, mesmo sendo contrário ao “desenho natural” da anatomia de seu corpo. Leia Romanos capítulo 1, especialmente os versículos 22-27.

A respeito do nome, estou ciente de que o contexto em que, tanto a confecção de imagens, quanto o conhecimento de um nome era o da mais crassa idolatria. Como acontece até hoje em algumas religiões animistas em que se crê que possuindo um boneco se possui a pessoa representada, ou se costurando um papel com o nome de alguém na boca de um sapo a vida daquela pessoa passará a ser um verdadeiro inferno (ou a versão evangélica de queimar papeizinhos com o nome dos pecados escritos livra a pessoa deles).

Porém, não é apenas isso o que está em questão. Envolve-se também o apreço que dedicamos ao tratar o nosso Deus. O tratamos com o respeito que lhe é devido ou já o incorporamos a nossa lista de banalidades? Proclamamos seu Nome com respeito ou o “vendemos como mais um produto de feira”? Anunciamos seu Reino ou fazemos marketing daquilo que chamamos sua igreja?

Para manter esse relacionamento de qualidade conosco ele estabeleceu uma quota de tempo que deve ser gasto em regime de exclusividade: um dia em cada sete. A separação desse tempo é de grande importância para que, não apenas evitemos esses erros, mas cultivemos esses benditos hábitos.

sábado, 8 de outubro de 2011

Engenharia Social


Engenharia é a arte de fazer máquinas, estruturas ou processos. O engenheiro aplica conhecimentos científicos e cria engenhos, trazendo melhor qualidade de vida. A engenharia civil se dedica à construções. A elétrica à geração de eletricidade. A mecânica à fabricação de máquinas e equipamentos. A genética à alteração de genes. Etc.
Porém, há algum tempo se tem falado muito em Engenharia Social. Eu não encontrei um curso sequer com esse nome. Mas há uma definição interessante na Wikipédia: Em Segurança da informação, chama-se Engenharia Social as práticas utilizadas para obter acesso a informações importantes ou sigilosas em organizações ou sistemas por meio da enganação ou exploração da confiança das pessoas.
Em outras palavras: Engenharia Social é a arte de explorar a ingenuidade do próximo. É o golpe (do vigário?) digital.
Exemplo 1: Todos os dias eu recebo, no endereço de nossa Igreja, vários e-mails oferecendo coisas relacionadas às necessidades de uma Igreja qualquer (de móveis até cálices para Santa Ceia). Mas chegam também e-mails anunciando o “Novo Louvor (sic) de Fransciskelvin em 2 Cds pelo preço de um” ou o “Curso de Profecias e Louvor Profético”. Não preciso dizer que sequer abro tais e-mails e qual botão aperto. Junto com eles, insistentemente aparecem e-mails intitulados “Atualize seus dados Junto ao Banco Fulano” (sendo que nem eu, nem a Igreja, somos correntistas desse banco), ou o que é pior: “Pastor, veja o que suas ovelhas aprontaram! Clique nas fotos”.
Anúncio de produtos, seja CDs ou sal grosso (já anunciaram) é o mesmo que aqueles papeizinhos que entulham nossa caixa de correio e nos obrigam a levá-los pro lixo. Já o pedido de atualização de dados, se eu fosse correntista do banco citado, e resolvesse responder, certamente estaria sendo vítima da tal Engenharia Social. O mesmo aconteceria se eu clicasse nas fotos. Os dois casos colocariam meu computador em risco e com ele todos os demais que compartilham a mesma rede.
Exemplo 2: Você está em um pretenso culto evangélico e ouve “Deus está me revelando que alguém aqui está com dor na coluna (ou dor na cabeça, etc.)”. É o mesmo princípio pois estatisticamente em um grupo de 100 pessoas algumas sentirão tais problemas.
Resumindo. O “engenheiro social” é o enganador. É quem se amolda à situação para tirar o maior proveito possível dela (geralmente financeiro). Sobre eles já fomos advertidos em muitos lugares. Veja:
O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo, disse que chegaria o tempo em que tais pessoas seriam até buscadas: “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (2Tm 4.1-5).
E Judas nos alertou sobre a desfaçatez deles: Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre” (Jd 12e13).
A única coisa que nos podemos fazer é ter cautela.

sábado, 1 de outubro de 2011

Pecando contra a soberania de Deus

O aspecto mais sutil do pecado é visto na cobiça.

Sem o desejo de progredir estagnamos até mesmo na vida cristã. Em diversos textos os crentes são exortados a progredirem na fé, e a desejarem coisas superiores. Porem, tal desejo nunca pode ter a forma de cobiça.

Um exame rápido no dicionário nos ensina que cobiça é o “desejo sôfrego, veemente, de possuir algo”. Entretanto a análise da palavra bíblica original que proíbe-nos cobiçar simplesmente nos manda “não desejar”, porém adiciona moduladores: a casa, a mulher, o servo, a serva, o boi, o jumento, “nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”.

Para a Bíblia o que está em jogo não é o desejo de progredir, mas de ter aquilo que o Senhor confiou ao próximo. Em síntese: Se furtar é um pecado contra a mordomia, a cobiça é um pecado contra a soberania de Deus, que distribuiu o que quis a quem lhe aprouve.

Cobiçar é não estar contente com a própria situação. Cobiçar é querer o que o próximo tem. Cobiçar é atribuir a Deus o erro de ter confiado ao próximo aquilo que, na opinião do cobiçoso, deveria estar debaixo de seus cuidados.

Conforme a definição de nosso dicionário há uma diferença clara entre cobiça (desejo sôfrego de possuir algo) e a inveja (desejo violento de possuir o bem alheio). Porém, conforme a palavra bíblica, cobiça é irmã gêmea da inveja (se houver diferença entre elas).

Ora, a inveja (e biblicamente a cobiça) é acima de tudo o pecado que não se realiza externamente, pois todos os demais trazem algum tipo de prazer externo, ainda que maligno e efêmero, como o da desforra, do êxtase, da vingança ou da usurpação. Mas o invejoso ou cobiçoso devora-se e nutre-se do próprio desejo - se dele tirar qualquer proveito - pois, talvez nem disso se possa dizer que teve os “prazeres transitórios do pecado” (Hb.11.25).

Quando o apóstolo Paulo escreve: “Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Rm 13.9) traduz a palavra a que me referi pela por outra grega que significa basicamente desejo (podendo ter até conotações sexuais), mostrando com isso que cobiça nada mais é que um tipo de desejo.

Você já deve ter notado que o que tenho chamado de aspectos do pecado nada mais é do que a aplicação dos 10 mandamentos e que me ative à segunda tábua (a que fala dos pecados contra o próximo).

Agora, veja mais uma de minhas razões para acreditar que se trata de um pecado só (contra Deus) em múltiplos aspectos: Naqueles dias, quando sequer se sabia pensar direito (estou falando dos israelitas e não dos filósofos gregos) Deus já os ordenou a não cobiçar!

Entendeu? Faz algum sentido proibir a um bando de peregrinos que não se matem uns aos outros. Também faz sentido proibir-lhes que não tomem as mulheres uns dos outros, ou que não roubem o pouco que carregam deserto afora. Mas, que sentido faz proibir cobiçar os animais que facilitam a jornada de uma família vizinha?

Somente o Senhor Deus é capaz de chegar a tal nível de exigência de seus filhos, como no Novo Testamento ele chega a determinar aquilo em que não devemos pensar, como acontece na Carta aos Filipenses!

Não foi sem razão que o apóstolo Paulo disse: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” (Rm 7.14).

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pecando contra a verdade

A tua palavra sim deve significar sim.
E atua palavra não deve significar não.
Qualquer outro sentido que deres a elas terá origem no maligno.
(Mateus 5.37 - Tradução minha).

Cada vez que começo a escrever sobre os aspectos do pecado tenho ímpetos de dizer “Este é o mais cometido em nossos dias”.

Embora o pecado contra a verdade também seja razoavelmente condenado pelas leis humanas, ele possui uma face socialmente bem aceita e, de certa forma, até requisitada nas relações humanas de cortesia e polidez.

A lei humana coincide com a divina no que concerne a manutenção de contratos, de pesos e medidas corretos, de marcos de propriedade, proibição de propaganda enganosa, divulgação de inverdades, condenação da calúnia, difamação, falsidade ideológica, etc.

Entretanto, aos olhos de Deus, mentir é muito mais do que isso, e Jesus agrava seu entendimento ao interpretar a lei do Pai dizendo que todas as vezes que modulamos o sentido de uma palavra em favor de uma mentira, estamos procedendo de conformidade com o maligno.

Em nossa cultura moderna a mentira é sempre fruto de uma conveniência e são poucos os que ainda a atribuem a falha de caráter.

Nos meios evangélicos ela também é vista mais ou menos assim e dificilmente um evangélico associará uma mentira com o maligno, pois com ele associa outros pecados mais extravagantes. Apenas os protestantes de Fé Reformada confessam a malignidade da mentira.

Jesus foi quem nos ensinou que a mentira origina-se no maligno: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).

Dentro da cosmovisão cristã a mentira (dita pelo pai da mentira) foi quem induziu nossos primeiros pais a pecar. O tentador serviu-se dela: “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de TODA árvore do jardim?” (Gn 3.1) (destaque meu).

Com a partícula TODA o tentador criou uma nuance de sentido - absolutamente inverídica, pois todas as árvores frutíferas eram comestíveis exceto uma - que induziu nossa mãe a uma resposta falsa e até certo ponto queixosa: “Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele...” (Gn 3.2-3).

Analisando bem você verá que todos os aspectos do pecado se assentam sobre alguma mentira. Pode haver desonra aos pais, adultério, assassinato, furto, ou cobiça (limitando-nos aos pecados que envolvem nosso próximo) sem que também se peque contra a verdade?

Talvez esse pecado seja mais arraigado do que os outros. Tiago nos diz: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo” (Tg 3.2). Porém isso não é desculpa para não lutarmos contra ele e constantemente orarmos: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu!” (Sl 19.14).

sábado, 17 de setembro de 2011

Pecando contra mordomia

Se, pois, não vos tornastes fiéis
na aplicação das riquezas de origem injusta,
quem vos confiará a verdadeira riqueza?
Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio
quem vos dará o que é vosso?
(Lucas 16.11)

O pecado impregna nossa natureza e desde que nascemos, de algum modo, já o externamos. Alguns são tão óbvios que deixamos passar por “coisas de criança”, outros de tão dissimulados são difíceis de ser vistos.

O aspecto sobre o qual me detenho agora é o desejo de tomar em nossas mãos aquilo que Deus colocou sob as mãos de nosso próximo.

Geralmente dizemos que furtar é um pecado contra a propriedade. Tenho minhas reservas contra essa afirmação, pois não possuímos nada, nem a nós mesmos. O furto - nas suas diversas modalidades - é sempre um pecado contra a mordomia.

Somos mordomos de Deus e a ele daremos conta de tudo o que dele mesmo recebemos, desde os bens que consideramos mais preciosos, até das coisas que temos por imponderáveis: “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo” (Mt 12.36).

Somos mordomos de tudo o que possa ser gerido pela nossa capacidade e o critério com o qual nossa gestão é avaliada por Deus é a fidelidade ao seu querer e o amor ao nosso próximo. Esses dois eixos devem nos orientar na administração de qualquer bem que Deus tenha nos confiado.

Deus não ficará mais rico se formos mais fieis, mas será mais glorificado se pela nossa fidelidade à sua vontade, amando o nosso próximo, usarmos aquilo que ele nos confiou para suprir suas necessidades. Dessa forma nos tornamos, pela fidelidade, cooperadores de Deus, como agentes de sua providência.

Mas acima de tudo, somos mordomos do bem mais precioso: o tempo. Como crianças não damos valor a ele e pouco nos importa se o temos de sobra ou não. Quando adolescentes agimos de modo igual, mas já começamos a querer mais dele para gastar conosco mesmo. Quando adultos percebemos que ele é limitado e tentamos aproveitá-lo e às vezes usando a parte que devemos dedicar a nossos queridos mais próximos. Quando chegamos à velhice vemos que ele escorre como água por entre nossos dedos e tentamos remi-lo a todo custo. Mas já é tarde.

Curiosamente podemos e geralmente roubamos o tempo que Deus colocou sob administração de nosso próximo. Isso ocorre quando o enredamos em futilidades ou até mesmo em coisas contrárias a Lei de Deus.

O descanso é uma parte importante do tempo e está intimamente ligado à verdadeira adoração. Quando Deus exige que descansemos um dia em sete, se dá como exemplo: Criou tudo em seis dias e no sétimo descansou. Não podemos querer trabalhar mais do que ele.

Finalmente, o que abrange todos os aspectos do pecado do furto é a infidelidade. Para evitá-lo precisamos ser fiéis de mente, palavras e obras para com Deus e para com nosso próximo. Só assim não furtaremos sequer as coisas mais simples, muito menos as que consideramos mais valiosas.

sábado, 10 de setembro de 2011

Pecando contra a castidade

“Eu, porém, vos digo:
qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura,
no coração, já adulterou com ela”
(Mt 5.28)

Os judeus, que acreditavam piamente nunca pecarem contra a castidade, mesmo possuindo mais de uma mulher, desde que fosse dentro da lei, ouvindo palavras como estas devem ter ficado perplexos. Em outro lugar enquanto Jesus falava sobre o mesmo tema, um de seus discípulos declarou: “Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar” (MT 19.10).

Jesus vê a intenção e o ato cometido como atentados contra a castidade. E desde cedo pecamos contra ela.

Na infância a curiosidade nos impulsiona mais, já na adolescência e na juventude o que nos move mais é o que o apóstolo Paulo chamou genericamente de “paixões de juventude”.

Enquanto adultos, o que mais nos impele mais é a sensação de que a vida está passando e não foi desfrutada, ao passo que na velhice o que mais nos afeta é a saudade do que poderíamos ter feito.

Os antigos diziam que este é o pecado do não realizado, da fugacidade, do “como teria sido bom”!

Não se esqueça: Estou falando de convertidos, pois quem não o é, sequer vê isso como pecado.

Vida casta não é vida sem sexo. É vida com o sexo segundo Deus. À luz dos ensinos bíblicos, casto é quem desfruta, diante de Deus, do estado conjugal que vive. Se solteiro dedica-se à glória de Deus. Se casado dedica-se, à mesma glória de Deus, através do cônjuge: “Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14.7-8).

Peca contra a castidade quem vive sexualmente fora do estado conjugal que Deus o colocou, ou quem atenta contra tal estado em si ou nos demais: homem ou mulher.

O padrão que Jesus mostrou é muito alto, pois mesmo para um mundo caído ele citou a criação anterior ao pecado. Quando perguntado sobre o divórcio ele respondeu “não foi assim desde o princípio. ... quem repudiar sua mulher não sendo por causa de `porneia` e casar com outra comete adultério”(Mt 19.8).

Como Jesus estava se dirigindo a homens, é necessário, por abrangência, estendermos o texto: “repudiar seu marido”.

O termo grego `porneia`, geralmente traduzido por relações sexuais ilícitas, é muito amplo. Aplica-se a homem ou mulher e dele nasce tudo o que hoje chamamos de pornô. Vai da simples sensualidade (tão apreciada na moda) até as aberrações explícitas que a mente mais depravada pode conceber.

Geralmente me perguntam por que Deus é tão fechado? Se há consenso entre os que praticam, que mal pode haver?

É a ordem da criação a que Jesus se referiu. Fomos feitos para extrair um deleite mútuo, que talvez nem nossos primeiros pais tenham provado, porém isto era - e é ainda é - protegido por um pacto, que remanesce no casamento.

Tudo é uma questão de se obedecer a Deus. Do mesmo modo que ele quer que honremos nossos pais, e nos proíbe de menosprezar o próximo, ele também odeia que pequemos contra a castidade.

Vilipendiamos sua imagem em nós quando fazemos isso: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz (porne)? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta (porne) forma um só corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1Co 6.15-17).

sábado, 3 de setembro de 2011

Pecando contra a vida

Todo aquele que
sem motivo se irar contra seu irmão
estará sujeito a julgamento;
e quem proferir um insulto a seu irmão
estará sujeito a julgamento do tribunal;
e quem lhe chamar: Tolo,
estará sujeito ao inferno de fogo
(Mt 5.22).

Nascemos em pecado e não demoramos muito a externá-lo. Externamo-lo já em nossos primeiros dias, tão logo exigimos de nossa mãe cuidados que só as mães suportam. Ferimos seus seios enquanto ela nos nutre com seu leite e berramos quando ela demora em atender nossas necessidades.

Nosso Senhor e Mestre - a quem hoje se diz ser apenas amor e muito diferente do Deus iracundo do Velho Testamento - interpretando a proibição de matar nos ensinou, nas palavras em epígrafe, que não precisamos chegar ao ponto de tirar uma vida, basta que menosprezemos nosso próximo e já teremos cometido esse aspecto do pecado. Não há próximo mais próximo que nossa mãe.

Em nossa defesa diremos: Éramos bebê e não sabíamos que estávamos ferindo os seios de nossa mãe ao mamar com avidez. Ou: Não fizemos por maldade. Não tínhamos intenção. Se tivéssemos consciência jamais faríamos isso!

Todas as alegações acima são verdadeiras e todas procedem! É importante sabermos que a imensa maioria dos pecados não é cometida intencionalmente. Raramente atentamos contra a vida de alguém - na forma como Jesus interpretou - premeditada e friamente. Afinal, quem de nós decide perder a cabeça e ficar irado?

Mas o que pode ser visto no bebê, pode ser visto na criança, no adolescente e até no adulto. Ou você nunca viu uma criança irada com seus pais? Ou um adolescente que os xinga e deseja a morte deles? Ou um adulto que sonha em se livrar do fardo que seus velhos? Nesses casos dois pecados se somaram: contra os pais e contra a vida.

Mas, não pecamos apenas contra a vida de quem está mais próximo de nós. Podemos pecar também contra a vida do próximo que sequer vemos. Não é isso que acontece quando alguém polui o ambiente? Ou quando contamina alimentos, seja no plantio, na confecção deles, ou ainda ao servi-los.

Na verdade quando se atenta contra a saúde, de qualquer forma, através de qualquer meio, intencionalmente ou não, à luz das palavras de Jesus, se comete um atentado contra a vida.

Pecamos também contra nossa própria vida quando trabalhamos em excesso, corremos riscos desnecessários ou nos alimentamos errada ou exageradamente. Quando nos entregamos ao ócio, ou abusamos de medicamentos bem como negligenciamos os cuidados médicos.

Quando não estamos prontos a perdoar, a resolver conflitos a buscar a paz também matamos. Quando fazemos intrigas, acirramos discussões, “botamos lenha em fogueiras”, disseminamos discórdias e inimizados também matamos.

Quando não nos empenhamos pela vida em todos os seus aspectos seja no mundo, seja no lugar que vivemos ou no lar em que nos aconchegamos, pecamos contra Deus e contra a vida criada por ele.

Evitemos esses erros.

sábado, 27 de agosto de 2011

Pecado (1ª parte)

Se há uma coisa que todos conhecemos bem é o pecado. Afinal o cometemos todos os dias por pensamentos, palavras e atos.

Porém, se o conhecemos bem na prática, evitamos pensar muito nele. O que é uma perda, pois uma análise crítica de seus múltiplos aspectos nos ajuda a diminuir a frequência com que o praticamos.

A primeira coisa que precisamos encarar é que pecado é uma coisa só: Contrariar a vontade de Deus. E a contrariamos fazendo o que é errado, ou deixando de fazer o que é certo.

Uma das palavras bíblicas para designar pecado, tem como raiz “errar o alvo”. Não fazer aquilo para o qual fomos criados ou fazer aquilo para o que não fomos é pecar.

Dentre os muitos aspectos a que me referi, eles se agrupam em dois principais, pois algumas vezes pecamos também com nosso próximo.

Quando deixamos de honrar nossos pais - o primeiro grande aspecto do pecado que atinge também a nosso próximo, e que cometemos desde cedo e continuamos a cometer até a velhice - estamos pecando contra os que estão mais próximos de nós. Contra quem devemos a vida e jamais deveríamos sequer pensar mal.

Geralmente o filho peca desobedecendo. Quando o filho é criança isso está ligado ao modo como ele está sendo criado, pois às vezes é uma forma inconsciente dele perguntar “até onde pode ir?”. Os pais devem estar atentos e deixar claro esse limite, e punir a ultrapassagem dele ou se tornam cúmplices do pecado de seus filhos, pois, além de criar alguém que desrespeita limites, não estão se fazendo dignos de ser honrados.

Quando o filho é adolescente ele desonra seus pais de diversas formas. As mais comuns além da desobediência, são a falta de respeito, o destrato, o envergonhar-se deles, e o mentir para eles.

Quando o filho é adulto ele desonra seus pais, desconsiderando-os em seus planos de futuro ou explorando-os com tarefas que se buscasse outros para fazê-las teria de pagar. Destratando-os ou tratando-os com menosprezo. Não repartindo com eles a prosperidade que obteve à custa do sacrifício que eles fizeram para que dar-lhe boa formação.

De modo geral é dever do filho não zombar de seus pais (como fez o filho de Noé). Zelar pela honra deles e encobrir suas as faltas (como fez o outro filho de Noé), mas acima de tudo cuidar deles na velhice com o mesmo desvelo com que foi cuidado por eles na infância.

De modo geral é dever dos pais dar motivos para serem honrados: criar seus filhos na admoestação do Senhor e não irritá-los com suas picuinhas pessoais.

É conveniente também nunca esquecer de que através da figura dos pais as Sagradas Escrituras muitas vezes falam de outras pessoas que estão em posição de autoridade e acima de tudo falam do próprio Deus.

sábado, 20 de agosto de 2011

Evangelizar os pobres

O Espírito do Senhor está sobre mim,
pelo que me ungiu
para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar
libertação aos cativos
e restauração da vista aos cegos,
para pôr em liberdade os oprimidos,
e apregoar o ano aceitável do Senhor.
Lucas 4.18-19

Ao duvidar se Jesus era realmente o Messias esperado João Batista mandou dois de seus discípulos interrogá-lo. Sua resposta foi simples: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mt 11.4-5).

Nessa semana recebi a visita de um sindicalista pedindo que nossa igreja participasse da manutenção de um fundo de greve. Argumentava que não devíamos nos furtar ao mando de Jesus de evangelizar os pobres (no contexto suprir o fundo para manter a greve). Como este assunto já foi tocado outras vezes achei que era uma boa oportunidade escrever sobre ele.

Só entenderemos bem por que os Evangelhos mencionam os pobres como destinatários da mensagem evangélica conhecendo o contexto da época: a exploração dos pobres através da religião.

Deus sempre levantou profetas no meio de seu povo, mas a partir da época dos Juízes eles ficam mais evidentes, e foi um Juiz/Profeta, Samuel, quem fez a transição para o período dos Reis, ungindo os dois primeiros reis: Saul e Davi. A partir de então os profetas foram sistematicamente levantados por Deus como uma espécie de consciência de cada rei. O profeta alertava o rei de seus maus caminhos.

Entretanto, aos abusos dos reis sucumbiram o desejo de riqueza dos próprios profetas e também dos sacerdotes. Veja em Amós 7.10-17 o desdém com que o profeta é tratado pelo rei de Israel que o tinha por um apaniguado e não por um porta-voz de Deus.

Veja também como Jeremias, de modo espantosamente atual, mostra o desgosto do Senhor com ambos: “Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo” (Jr 5.30-31).

Foram todos castigados com o cativeiro.

No cativeiro, com o fim de preservar a memória, houve necessidade de apurar-se os registros. Exacerbou-se então o zelo com o escriba, ou doutor da lei (dentre os quais Esdras se destaca como bom exemplo), mas que se tornaram aquilo que Jesus depreca com o refrão “escribas e fariseus hipócritas” e ordena a seus discípulos a guardarem-se deles.

Nos dias de Jesus eles mantinham uma relação espúria com as famílias sacerdotais, que integravam em sua maioria o partido dos saduceus: enquanto os fariseus atentos às minúcias da lei colocavam “fardos pesados nas costas” do homem comum, as famílias sacerdotais lucravam com a exploração dessas obrigações.

Do primeiro se vê a estipulação do dízimo sobre o endro e o cominho criticado por Jesus (Mt 23.23) e a hipocrisia vil na exploração dos desamparados: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações; por isso, sofrereis juízo muito mais severo” (Mt 23.14).

O segundo é visto na venda de animais e na presença de cambistas no pátio do templo, expulsos por Jesus debaixo do rótulo de ladrões e salteadores.

Resumindo: eles ficavam cada vez mais ricos dizendo que o povo deveriam fazer mais sacrifícios, com os quais lucravam de muitas maneiras. Jesus veio pregar ao povo a boa nova: vocês não devem mais nada a Deus, pois o verdadeiro sacrifício chegou. Ou seja: ele veio evangelizar os pobres.

Há sentido para hoje? Sem dúvida! Como é que algumas religiões ficam ricas? Não é colocando culpa nas costas de seus fiéis? Culpa que deve ser expiada por meio de indulgências, penitências, sacrifícios, correntes, e votos? É a eles que o Evangelho deve ser pregado. Cristo morreu para que eles fossem livres dessas algemas. Isso é evangelizar aos pobres.

sábado, 13 de agosto de 2011

Plenitude dos tempos (2 de 2)

Em seu início a Igreja esperava a volta de Jesus para o dia seguinte. Eu creio que foi por essa razão que muitos ficaram em Jerusalém. Devem ter pensado: quarenta dias entre a ressureição e a ascensão e dez dias entre a ascensão e o derramamento do Espírito Santo... Ele deve voltar logo!

Não esqueçamos também que o sermão de Pedro identifica o Dia de Pentecostes como o início dos Últimos Dias (inclusive contendo sinais das catástrofes cósmicas que o Senhor profetizara para o Último Dia). A consequência foi colocarem o que tinham à disposição dos apóstolos e aguardarem a volta do Senhor.

Esse processo se repetiu na Igreja de Tessalônica. Paulo, que também esperava a volta do Senhor Jesus para seus dias, os deixou tão eufóricos, que precisou escrever uma segunda carta dando sinais mais precisos de que a volta do Senhor será necessariamente precedida por uma apostasia e pelo “homem da iniquidade”.

Curiosamente, em sua segunda carta o apóstolo Pedro alerta-nos contra escarnecedores que nos questionarão sobre a realidade da volta do Senhor argumentando que está demorando e tudo continua igual.

Hoje, muito mais tempo depois, encontramos quem desacredite totalmente da sua volta e quem busque explicar sua demora.

Ao longo da história da Igreja apareceram diversas explicações para a volta do Senhor, sendo que a maioria delas tenta justificar sua demora.

Há os que dizem que nós é que vamos nos encontrar com ele quando morremos e que sua volta é apenas um modo de falar. Outros já marcaram sua volta com precisão de data e hora, e, frustrados (como vimos recentemente) admitiram o erro, ou escolheram expedientes escusos como dizer que ele voltou, mas viu que não estávamos preparados e resolveu dá-nos uma segunda chance, ou foi para outro lugar, fazer outra coisa.

Há quem pense hoje que ele virá. Entretanto, se achegará às proximidades do planeta, arrebatará sua igreja fiel e reinará com ela por mil anos em algum lugar. Depois dos mil anos, e de uma guerra avassaladora na terra, ele finalmente descerá com os que arrebatou e salvará os que se converteram e sobreviveram à guerra.

Na verdade, o Senhor Jesus deixou bem claro que sua volta era iminente: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.27).

Ele chegou a usar figuras desconcertantes para enfatizar essa iminência: “Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.43-44).

Porém, tenho visto muitas pessoas imaginando que o texto de Mateus 24.14 (E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.) permite pensar que ainda teremos muito tempo. Já vi até quem falasse isso com um sorriso maroto. Porém não é esse o quadro mais amplo. Veja: “E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam” (Mc 16.20).

Aos olhos de Deus a “grande comissão” já foi cumprida. O mundo inteiro já foi evangelizado pelos apóstolos de Jesus. Cabe-nos somente mantê-la cumprida. Ou seja: Jesus pode voltar agora. Nada o detém!

Vem Senhor Jesus!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Plenitude dos tempos (1/2)

Escrevendo às igrejas da Galácia (uma região que hoje fica na Turquia), o apóstolo Paulo disse que Jesus veio “na plenitude dos tempos”.

Há quem veja nesta expressão (to pleroma tou kronou) apenas uma declaração semelhante a “quando chegou o tempo certo” ou “quando chegou o tempo determinado por Deus”, o que não deixa de ser verdade. Porém, há mais do que isso: A ideia é de que Jesus veio quando o tempo já estava completo. Ou melhor: quando as coisas que se completam com o passar do tempo já tivessem chegadas a sua plenitude. Já estivessem maduras.

Alguns veem uma alusão às profecias de Daniel, especialmente às que se referem ao tempo do fim (...Vai, Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão” Dn 12.9-10), pois, desde o Pentecostes vivemos no período que a Bíblia chama de “os últimos dias”.

Entretanto, há quem pense em algo “mais concreto”: Os tempos estavam maduros, de muitos modos, para receber o Messias, seu Evangelho se propagasse por todos os povos e o Povo de Deus pudesse assumir a forma de Igreja com maior facilidade.

Quando Jesus nasceu o mundo ocidental estava sob o domínio político e militar dos romanos, porém a cultura dominante era a grega. E hoje, olhando retrospectivamente, vemos que, desde pequenos detalhes até grandes acontecimentos, prepararam o ambiente para a chegada de Jesus e a disseminação do Evangelho.

Dou como exemplo de um “pequeno detalhe” a crucificação. Para ser maldito de Deus Jesus teria de morrer crucificado - pois assim a lei o determinava (Dt 21.22e23) - o que jamais aconteceria entre os judeus, se eles não estivessem ocupados militarmente por romanos e se não o acusassem o Senhor de sedição contra césar, pois a pena de morte entre os judeus era o apedrejamento.

Como exemplo de um grande acontecimento cito a tradução do Antigo Testamento para o Grego, cerca de 200 aC. permitindo a preparação para o Evangelho entre os povos conquistados pelos romanos.

Longe de nos queixarmos do desenvolvimento filosófico grego deveríamos agradecer a Deus por ter preparado esta estrada por onde o pensamento cristão haveria de trilhar. Algo do que seria revelado pela fé já fora cogitado pelos filósofos gregos ao ponto de Agostinho, (Cidade de Deus 8.11), levantar a hipótese de Platão ter conhecido o Antigo Testamento.

Não se pode deixar de lado o fato de que, desde a invasão de Jerusalém pelos babilônios, os judeus tenham se espalhado pelo Egito, costa da África, Ásia Menor (hoje Turquia), Arábia e em cada lugar fundado sinagogas, que permitiram aos primeiros missionários (lembre-se do costume de Paulo) encontrarem em cada cidade pontos de contato para falar do Messias.

Digno de nota também foi a infraestrutura proporcionada pelas estradas romanas que ligavam todos os pontos do império. Embora não saibamos exatamente a extensão delas nos dias de Jesus, sabemos que em 312 aC. a Via Ápia, a primeira construída possuía apenas 300km, mas em seu auge o Império Romano chegou a contar com 150.000Km de estradas pavimentadas com pedras (o Brasil hoje possui 62.oooKm de estradas asfaltadas), com muitos túneis e pontes (alguns ainda em uso).

Era a época certa para a vinda de Jesus e ele veio.

sábado, 30 de julho de 2011

Igrejas desaparecidas

Você já notou que nenhuma das Igrejas citadas no Novo Testamento existe mais?

A menos que você reconheça a atual Igreja de Jerusalém (a Ortodoxa Grega? A Católica Romana?) como fiel substituta daquela que foi dirigida pelos apóstolos do Senhor. Ou reconheça o Vaticano como fiel substituto da Igreja para qual Febe levou sua carta de recomendação.

Onde está a Igreja de Samaria, que parece ter sido a primeira a ser organizada fora da Judéia?

Onde está a Igreja de Antioquia? Onde Paulo e Barnabé foram presbíteros? Já ouvi falar que está em uma cidade chamada Antaxa, na atual Turquia. Eu gostaria de conhecê-la pessoalmente, ver seus registros históricos (se houver algum).

A de Antioquia da Psídia, a de Icônio, a de Listra, de Derbe... Faça uma lista nome por nome. Você verá que nenhuma sobreviveu. Chipre? Talvez. Mas você há de convir comigo que a “Ortodoxia grega” da igreja de lá, está longe da Ortodoxia Bíblica.

Algumas dessas Igrejas foram ameaçadas pelo próprio Jesus. O pastor da Igreja de Éfeso recebeu uma ameaça que se estendia à Igreja que pastoreava: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.5).

Pelo contexto o Senhor Jesus estava ameaçando mover de seu lugar a igreja. Aconteceu: Primeiro um terremoto. Depois a invasão mulçumana. Hoje o turismo atesta para o mundo inteiro que ali houve uma igreja e já não há mais.

Por que igrejas que foram tão bem doutrinadas, que contaram com a presença dos apóstolos do Senhor, que receberam cartas diretas do próprio Senhor Jesus, não existem mais?

Eu não sei dizer. Conjecturo que especificamente a Igreja de Éfeso não tenha se arrependido, nem voltado à prática das primeiras obras. Porém, será que o mesmo se pode dizer de todas as outras igrejas?

No Antigo Testamento Deus algumas vezes castigou seu povo privando-lhe do culto. A primeira vez deixou que os filisteus tomassem a Arca da Aliança, que mais tarde foi recuperada pelo Rei Davi. A segunda vez permitiu que os babilônios destruíssem o Templo de Salomão e sumissem com a Arca da Aliança.

Reconstruído o Templo há um registro, feito pelo profeta Malaquias (1.10), que à vista da corrupção, especialmente dos sacerdotes, Deus desejava que as portas do Templo fossem fechadas. Permaneceram abertas até o verdadeiro e último sacrifício - sacrifício do qual os demais são apenas tipo ou sombras - depois foi destruído totalmente.

Não seria uma pista para se entender o porquê dessas igrejas terem acabado?

Imediatamente me lembro das palavras do próprio Jesus: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda” (Jo 15.1e2).

Deus nos livre de trilharmos o mesmo caminho delas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Batizar crianças?

Há algum tempo tenho trabalhado em um material sobre esse assunto, mas ele ainda não chegou ao ponto que eu desjo (ser claro, ter um tom pastoral e ter o tamanho costumeiro).


Minha dúvida é: Por que no último século a grande maioria das denominações não católicas deixou de batizar crianças? Desconfio que a resposta seja estatística. Neste último século as denominações pentecostais foram as que mais cresceram e elas nunca batizaram suas crianças. As denominações tradicionais, além de crescerem menos, foram tão afetadas pelo pentecostismo que algumas até deixaram esse hábito. Assim, creio que é possível se explicar essa grande mudança em pouco mais de um século.


Porém, enquanto estou em uma quinzena de férias, leia o excelente texto que o Rev. Agnaldo postou sobre o Batismo de Crianças em:  http://www.creioeconfesso.com/2011/07/o-batismo-dos-filhos-dos-crentes.html 

sábado, 9 de julho de 2011

O Sono e o despertar

Mais uma manhã. Os primeiros sons que eu percebo são de passos femininos: curtos e secos. De saltos contra o asfalto da rua. A seguir passos pesados e abafados denunciam o pequeno grupo de operários da construção próxima que logo me atualizarão sobre o mundo do futebol, mesmo que nenhum time tenha jogado na noite anterior.

Os primeiros clarões, que já invadiram a janela, da qual as alergias me roubaram a cortina, ameaçam gradualmente meus olhos, que tentam se proteger debaixo de um edredom - verdade! As manhãs estão frias o suficiente para um edredom fininho - e o cansaço do sono iniciado bem depois de meia noite me convida a virar pro outro lado. Mas, aí já é tarde: Junto com o trinado de dezenas canários e a algazarra dos pardais, chega o aroma forte e bem vindo do café. Há sono que resista?

Antes de me levantar agradeço ao Senhor, por mais um dia em que suas misericórdias se renovaram.

E se renovaram mesmo!

A preocupação com tantas coisas feitas pela metade ou por fazer; com a distância que divide a família; com o sofrimento de ovelhas doentes ou aflitas; deu lugar à confiança, e o sono que chegou agitado foi se acalmando pela certeza de que é “inútil se levantar de madrugada, trabalhar até tarde, comer o pão de lágrimas, pois aos seus amados, Deus dá enquanto dormem”.

Foram poucas horas de sono, mas foi um sono profundo e sem sonhos: reparador.

Os problemas de ontem não desapareceram, mas ganharam novas abordagens. Suas soluções podem agora ser examinadas sob novas perspectivas.

Quantas vezes fui dormir com um “problema insolúvel” e pela manhã ele parecia algo tão banal que se desfez com um simples telefonema.

Com um sono profundo Deus trouxe a nosso pai sua companheira. A bendita Jael libertou seu povo do jugo de Sísera depois dele cair em profundo sono. E por não conseguir conciliar o sono Nabuconozor conheceu a Daniel. Por não conseguirem segurar o sono os apóstolos do Senhor não conseguiram vigiar em oração com ele no Getsêmani. Vencido pelo sono Êutico caiu do apartamento no terceiro andar em que a Igreja de Trôade estava reunida.

Mas, de tudo o que as Escrituras falam sobre o sono, o que mais me impressiona é compará-lo à morte dos remidos. Sabemos muito bem que eles morreram mesmo. Mas como breve ressuscitarão, as Escrituras chamam a morte de sono. Como se da morte acordassem.

E, especulo eu: do que primeiro teremos consciência? Dos passos dos transeuntes? Da claridade do dia? Do canto dos pássaros? Do aroma do café? Não! Creio que será da bendita voz - aquela que já foi ouvida por Lázaro - “vem pra fora”!

Eu irei.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os adornos do Espírito

Mal saíram do Egito - multidão de escravos, fazedores de tijolos de uma terra tão ruim que exigia vegetais para dar liga à massa - Deus os reuniu aos pés do Monte Sinai. Lá deveriam se tornar um povo. Lá receberam a Aliança, que Abraão, séculos antes, conhecia pela fé.

De tão rudes, a aliança lhes foi resumida em tábuas de pedra. Mas, analfabetos, para as reverenciarem, tudo foi sancionado com sangue de cordeiros inocentes aspergidos sobre as tábuas e sobre eles. E para que eles as valorizassem mais, Deus as depositou em uma arca de ouro, separou toda uma tribo para guardá-las e ordenou que fizessem uma tenda especialmente adornada para elas.

Os adornos dessa tenda não podiam ser produto da imaginação de qualquer um. Deus chamou dois homens para elaborar o projeto dela, treinar seus auxiliares e edificá-la, conforme a vontade dele. Tudo foi prescrito: As paredes, a cobertura, os móveis, a decoração, até mesmo a roupa que os oficiantes vestiriam enquanto estivessem dentro dela. Usariam metais, madeiras, tecidos, e especiarias e o Espírito Santo os capacitaria como marceneiros, entalhadores, ourives, bordadores, perfumistas, etc.

A tenda seria a morada das tábuas da Lei de Deus, portando da Vontade de Deus e em última análise do próprio Deus. Nada mais natural, portanto que fosse construída e ornamentada conforme seu querer e caráter.

A tenda foi erigida e consagrada: “...Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo... De dia, a nuvem do SENHOR repousava sobre o tabernáculo, e, de noite, havia fogo nela, à vista de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas” (Ex 40.34-38).

Esse sinal fantástico, fogo sobre a tenda da congregação, se repetirá sobre o Templo de Salomão, mas não sobre o Templo de Zorobabel.

-*-

Mal se tornaram cônscios de que Jesus havia recomeçado uma nova criação substituindo a que nosso pai Adão estragou, uma pequena multidão (cento e vinte?), reunidos em uma casa, viram aquele mesmo fogo descer sobre a cabeça de cada um. Cada um era um tabernáculo em que a Le ide Deus morava, não em tábuas de pedra, mas no coração como os profetas do Senhor falaram tantas vezes.

Mas, e os adornos dos quais o Senhor fizera tanta questão no primeiro tabernáculo? Estavam todos lá.

Em vez de pedras preciosas no peito, boas obras, em vez de linho branco, vidas santas. Em vez de estofo, paciência e longanimidade, etc.

Todos capacitados a fazer o que poucos fizeram. O Espírito agora não habitava com eles. Habitava neles.

Habita em nós!

Tudo era figura de algo superior que se cumpriria em Jesus e nos seria transmitido. Por essa razão é que Pedro ensina que o verdadeiro adorno é “o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3.4).

sábado, 25 de junho de 2011

Descriminalização das Drogas

Fui solicitado escrever sobre a inevitável descriminalização das drogas leves em nosso país. Minha opinião, tanto como cidadão quanto como pastor, já que procuro não dissociar tais atividades, até agora é totalmente contra. Entretanto, confesso que preciso conversar com irmãos mais sábios e envolvidos no problema.

Pessoalmente creio, que até mesmo a permissão de passeatas de convencimento é um erro, pois no fundo, no mínimo tais passeatas despertam a curiosidade para experimentá-las. E enquanto houver usuários, mesmo que experimentais, haverá tráfico.

Para se ter uma ideia do que acontecerá com a legalização das drogas basta ver o que está acontecendo com a indústria legalizada do tabaco. A luta contra o tabagismo e seus males consome a sociedade. Não consome a polícia e não provoca guerra e tiroteios, mas seria muito bom ver uma estatística que comparasse as mortes silenciosas causadas pelo tabaco com as mortes da guerra do tráfico.

Ouve-se que a maconha é menos danosa do que o tabaco. Será? Veja artigos como esse: “Brain Effects of Cannabis -- Neuroimaging Findings” (Os Efeitos da Maconha no Cérebro - Achados em Neuroimagens) que pode ser lido em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462005000100016&lng=en&nrm=iso&tlng=en

Mas, a Bíblia dá alguma orientação? Diretamente eu desconheço. Porém indiretamente, mudando o que deve ser mudado, há muitas se considerarmos a bebida.

É sabido que nos tempos bíblicos já se conhecia drogas ingeríveis ou aspiráveis, porém a única menção delas na Bíblia é a mistura de vinho e mirra que Marcos nos informa terem fornecido a Jesus na cruz, o que, com toda probabilidade, seria um entorpecente, mas ele recusou-se a tomar. Mas as Sagradas Escrituras, em diversos lugares (mais de 200 vezes), registram a palavra vinho. Com vinho Jesus estabeleceu um dos sacramentos da Nova Aliança.

Registram também o uso de “bebida forte” (18 vezes), que nos tempos do Antigo testamento era alguma bebida feita de grãos fermentados e nos tempos do Novo podia se referir tanto à bebidas fermentadas quanto à destiladas.

Porém, é significativo que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, onde o vinho é usado como parte da alimentação caseira, se encontre muitas advertências contra a embriaguez. Por exemplo: “Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1Co 6.9-10).

À luz da Bíblia, ficar debaixo de outro controle que não do Espírito de Deus - que realça o domínio próprio - é um pecado grave. Lembre-se de: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

Não há como questionar o uso medicinal de qualquer substância, pois tudo o que existe foi criado por Deus e usado em prol da vida, conforme o mandato cultural recebido pelo homem diretamente do Criador, não é apenas um direito, mas um dever. Porém, ser dominado por qualquer tipo de droga é contra o propósito básico da criação.

Portanto, o uso médico de qualquer tipo de substância (leve ou pesada) é bíblico, desejável e obrigatório à consciência de qualquer cristão, mas o abuso recreativo, hedonista, escapista, irresponsável, temerário e inconsequente, deve ser condenado. Tão culpável deve ser o consumidor que não o faz por necessidade terapêutica, quanto quem o abastece clandestinamente.

sábado, 18 de junho de 2011

Pentecostes (parte 2)

No domingo passado escrevi: “há pouco mais de um século a vergonha da Igreja foi institucionalizada no movimento pentecostal”. Alguns disseram que fui rude. Acho que não. Explico:

Na primeira carta à Igreja de Corinto, Paulo gasta os capítulos 12, 13 e 14 para instruí-los a respeito dos dons espirituais e já no final do capítulo 12 ele classifica em último lugar numa lista de importância.

No capítulo 13 (que hoje é erroneamente usado como apologia ao amor romântico) ele mostra o quanto o mau uso do dom de línguas é perigoso para a igreja e o quanto ele está ligado ao comportamento infantil: “quando eu era menino falava como menino”.

No capítulo 14 a ênfase na meninice é enorme: “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos” (14.20-22).

Ainda, no mesmo capítulo: “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos? Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós” (23-25).

Vale lembrar que Corinto era uma cidade portuária. Mais do que isso: Possuía um canal que poupava a circum-navegação da península do Peloponeso, o que, dependendo do vento, poderia levar até dois dias. Para atrair os marujos que o usavam, a cidade oferecia gratuitamente muitos templos, com prostitutas cultuais, conforme os Deuses das muitas nações, cobrando caro por outros serviços.

Como anunciar o Evangelho a falantes de tantos idiomas? O Espírito Santo capacitava os membros daquela Igreja do mesmo modo como fez no Dia de Pentecostes. Entretanto, Paulo os exorta a que tenham cuidado para não escandalizarem indoutos e incrédulos. Marujos estrangeiros que eventualmente entrassem na igreja deveriam ouvir as grandezas de Deus “ordeira e decentemente” (14.40), em grupos de “dois ou quando muito três, e isto sucessivamente” (14.40) e com interprete para que toda Igreja saiba o que se está falando.

Duas conclusões se impõem:

1ª - Você se preocupa com evangelização? Cultue a Deus ordeira e decentemente e o resultado será a proclamação de que Deus está presente: Veja os versículos 24 e 25: “... é convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós”.

2ª - Repare no oposto. Na confusão instalada. Qual é o julgamento que as Sagradas Escrituras autorizam que os incrédulos façam a respeito da Igreja? Não é que estão loucos? Entendeu por que razão eu creio que o movimento pentecostal (que está fazendo 100 anos) foi a institucionalização (com a permissão divina) da vergonha sobre a Igreja?