Em 1791, o cientista italiano Luigi Galvani estava estudando a anatomia de uma rã. Aconteceu que ao espalhar as bandejas com os pedaços ao longo de uma mesa, ficou perto de uma Garrafa de Leyden, - uma versão mais primitiva do aparelho que deixa eriçados os cabelos de quem o toca.
As Garrafas de Leyden que se conhecia então armazenavam grandes quantidades de eletricidade e davam choques enormes.
Enquanto ele estudava os músculos da rã, ao contato com o bisturi as pernas se mexeram. Recuperado do susto ele deduziu que, de alguma forma a eletricidade da Garrafa de Leyden, tinha passado através do bisturi, e afetado os músculos da rã.
Pensou que um raio - cuja descarga elétrica é mais potente - poderia fazer o mesmo a uma distância maior. Na primeira tempestade colocou as pernas da rã penduradas com fios de cobre sobre uma grade de metal do lado de fora da janela. Mexeram-se. Porém continuaram mexendo-se mesmo sem raios. Fascinado, chamou isso de “eletricidade animal” crendo que ela residia nas pernas da rã.
Alguns meses depois, seu compatriota Alessandro Volta, iria explicar, que, neste caso, a eletricidade que fazia os músculos das pernas da rã se contraírem, vinha da união dos metais diferentes em que elas estavam presas. Entretanto ficou a idéia de que a eletricidade era a responsável pela vida, já que movimento e vida estavam associados há muito tempo.
Alguns anos depois, em 1831, foi lançado o livro de Mary Shelley: Frankenstein. Nesse livro a idéia central é a criação da vida. Narra como um cientista uniu diversas partes de cadáveres formando um ser, que, após receber forte descarga elétrica passou a viver.
Até hoje muitos cientistas defendem uma idéia semelhante: milhões de anos atrás nosso planeta era coberto por líquidos ricos em substâncias propícias ao surgimento da vida - é a isso que chamam de “sopa primordial” - que ao receberem fortes descargas elétricas de raios, produziram as primeiras bactérias, das quais todos os seres vivos evoluíram.
Mas será que a vida é apenas eletricidade?
Essa pergunta é fundamental para os cristãos, porque ao comemorar o Natal, comemoram o nascimento daquele de quem é dito: “a vida estava nele” (Jo 1.4).
O que as Escrituras nos informam é suficiente para se dizer que a vida é algo maior. Ela pode até se servir da eletricidade para movimentar a musculatura, para fazer o cérebro pensar, mas de forma alguma ela pode ser confundida com um mero movimento de elétrons, que, em última análise, é o que produz a eletricidade.
Há modos mais profundos e precisos de se encarar o assunto, mas, podemos dizer que a vida se apresenta em duas formas. A primeira e mais geral que podemos chamar “o sopro de Deus” e a segunda - característica apenas do ser humano - “a imagem de Deus”. Apenas para facilitar: a primeira é o princípio biológico, compartilhado com os outros animais, e a segunda é o princípio espiritual.
Em ambos os sentidos a vida estava em nosso Senhor. Pois “nada do que foi feito sem ele se fez” (Jo 1.3), inclusive a vida biológica. No outro sentido sabemos que ele encarnou-se - assumindo a “nossa biologia” - para restaurar em nós aquilo que nossos primeiros pais danificaram ao ponto de quase não ser mais reconhecida: a imagem de Deus.
O Natal deve sempre nos lembrar do dia em que nossa natureza foi resgatada por quem “veio para que tivéssemos vida e a tivéssemos em abundância.” (Jo 10.10).
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2 comentários:
Caro Fôlton:
Excelente, bem escrito, interessante e comunicativo.
Que Deus lhe abençoe.
Solano
Hummmm...
Vou lendo de trás para a frente e dá nisto...
Então estar morto espiritualmente significa que pensamos, sentimos e desejamos, mas num estado de morte da imagem de Deus em nós...?!
Então o morto espiritual é vivo biologicamente, mas morto pela imagem de deus...?
Mas então razão, emoção e vontade fazem parte do biológico, ou da imagam de Deus?
Ainda em dúvida...
Pois eu poderia dizer que "a imagem de Deus" é o espírito e que o sopro de Deus é a "alma"...
Mas então voltaria a ser tricotômico...
Mas a Bíblia é claramente dicotômica.
Prefiro continuar com a Bíblia.
Então continuo na dúvida.
A pergunta permanece.
Fico no aguardo.
O artigo aqui deu uma "luz", mas ainda estou na dúvida.
Abraço
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