A vida da Igreja tem sido de lutas. Lutas terríveis, contra todos os tipos de inimigos. De modo geral ela tem sido vitoriosa (do contrário não existiria hoje).
Algumas lutas resultaram em bênçãos. Por exemplo: os Credos e as Confissões expressam momentos de vitórias sobre ataques maiores ou menores. A própria Reforma Protestante do Século XVI foi resultado de séculos de lutas.
Mas quero falar de outra espécie de luta mais corriqueira. A que não é travada nos concílios, mas no convívio diário das ovelhas (algumas vezes dos cabritos).
Ainda pequeno vi algumas de suas batalhas sem entendê-las bem, já adolescente participei ativamente de um ou de outro lado, sem saber muito o que fazia. Só tomei consciência dessa luta no meu primeiro ano de Seminário e hoje a vejo com muita nitidez.
Essa luta é uma verdadeira guerra, travada diariamente entre a Igreja e o Mundo. Curiosamente era de se esperar que a Igreja estivesse em posição de ataque, mas geralmente o atacante é o mundo e a igreja só se defende, quando se defende, pois na maioria das vezes ela absorve o ataque.
A primeira batalha que testemunhei - e, de certa forma, perdura até hoje - diz despeito a modéstia do vestuário. Eu não entendi por que razão um pastor desceu do púlpito, durante a leitura da Bíblia, antes do sermão, tirou a toalha da mesa e cobriu as pernas de uma moça que estava sentada na primeira fileira. Hoje eu entendo e as vezes sinto vontade de fazer o mesmo.
Dentro desse assunto o mundo nos constrange a usar nossas melhores roupas para nos apresentarmos diante de nossos chefes ou de nossos clientes, mas não nos sentimos nem um pouco constrangidos a fazer o mesmo ao nos apresentar diante de Deus. As vezes nos apresentamos até de bermudas e bonés e usamos a desculpa: “o que vale é o coração”. Creio que essa batalha já foi vencida pelo mundo.
Quando adolescente eu me envergonhava dos cânticos de nossa Igreja. Não dos que continham erros, mas daqueles que estavam “fora de moda”. Ainda me lembro da alegria que senti quando ouvi um disco (naquele tempo era de vinil) com um sambinha, pra ser cantado na igreja. A letra até que era boa. Mas isso foi o começo.
Naquela época já havia uma batalha meio surda sobre o uso de violões no culto. Enquanto alguns argumentavam que os violões representavam a cultura boêmia de nosso país, e que Davi ao usar instrumentos de corda no templo, deixou de lado os instrumentos do uso comum e fez instrumentos especiais, outros diziam que a música não tem nada a ver com aquilo que ela veicula.
Como o violão é mais prático de se levar, mais fácil de se aprender, mais barato de se comprar e proporciona o ritmo mais acentuado (que se procurava, no caso para esse sambinha), nem preciso dizer o que aconteceu.
Com os violões vieram os pandeiros sem couro, depois com couro, os afoxés e finalmente a bateria completa. Depois, para chegar aos conjuntos musicais com direito a luzes, fumaça, efeitos especiais e toda parafernália comum aos shows mundanos foi apenas questão de tempo. Essa batalha já foi tão perdida que hoje se tem por esquisito quem canta o “fragoso alcantil”.
Enquanto isso os sermões viravam qualquer coisa menos a exposição do Evangelho e os pastores chegaram ao ponto de transformar o que deveria ser um culto em uma sessão de entretenimento (pra não dizer descarrego) ou circo, inclusive vestidos a caráter. Hoje é mais fácil obter apoio para se apresentar vestido de palhaço do que trajando o sóbrio manto genebrino. Mais uma batalha que o mundo venceu.
Porém o que mais me enoja, e que parece estar fincando raízes cada vez mais profundas é o uso de obscenidades na conversa coloquial. Cada dia é mais difícil escutar uma frase sem um p*, ou uma exclamação sem um é f*!.
E isso está se generalizando. Já ouvi tanto de filhos como de pais. Já ouvi de ambos os sexos. As vezes quem fala nem nota que falou. Recentemente alertando um catecúmeno ele me perguntou: isso é palavrão?
Deixaremos que o mundo vença mais essa?
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