sábado, 10 de março de 2007

A inveja e cruz do Senhor

... por inveja, o tinham entregado.

Segundo as Escrituras a morte de Jesus teve diversas causas: “Jesus, o Nazareno, ... entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.22-23).

Primeiramente ele foi morto pela vontade de Deus. Porém, de forma misteriosa, houve a concorrência humana. E tal aconteceu sob diversos aspectos. Os principais foram: inveja, conspiração e traição.

É muito difícil dissociá-los, mas, analisando os autores principais de cada um desses pecados, podemos vê-los com um pouco mais de nitidez.

O terceiro ano do ministério terreno do Senhor foi muito penoso. Os estudiosos geralmente o chamam de “o ano da oposição”. O povo já não estava tão feliz com ele. Seus milagres, cada vez mais, exigiam uma postura do beneficiário e sua repetidas recusas de liderar um levante contra os romanos, desiludiram a muitos.

Há diversos invejosos que contribuíram para a morte do Senhor. Por exemplo, Judas.
Quando Maria ungiu os pés do Senhor na casa de Lázaro, Judas reclamou do desperdício de um perfume tão caro que poderia ser melhor empregado no auxílio aos pobres. João nos informa: “Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava”. Jesus o repreendeu e Marcos diz que logo após ele “foi ter com os principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus.”

Porém a inveja é vista mais claramente nos principais sacerdotes e nos anciãos e atestado por Pilatos. Veja:
“E, sendo acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu ... Ora, por ocasião da festa, costumava o governador soltar ao povo um dos presos, conforme eles quisessem. Naquela ocasião, tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado.”(Mt 27.12,15-18).

A inveja, desde a antiguidade, foi classificada por muitos sábios como o “vício burro”, pois dele nada se tira: “Nem mesmo o prazer pecaminoso” diziam. Nosso Senhor e Mestre nos ensinou que a inveja procede do coração e contamina o homem. Do mesmo modo que um judeu de então tornava-se religiosamente impuro se comesse com as mãos por lavar, hoje “estaremos religiosamente impuros” se, em lugar do Espírito Santo, a inveja for a “força motriz” de nossos corações.

Característica notável dos homens dos últimos dias, a inveja é uma das expressões da ira de Deus que está sendo derramada sobre a humanidade idólatra. Veja o primeiro capítulo da Carta de Paulo aos Romanos.

A ação da inveja é tão impressionante que leva o invejoso até mesmo a proclamar o Evangelho. Não o relatou Paulo aos Filipenses? E Tiago, o irmão do Senhor, sentenciou: “onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tg 3:16).

A inveja contamina e corrompe, sem qualquer comparação, as relações humanas. Por inveja, difama-se, rouba-se e mata-se. Inclusive o Filho de Deus.

Como pastor, eu já vi a inveja destruir amizades, famílias e até dividir Igrejas. Conheço Igrejas cujo início se deu sobre sentimentos invejosos.

Considerando o quão nefasto é este pecado, e vendo que foi, e será o responsável direto pelas piores atrocidades do homem, é nosso dever nos empenhar cada vez mais para que ele não mova nem domine nossos atos.

Que Deus nos ajude.

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