Mal saíram do Egito - escravos, fazedores de tijolos com uma terra tão ruim que exigia vegetais para dar liga à massa - Deus os reuniu aos pés do Monte Sinai. Lá deveriam se tornar um povo. Lá receberam a aliança que Abraão, séculos antes, conhecia pela fé.
De tão rudes, a aliança lhes foi resumida em tábuas de pedra. Mas, como analfabetos observariam o que estava escrito? Tudo foi sancionado então com sangue de cordeiros inocentes; depositado em uma arca de ouro e entregue a uma tribo separada para que as observassem. Finalmente, foi ordenado que fizessem uma tenda especialmente adornada onde seriam guardadas.
Os adornos dessa tenda não podiam ser produto da imaginação de qualquer um. Deus chamou dois homens para elaborar o projeto dela, treinar seus auxiliares e edificá-la, conforme a vontade dele. Tudo foi prescrito: As paredes, a cobertura, os móveis, a decoração, até mesmo a roupa que os oficiantes vestiriam enquanto estivessem dentro dela. Fariam a partir de metais, madeiras, tecidos, e especiarias. O Espírito Santo os capacitaria como marceneiros, entalhadores, ourives, bordadores, perfumistas, etc.
A tenda seria a morada das tábuas da Lei de Deus, portando da Vontade de Deus e em última análise do próprio Deus. Nada mais natural, portanto que fosse construída e ornamentada conforme seu querer e caráter.
A tenda foi erigida e consagrada: “...Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do SENHOR encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo... De dia, a nuvem do SENHOR repousava sobre o tabernáculo, e, de noite, havia fogo nela, à vista de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas” (Ex 40.34-38).
Esse sinal fantástico, fogo sobre a tenda da congregação, se repetirá sobre o Templo de Salomão, mas não sobre o Templo de Zorobabel.
Muitos séculos se passaram e depois da morte, ressurreição e ascensão de Jesus perceberam que uma nova criação teve início, substituindo a que nosso pai Adão estragou. Uma pequena multidão (cento e vinte?), reunidos em uma casa, viu aquele mesmo fogo descer sobre a cabeça de cada um. Cada um era um tabernáculo em que a Lei de Deus morava. Agora ela era escrita no coração e não em tábuas de pedra, como os profetas do Senhor falaram tantas vezes.
Mas, e os adornos dos quais o Senhor fizera tanta questão no primeiro tabernáculo? Estavam todos lá.
As pedras preciosas no peito deram lugar ao que simbolizavam: boas obras. O linho branco foi substituído pelas vidas santas e estofo pela paciência e longanimidade. Etc.
Todos capacitados a fazer o que antes poucos fizeram. O Espírito agora não habitava com eles. Habitava neles. E hoje habita em nós!
No passado longínquo todas as coisas eram figuras de algo superior que se cumpriria em Jesus e seria transmitido ao seu povo. Por essa razão é que Pedro ensina que o verdadeiro adorno é “o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3.4).
(Publicado originalmente em 1/7/2011)
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