Este blog nasceu de uma necessidade: Em 2004 recebi de uma ovelha
o boletim de uma Igreja Americana (na realidade de brasileiros que viviam nos
EUA) com uma recomendação: “não deixe de ler o artigo, pois é muito bom e o
pastor de lá se esforça muito para manter um bom nível teológico em seus
escritos”. O texto era meu! Eu o havia publicado no boletim da Igreja que eu
estava pastoreando então.
Minha indignação maior não era a falta de crédito, era ver o
texto, cheio de erros de digitação, e sem dois parágrafos importantes para uma
correta compreensão do assunto.
Minha primeira reação foi parar de escrever. Afinal, pensava
eu, sabe-se lá onde esses boletins vão parar. Mas, graças a Deus, bons amigos
me apontaram uma saída melhor. Nasceu assim este blog. Se alguém quisesse
copiar que copiasse. Além de copiar sem erros (além dos meus próprios),
eventualmente teria de explicar por que aquele texto já existia antes na
internet.
Então de 2004 até 2014, todos os textos que escrevi para o
boletim daquela e Igreja (e mais alguns outros que podiam ser interessantes)
foram transcritos no blog.
Em 2015, ano que fiquei em Belo Horizonte, dando aulas no
Seminário Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemus Eller, escrevi poucas coisas. O
assunto das aulas era muito técnico e tomava muito tempo de preparo.
Em 2016 fui lecionar no Seminário Presbiteriano Rev. José
Manoel da Conceição em São Paulo e este blog continuou de lado, pois além dos assuntos
continuarem muito técnicos, apareceu a oportunidade de sistematizar alguns Estudos
Bíblicos feitos durante meu pastorado e concluir diversos textos.
Um desses textos tornou-se o livro “O Escriba do Rei” e os
Estudos Bíblicos, a que me referi, receberam o nome de “Quando for ler”.
Inicialmente, o “Quando for ler” deveria ser publicado em
papel em um volume só com o título “Quando for ler a Bíblia”, mas não encontrei
nenhuma editora interessada nele e uma auto publicação estava fora de cogitação,
pois além de não ter o dinheiro suficiente para pagá-la, eu acabaria dando
todos os exemplares: nunca fui bom vendedor. Decidi então publicá-la em mídia
eletrônica, pois além de ser muito mais barato (já que não exige papel,
transporte, estoque, distribuição, loja, vendedor, etc.) era muito mais prático
para se publicar e se ler: pode ser lido em computador, tablete, ou num simples
celular.
Infelizmente, por motivos técnicos, tive de publicá-los em
uma série: Pentateuco, Livros Históricos e Livros Poéticos. Breve publicarei
Livros Proféticos, completando o Antigo Testamento, e no segundo semestre de
2018 publicarei o Novo Testamento.
Quanto ao “Escriba do rei” a história é um pouco diferente:
Ao estudar a história dos Reis de Israel, se percebe que os relatos do Livro
dos Reis e das Crônicas, discordam em pequenos pontos. Não comprometem o
assunto básico, mas deixam um leitor atento meio desconcertado. Fica mais
complicado no caso de alguns Reis. Como o Rei Ezequias, que além dos relatos
das Crônicas do Livro de Reis, recebe um relato adicional do Profeta Isaías e é
mencionado no Livro dos Provérbios de Salomão.
Como conciliar esses relatos? Como entender que o mesmo
Ezequias, que mantinha escribas recuperando o texto do Livro dos Provérbios,
precisou raspar o ouro da porta do Templo para pagar tributo aos assírios e
pouco tempo depois é repreendido por Isaías por ter mostrado seu vasto tesouro
aos emissários do Rei da Babilônia?
Resolvi escrever então um texto ficcional: Um dos escribas
de Ezquias sai escondido de Jerusalém, que estava sitiada pelos Assírios e vai
por um caminho “menos usual” à Tiro buscar um saldo de ouro que Salomão deixará
lá por ocasião da construção do Templo.
Isto não deve ter acontecido, mas me dá uma possível
explicação para o surgimento do ouro e me proporciona falar sobre Jerusalém,
sobre a geografia da Israel e sobre Tiro (importante entreposto comercial de
então e centro da mais perversa idolatria sexual que sempre perturbou Israel.
Lembre-se de que foi de lá que veio Jezabel).
Foram 20 anos de pesquisa. Li tudo o que encontrei sobre
vestimentas, remédios, comidas, etiqueta, guerra, armas, comércio, etc. Mas...
daquela época!
Coloquei, como um dos personagens da história, um
adolescente para fazer as perguntas que julguei necessárias ao enredo que
situei entre poucos dias antes da cura miraculosa do Rei Ezequias, pelo Profeta
Isaías (lembra-se da pasta de figos?) e poucos dias depois da morte do exército
assírio que sitiava Jerusalém.
Procurei escrever usando frases curtas, períodos curtos,
ações visuais e ligeiras de modo a facilitar ao máximo a leitura de um texto que,
pode ser complicado para alguns menos familiarizados.
Espero que a leitura do texto lhe traga tanto prazer quanto prazerosa
foi para mim sua escrita.
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