O pão nosso de cada dia dá-nos hoje
Perdoa-nos as nossas dívidas
assim como perdoamos nossos devedoresNão nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do mal.
Neste segundo grupo de três pedidos, oramos por nosso bem estar. Porém, ainda que não oremos “contra nós” (veja a Parte 2), tudo o que pedimos nos é extremamente humilhante. No primeiro pedido confessamos não ser melhores do que mendigos a pedir pão. No segundo nos declaramos inadimplentes a rogar perdão para nossas dívidas. E no terceiro pedido confessamos nossa total incapacidade de resistir ao que procura nos afastar da vontade de nosso Pai.
Além de tal natureza humilhante, cada pedido está vinculado a uma ou mais condições. Veja um por um.
Quando pedimos pelo pão, assumimos duas condições básicas. Primeiro, que ele seja o pão nosso. Não o pão alheio, do engano, da fraude e da opressão, mas o que é fruto do suor de nosso rosto. Segundo, não é o pão acumulado - como aquele louco da parábola do Senhor - mas o quotidiano. Aquele que nos mantém na dependência diária do Pai Celeste.
Também é bom lembrar que ao pedir o pão de cada dia, estamos nos obrigando a fazer esta oração diariamente.
Como pastor presbiteriano, tenho visto algum tipo resistência ao uso dessa oração. Creio que é por medo de semelhanças com as rezas Católicas, pois a explicação que mais ouço é: “orar uma vez ou outra tudo bem. Mas todo domingo? Parece reza”. Sempre respondo citando este pedido, pois ninguém quer alimentar-se uma vez ou outra, muito menos só aos domingos. E ninguém reclama da repetição dos mesmos alimentos. Entretanto, há quem se ache capaz de corrigir nosso Mestre e Senhor.
Dá mesma forma, quando pedimos o perdão das nossas dívidas, assumimos a obrigação de perdoar nossos devedores do mesmo modo, e com a “mesma intensidade”, que desejamos ser perdoados. Alguns explicam tal condição como uma simples declaração de intenções. Outros, vão mais longe e simplesmente deixam de usar essa oração – mesmo sendo as palavras que o Senhor nos ensinou – ou não dizem esta frase.
Esta oração visa primariamente nos colocar, diante de Deus, humildes e carentes de sua graça. Portanto, nada mais apropriado do que saber que, se ele manifestasse sua justiça, seríamos tão perdoados quanto perdoamos. Entretanto, sua justiça esgotou-se em seu Filho a fim de que fôssemos cobertos por sua misericórdia e por sua graça. E lembre-se bem de que foi ele que nos ensinou a orar assim, e especialmente chamando a seu Pai de nosso Pai.
Essa frase nos mostra o quanto não merecemos o perdão com que somos agraciados por Deus.
Quando pedimos que ele não nos deixes cair em tentação, acrescentamos: mas livra-nos daquilo – ou daquele – que é mau. Com isso, reconhecemos não ter forças para resistir a tudo o que visa a contrariar sua vontade: seja o produto de nossa natureza pecaminosa, ou a fascinação que o mundo exerce sobre nós, ou as sugestões que inimigo de nossas almas nos faz.
Asseguro que orar o Pai Nosso é mais do que rezar ou simplesmente repetir palavras. É cumprir a vontade de Deus expressa pelo profeta: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6.8).
Não percamos então a oportunidade de, como filhos amados, pedir a nosso Pai: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores. Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
3 comentários:
Rer. Folton, como me é prazeroso ler estes artigos do boletim de sua igreja. Hoje aprendi, mais, com estas explicações sobre a “Oração do Pai nosso”. Eu mesmo tenho grande dificuldade neste ponto da oração, pedindo a nosso Pai para nos perdoar assim como eu perdoou a quem me tem ofendido. Penso que, se nosso Pai fosse atender meu pedido, eu estaria “fulminado”.
Abraços,
Maurício
Pois é. Nossas orações são atendidas por casa de suas misericórdias e de sua graça. Nunca por causa de nossos méritos. Isso faz toda diferença e nos garante que nada pode se interpor entre nós e Ele.
ab
Fôlton
Rev. Folton,
Que bela explicação sobre a Oração que o Senhor nos deixou.
Deus continue abençoando-o neste ministério de ensino das Santas Escrituras.
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