Deus criava caso com cada coisinha! Foi a reclamação de alguém ao me cumprimentar à saída da igreja depois de eu ter pregado sobre a festa dos pães asmos.
Fiquei convencido de que preguei um péssimo sermão ou de que ele dormiu (hipótese muito provável face as qualidades soporíferas de minha voz).
Ele não entendia por que, na Antiga Aliança, Deus proibia o uso do fermento durante uma semana no ano, e eu tentei mostrar que, como sombra de coisas superiores que viriam, Deus ensinou aos judeus como se corta os vínculos com o passado que tenta dominar o presente e afetar o futuro.
Hoje podemos comprar fermento nos supermercados e nos mercadinhos. Uma amiga me disse que a mãe dela o fazia em gamela de madeira com açúcar mascavo e farinha polvilhada antes de colocar a massa do pão para repousar coberta por um pano. Entretanto, naqueles dias, fazer fermento era algo complicadíssimo.
E a primeira lição começou na saída do Egito: A páscoa era o início da Festa dos Pães Asmos. Durante sete dias não podiam comer nada levedado. Portanto, do Egito não levaram fermento.
Primeira lição: Quem sai do Egito não leva seu fermento. O apóstolo Paulo aplica esta lição ao incestuoso de Corinto: “lançai fora o velho fermento”. Nem os ídolos do Egito nem os costumes pagãos de Corinto.
O que era permitido fazer no Egito não é mais permitido no arraial peregrino. O que era comum em Corinto - apesar de ser estranho entre os pagãos - sequer deve ser visto na Igreja.
A segunda lição foi dada por nosso Senhor ao advertir seus discípulos contra o fermento dos fariseus e saduceus e explicar que estava se referindo a doutrina e a hipocrisia deles. Ou seja: Até um discípulo que priva da intimidade do Senhor pode ser afetado pelo fermento desses grupos.
Os fariseus e os saduceus eram os principais grupos políticos-religiosos da época de Jesus. Dividiam o poder com outros grupos menores. E embora concordassem em poucos pontos doutrinários foram os responsáveis pela tradição tal como Jesus a encontrou.
Mais legalistas, os fariseus, estabeleciam medidas, regras, limites e costumes. Os saduceus aproveitavam o que lhes interessavam, pois a grande maioria deles era constituída de famílias sacerdotais muito ricas e interessadas em manter o status quo.
Da oração de um fariseu (Lc 18.12) sabemos que ele - e parece que os demais - jejuava duas vezes por semana, e da ordem que o Senhor dá de fazer isso secretamente (Mt 6.17), parece que era comum alardear para atrair admiração. Entretanto a Lei só exigia um jejum por ano! Apenas no dia da expiação. Ou seja: Eles multiplicaram por 100 a exigência da lei apenas para obter a admiração dos homens.
Essa tradição hipócrita deveria ser deixada de lado pelos discípulos de Jesus.
A lição para hoje é que após nos encontrarmos com Jesus, o verdadeiro cordeiro pascal, devemos proceder como faziam nossos antepassados e queimemos o velho fermento, para que ele não contamine nem nosso presente, muito menos nosso futuro, pois somos novas criaturas.
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