Neste fim de semana nossa Igreja está promovendo uma série de Conferências sobre a ação missionária.
Apesar da Igreja, desde seus primeiros dias, ter entendido que tinha de obedecer a ordem do Senhor e “fazer discípulos de todas as nações”, não foram poucas as vezes em que ela se desviou desse alvo ou que o executou de forma errada.
Logo nos primeiros séculos, amparada pelo Imperador Constantino, que a tornou Religião oficial do Estado, ela entendeu que todos os súditos dele deveriam converter-se ao cristianismo também. Foram todos batizados então.
É óbvio que tal pratica fortaleceu a idéia de que basta ser batizado para tornar-se cristão. Ou seja: o batismo, em si, tem o poder regenerador (em teologia se diz que o sacramento, no caso o batismo, age por si independente de quem o recebe: ex opere operato).
Esta prática prevaleceu à medida que o Império Romano sobreviveu pelos séculos.
Com a descoberta de novas terras no século 16, juntamente com os desbravadores, vieram também clérigos a fim de batizar a força, tornando cristãos, os selvagens das terras descobertas: as Américas.
Os colonizadores portugueses ainda tiveram um pouco de cuidado na catequese e ensinaram alguns “princípios cristãos básicos” que logo se misturaram com as crenças animistas dos indígenas brasileiros. Os espanhóis, mais rígidos, exterminaram povos inteiros quando os achavam resistentes à fé cristã.
Com esse resumo, que certamente carece de menos generalização e de mais detalhamento histórico, quero mostrar um erro que prevalece hoje especialmente nos meios evangélicos.
Acaso podemos considerar cristãos aqueles que, coagidos pela espada, receberam o batismo?
Como então consideramos cristãos aqueles que, coagidos por uma bela peça retórica ou por um show espetacular, acabam aceitando o batismo, mas, como maus discípulos, rejeitam a pureza dos ensinos do Mestre e os misturam com suas próprias crenças? Acaso não lhes serviria a advertência bíblica: “Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão”.
Não estou me esquecendo do meio cultural em que o Evangelho se expressa, porém alerto para o modo como este meio é usado: como espada para “conversões”, ou como joio para desvirtuar do bom trigo do Senhor.
“Missionar” é jogar a semente. E o Senhor Jesus é claro: a semente é a Palavra. Somos semeadores cegos, que, como aquele da parábola, joga a semente em pedras, em caminhos ou em espinheiros. Mas, exatamente por não vermos o coração de ninguém, é que jogamos em todos. Afinal, sabemos que algumas cairão em terra boa. Estas frutificarão.
Não nos foi dada a missão de converter ninguém, mas de anunciar a boa notícia: Deus proveu solução para os descendentes de Adão: o novo Adão.
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2 comentários:
Reverendo
Acredite em mim.
Só agora li esta reflexão.
Estou lendo elas de trás para a frente.
A reflexão que fiz no meu blog, cujo título é praticamente idêntico e tema também não foi de forma alguma plágio da sua.
Mas reconheço que foi por influência sua, naquela pregação que ouvi, que fiz a tal reflexão.
Eu gostei demais desta analogia do semeador cego.
Acredite em mim, não foi plágio, mas convenhamos a fonte foi a mesma.
Obrigado.
Oliveira;
Nunca pensei que fosse. Li a que você escreveu e encontrei nela coisas que eu não disse. Porém, principalmente ... que de nós pode arrogar-se de possuir as palavras de nosso Senhor?
ab
Fôlton
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