sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pingando os Is

Todos sabemos que as palavras sofrem alterações de sentido no decorrer do tempo e não adianta querer consertar.

Até alguns anos atrás formidável era principalmente algo que inspirava temor por sua forma grande ou terrível. Hoje dizemos que alguma coisa é formidável se a considerarmos boa. Até um sorvete, pode ser formidável. A palavra sofreu uma alteração de significação ou alteração semântica.

Mas há outros tipos de alterações: os sentidos amplos ou simplesmente o uso inadequado.

Vulgarmente chama-se milagre a qualquer acontecimento que não se possa explicar por “meios naturais”.

Um amigo que chegou atrasado no aeroporto e perdeu o avião, me disse ter sido salvo por um milagre, pois aquela aeronave caiu. Outro também chamou de milagre ter entrado na sala no momento em que seu filho estava para enfiar a chave na tomada. E ainda outro me disse o mesmo, quando soube que o médico que estava de plantão na noite em que sua esposa foi internada na emergência era especialista no mal que ela sofria.

Nada disso deveria ser chamado de milagre e sim atos da providência divina. Estes casos são exemplos más aplicações do termo.

Um milagre é algo que decorre de uma ordem de um enviado de Deus e visa estabelecer claramente que Deus é Senhor, ou credenciar sua mensagem ou seu mensageiro, e é algo tão extraordinário que não deixa dúvidas sobre seu acontecimento, nem é feito pela metade.

Só pode ser chamado de milagre se for ordenado em nome do SENHOR, acontecer em sua totalidade.

Pra ser mais explícito: Um dente precisa voltar a ser dente e não virar “dente dourado”. Um cego de nascença deve passar a ver sem óculos. Um surdo mudo deve começar a ouvir e falar perfeitamente (sem passar por uma clínica de fonoaudiologia). Um aleijado tem de começar a andar sem reabilitação fisioterápica. Etc.

Se acontecem milagres hoje, discorrerei outro dia.

Outro i que deve ser pingado é a diferença entre inspiração e iluminação.

Hoje costumamos dizer que fulano estava inspirado quando escreveu uma música, pintou um quadro, e até quando um sermão fala ao coração.

Entretanto, a teologia reserva o termo Inspiração para descrever o que o Espírito Santo fez quando transmitiu sua Palavra aos escritores da Bíblia, e chama de Iluminação tudo o que se produz debaixo da orientação das Sagradas Escrituras.

Picuinha! Diria alguém. De forma alguma. Dizer que determinado hino ou cântico foi inspirado e dizer que a Bíblia é inspirada, é, no mínimo, semear confusão. E, creia-me: Há que pense que alguns hinos, cânticos ou sermões, complementam os ensinos bíblicos.

Devemos usar as palavras com mais cuidado. Quando precisarmos explicar o que queríamos dizer com determinada palavra é melhor não usá-la.

Não precisamos ter vocabulário erudito, mas não devemos cair na vala comum de repetir as palavras que servem pra tudo e não dizem nada. Pois é. Né? Falou! Falou e disse! Massa!

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