sábado, 18 de novembro de 2006

Conhecerei como sou conhecido

Nos anos 40 ou 50 do século passado, havia um programa de rádio em que um “pastor” respondia perguntas a respeito da Bíblia. Tirava dúvidas. Um dia ele leu uma carta cujo teor podia ser resumido na seguinte frase: “como poderei ter alegria no céu se souber que meu filho está no inferno?”

A essa pergunta, infelizmente, ele ‘sugeriu’ 4 respostas. Na realidade, apenas uma poderia ser considerada resposta, pois, com tantas, ele semeou dúvidas que, até hoje, propagam-se com tal perniciosidade que as tenho como o cumprimento de Atos 20: “...dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas”.

Como já são objeto de debate público, muito a contra gosto, repetirei as 3 aqui, na esperança de firmar a verdadeira resposta.
1ª – “Na vida futura não nos lembraremos de nada do que aconteceu nesta vida”.
2ª – “Na vida futura não nos lembraremos das coisas ruins que nos aconteceram nesta vida”.
3ª – “Na vida futura não guardaremos, entre nós, os mesmos laços de relacionamento que guardamos nesta vida”.

A primeira “resposta/dúvida” é totalmente contrária ao ensino geral das Escrituras (a analogia da fé), pois, quão fútil seria comparecermos ante o tribunal de Cristo para respondermos por algo que foi apagado de nossa memória. Lembre-se: não há condenação, mas haveremos de prestar contas daquilo que ele nos confiou. Veja:

Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. 2 Coríntios 5:10

Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Romanos 14:10

E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas. Hebreus 4:13

Compare ainda com as seguintes palavras do Senhor: “Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus”

Como saberíamos a importância de Abraão, seu filho e seu neto, ao ponto de termos por honra partir o pão com eles, se não nos lembrarmos de coisa alguma, e, conseqüentemente, deles?


A segunda parece que foi feita após se pensar nos argumentos contrários à primeira. Ou seja: nos lembraremos de Abraão e seus descendentes, mas não nos lembraremos das coisas ruins.

Porém, acaso poderíamos lembrar da fé de Abraão sem lembrar do sacrifício de Isaque? Nos lembraríamos de Jacó sem lembrar que o Senhor o amou e aborreceu a seu irmão Esaú? Eles teriam importância para nós, figurariam no capítulo 11 da carta aos Hebreus, sem as provações pelas quais passaram?

Aliás, você teria a maturidade espiritual que tem sem as dificuldades pelas quais o Senhor fez você passar?

Irmãos, será que no Reino de Deus seríamos privados de nos lembrar da Bíblia onde ninguém tem seus defeitos escondidos?

A terceira, parte da pressuposição de que na eternidade amaremos a todos igualmente, por isso, vínculos familiares, que causam perdas dolorosas, não existirão. Porém, é apenas uma tentativa de, através do que as Escrituras não dizem, resolver um problema que já foi resolvido.

A única resposta é: Lá, na vida futura, nos lembraremos de tudo com mais clareza. Nos lembraremos dos fatos obscuros, que memorizamos conforme nosso ponto de vista, com a certeza que não é possível se ter nesta vida. Lá nosso conhecimento de todas as coisas será tal, que se cumprirá finalmente: “conhecerei como também sou conhecido”.

Então ficaremos tristes? Não! Absolutamente não! Nosso Mestre e Senhor nos declarou:
São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Apocalipse 7.14-17

Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Apocalipse 21.3-4

Haveria tristeza se não fosse o supremo consolo de Deus: O Consolador!

Essa é a esperança do cristão verdadeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Reverendo

Engraçado...

Estou lendo suas reflexões com o tempo e de traz para a frente, ou seja, estou lendo e voltando no tempo cronologicamente, assim que coincidência o seu texto agora ser sobre consolação "ele enxugará dos nossos olhos toda a lágrima", justamente o que lhe escrevi como comentário da última mensagem.

Sobre esta reflexão em específico seria incorreto dizer que teremos memória detalhada de tudo, mas não os outros, os outros terão memória de assuntos aqui e ali e não dos detalhes da nossa vida, afinal Ele não jogará no mar do esquecimento todos os nossos pecados, e deles não se lembrará mais?

Todos os meus pecados serão desnudados a todos...? Que vergonha, eu tive pecados que são indizíveis... E tinha esperança que eles ficariam entre mim e Deus somente.

Um grande abraço

Pode um Cristão ser “Esquerdista”?

1º - Se for presbiteriano (membro da Igreja Presbiteriana do Brasil) não pode, pois o Concílio Maior desta denominação já condenou diversas...