Certos acontecimentos, se não fossem tristes seriam até engraçados. Por exemplo, o destaque que a mídia está dando aos 200 anos do nascimento de Darwin: Artigos apaixonados, reportagens biográficas elogiosas e, como não poderia faltar, críticas, azedas, aos que “ainda acreditam que foi Deus quem criou o homem”.
Um dos programas que vi afirmava que a genialidade de Darwin foi tirar o homem do centro do debate e substituí-lo pelas forças da natureza. Na hora me lembrei que já ouvira isso.
A primeira vez que a ouvi falava sobre Copérnico e Galileu: Com a publicação dos livros Da revolução de esferas celestes e Mensageiro das estrelas, eles tiraram o planeta terra do centro do sistema solar e conseqüentemente o homem da posição privilegiada que tinha. A terra passou a ser vista como apenas mais um planeta e as cogitações sobre a existência de vida em outros planetas ganharam força.
A segunda vez que a escutei foi a respeito de Freud. Semelhantemente dizia que ele havia tirado o homem do centro das considerações mostrando que ele era apenas um animal como outro qualquer, motivado basicamente por sua sexualidade.
Quem sabe essa frase tenha sido dita outras vezes. Porém, é bom lembrar que o livro de Copérnico foi publicado em 1543, o livro de Galileu em 1610, os escritos de Freud vieram à luz em 1890. Ou seja: antes de todos eles, em 1536, na primeira edição das Institutas da Religião Cristã, Calvino já era bem explícito: o homem é apenas uma criatura de Deus e portanto não pode dirigir seu destino como se fosse Deus.
Calvino também tirou o homem do “centro”. Entretanto não o substituiu pelas “forças da natureza” e sim por seu Criador.
Para Calvino isso não era novidade, pois ele se lembrava do Apóstolo Paulo que dizia “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Rm 9.20e21). Ele se lembrava também da pergunta do salmista: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres e o filho do homem, que o visites?” (Sl 8.3e4).
Porém, apesar de apontar Deus como o centro de todas as coisas, até da vontade e do destino dos homens, ele não rebaixou seu semelhante a simples animal dominado por instintos de sobrevivência e procriação. Poucos, além dele, falaram tanto a respeito da Imagem de Deus, como o diferencial entre o homem e as demais formas de vida. Só o homem a possui. Só o homem foi criado à imagem de Deus, apesar de compartilhar princípios biológicos com outros animais também criados por Deus.
Curiosamente, neste ano em que os 200 anos do nascimento de Darwin é lembrado, comemoramos também 500 anos do nascimento de Calvino.
E, de fato, o homem não é o centro de tudo. Mas a quem você vê no centro? Forças cegas da natureza? Acasos? Ou Deus?
Quando você estiver assistindo a um desses programas, ou lendo sobre esse assunto, preste atenção na quantidade de vezes em que as palavras “provavelmente”, “talvez”, ou outras semelhantes, aparecem. Sabe por quê? A razão é simples: o evolucionismo ainda é uma teoria: Teoria da Evolução. Ainda não foi provada. Mas já é tida como verdade absoluta da qual não se pode duvidar.
Então, no fundo, no fundo, estão retornando o velho homem para o centro - se é que o tiraram de lá - pois suas teorias são tidas como verdades absolutas das quais não se pode duvidar ou sequer questionar.
3 comentários:
Caro Rev. Fôlton, parabéns pelo artigo. A associação em virtude das datas foi preciosa. Deu saudade de ouvir seus estudos e pregações. Um forte abraço, Ageu.
rev. Foltôn, belo artigo. Muito bem feita a associação entre as situações. Quem se lembrará de Calvino se mal podemos ouvir os nossos próprios pensamentos envoltos pelo barulho ensurdecedor da festa no apto vizinho, que comemora o aniversário do HomoDarwinus?
O Prédio inteiro está em festa, uns por bons motivos, outros... nem tanto. Esperemos que o prédio não caia, tetos não rumem ao chão, paredes não cedam....
Rev. Folton,
Que post precioso! Deus ilumine sua mente para continuar escrevendo de forma tão simples, clara e profunda.
grande abraço,
Milton Jr.
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