Ora, àquele que é poderoso
para fazer infinitamente mais
do que tudo quanto
pedimos ou pensamos...
Efésios 3.20
Por dever de ofício tenho de acompanhar algumas pessoas em situações difíceis até de descrever, e algumas vezes tenho de tolerar outras que, para não ficar muito bravo, é necessário pedir a Deus dose extra de paciência.
Ainda me lembro do brilho no rosto de Dona Joselita quando me aproximei de seu leito: “Graças a Deus! O senhor veio me buscar”. Falou com os olhos marejados e fôlego curto.
A dignidade dos seus oitenta anos, estampada na pele vincada e brunida pelo sol, estava sendo abalada de forma mais humilhante do que a tosse e o pigarro nojento dos muitos cigarros de palha faziam, pois num leito duma enfermaria lotada e quente, onde, apesar de dois ventiladores de teto soprarem tudo o que era leve, muitas moscas aborreciam a todos. E ela estava coberta apenas por um lençol, que, de tão vagabundo, permitia ver que vestia apenas uma fralda geriátrica.
Antes de terminar de recitar aos seu ouvido o Salmo 23 ela já repetia com todas as forças que seu fôlego lhe permitia: “Pastor, leva eu! Leva eu, pastor! Leva eu, leva eu, leva eu...”.
Fiz das tripas coração e orei as poucas palavras que consegui. Eu sabia que quem a levaria seria o verdadeiro pastor. Aquele do qual sou apenas o servo. Dois dias depois a levou.
Ainda me lembro de um noivo, que, empolgado com o casamento do príncipe inglês – há muito tempo atrás – insistia em se casar vestido com uma farda semelhante a dele.
Nem reservista ele era. Havia ficado no excesso de contingente, mas seu sonho, que embaraçava a noiva e mostrava sua infantilidade era aquele. Insistiu no sonho e nem a noiva o quis mais.
No versículo transcrito acima, o Apóstolo Paulo se refere a coisas mais profundas do que as necessidades desta vida. Mesmo que seja fôlego.
Leia o texto todo e veja que ele se “colocou de joelhos” para que possamos compreender o amor de Cristo e sermos tomados de toda plenitude de Deus.
Isso se tornou possível a partir da encarnação de nosso Senhor.
No artigo passado eu falei que o Verbo de Deus, assumindo nossa natureza, tornou-se a última Palavra de Deus. Não há outra. Hoje quero enfatizar que ele tornou possível a verdadeira comunicação com Deus. Se tornou a única possibilidade de nos comunicarmos com ele.
Em que sentido então ele faz mais do que pensamos ou pedimos?
A maioria de nossas preocupações são semelhantes às do rapaz que desejava casar-se vestido de príncipe. Quando temos problemas reais, oramos desesperados pedindo fôlego.
Pois bem: Ele faz mais do que isso. Ele nos dá fôlego eterno e “... o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22.5).
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