quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Confissões

Nada há encoberto
que não venha a ser revelado;
e oculto
que não venha a ser conhecido.
Porque tudo o que dissestes
às escuras
será ouvido
em plena luz;
e o que dissestes
aos ouvidos no interior da casa
será proclamado
dos eirados.
(Lucas 12.2-3).

A advertência de nosso Senhor e Mestre é sempre atual e cada dia se comprova aos nossos olhos através das mentiras descobertas pela mídia.

Nestas últimas semanas ouvi diversas vezes este texto ser repetido diante da declaração de nossos políticos de que não fizeram o que lhes era imputado, para no dia seguinte aparecer uma mostrando o contrário.

Embora, lato sensu, se possa compreender assim, esse texto não foi dito com esse propósito.

Mateus registra dentro do contexto da escolha dos doze apóstolos, seguindo estes acontecimentos: A escolha é feita, Jesus lhes instrui e admoesta sobre as dificuldades que enfrentarão e os estimula dando a si mesmo como exemplo. Então declara que tudo que eles falarem em segredo se tornará publico.

O contexto de Lucas é bem diferente. Os fariseus acusam Jesus de ser o chefe dos demônios. Jesus os repreende, fala da estratégia dos demônios, acalma uma mulher impressionada com sua resposta, desilude quem espera por sinais, conta a Parábola da Candeia, censura duramente os fariseus e impreca contra os intérpretes da lei. Passa então a ser arguido, pelos escribas e fariseus, com tal veemência que eles mesmos se confundem. Jesus, vendo a confusão, ensina a seus discípulos o que foi transcrito acima.

A existência de dois contextos não implica numa contradição. Simplesmente indica que o Senhor o disse mais de uma vez.

A lição principal que o Senhor nos dá é de que não adianta esconder quem somos ou o que pensamos. Cedo ou tarde isso se tornará público.

Porém, convém salientar que este texto é dirigido, primeiro aos seus apóstolos e depois estendido a seus discípulos e quando ele o estendeu aos discípulos, estabeleceu uma contrapartida impressionante, que está na sequencia: “Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus” (Lc 12.8-9).

Somos sal e luz, e a única coisa comum entre o sal e a luz é influenciar o meio em que estão sem ser influenciados por ele. É da natureza deles. Não precisam se esforçar para isso, nem podem deixar de fazê-lo. O discípulo de Cristo espontaneamente o confessa pois não pode deixar de fazê-lo e isso nunca fica encoberto. Aliás, quando essa confissão for exigida diante de inimigos, terá assistência do Espírito Santo até na escolha das palavras.

Porém, o que mais deve alegrar o coração do Cristão é que tal confissão é repetida por Jesus diante do Pai.

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