Vi luzes feéricas, enfeites - os mais coloridos - vi presentes lindos. Vi papéis picados forrando o chão e algodão imitando neve. Vi árvores muito verdes - sempre verdes - e até um presépio animado. Mas não vi a menor recordação do quanto nosso Senhor abriu mão para se fazer um de nós.
Ouvi belas músicas - daquelas que enchem os olhos de lágrimas - ouvi outras feias, com letras absurdas e melodias tolas. Ouvi cumprimentos, discursos e até sermões. Mas não ouvi a menor lembrança de que o Senhor se encarnou para salvar-nos de nós mesmos fazendo-nos justiça de Deus.
Senti cheiros mais doces do que incenso. Cheiro de chocolate quente e de pães recheados de frutas. Experimentei frutas de que só ouvira falar e outras que só aparecem no fim do ano. Mas, só de falar em cheiro de estrebaria, quem estava ao meu lado me chamou de chato.
Apalpei tecidos macios, peles fofas e sedas lisas. Mas o que veio a minha mente foi o pano grosseiro das faixas que enrolaram meu Senhor.
Contemplei paisagens lindas: nevadas, radiantes e estreladas. Contemplei pinturas, gravuras e belos desenhos. Mas nenhuma delas tirou de minha mente a lembrança de que a noite que recebeu meu Senhor foi tão comum que Herodes teve de indagar sua data.
Muitas lendas e muitos contos. Pouca, ou nenhuma, verdade. O verdadeiro significado de separar-se um dia para se comemorar “Deus conosco”, partilhando de nossa natureza, foi soterrado pelos interesses mais sórdidos de ganância e lucro.
Seja feliz (dizem, escrevem, cantam), compre aqui! Como se comprar fosse o caminho da felicidade. Que embuste!
Quero trazer à memória o que me dá esperança: A Misericórdia do Senhor - sem a qual todos nós seríamos consumidos, e, da qual, todas as demais, que se renovam a cada manhã, são apenas figuras - nasceu numa estrebaria e foi deitado numa manjedoura: seu primeiro passo em direção a cruz.
Quero trazer à memória o que me dá a certeza de que juntamente com ele tenho vida na presença do Pai.
Quero trazer à sua memória a mais forte das lembranças que eu puder reavivar: não uma história qualquer, mas a notícia de que Deus se fez homem para que nós fôssemos feitos seus filhos. Não apenas filhos de seu poder criador, mas, filhos de seu amor.
Feliz Natal!
| Ao adquirir nossa natureza Porém, a natureza que ele adquiriu Ele não hesitou tomá-la por amor dos seus, |
Um comentário:
Belíssimo texto. De fato nossas experiências natalinas modernas nada comungam da experiência daqueles envolvidos no primeiro e signiticativo natal. Deus o abençoe para que, à medida que traz à sua memória aquilo que produz esperança, a nossa também seja, igualmente, relembrada! Abcs
Postar um comentário