Na mesma carta confessa que perdeu uma grande oportunidade,
concedida pelo Senhor, em Trôade, devido a falta de tranquilidade (2Co 2.12-13)
e que chegou a desesperar-se da vida pelo tamanho das tribulações que enfrentou
na Ásia (2Co 2.8).
Eu já passei por momentos assim. Já pedi ao Senhor que me
levasse e nem sei contar quantas oportunidades perdi por falta de tranquilidade.
Portanto, conheço, por experiência, o que você está sentindo, se enfrenta lutas
por fora e temores por dentro.
Nenhum de nós está livre de lutas. Aliás, elas são tão
necessárias à saúde de nossa fé como uma atividade física é útil à saúde de
nosso corpo. Para ser mais exato, o Senhor Jesus disse que elas fariam parte de
nosso caminhar, quando nos mandou tomar, cada dia, a nossa cruz e segui-lo.
As lutas definem o caráter e fortalecem a fé.
Nenhum de nós também está livre de temores. Temores pela
saúde, pelo trabalho, pela família, pelo futuro de nosso país, até mesmo pelo
que está acontecendo com a igreja. Sempre vejo adolescentes ou jovens temendo
um vestibular ou uma entrevista de emprego, pais receosos das companhias de
seus filhos e anciãos preocupados com o fim da vida.
Os temores estimulam o exercício da fé.
Nesta mesma carta Paulo cita duas razões pelas quais um
filho de Deus enfrenta coisas assim: aprender amar a Deus sobre todas as coisas
e aprender amar ao próximo como a si mesmo.
Ele aprende amar a Deus quando as lutas e temores lhe
mostram que é apenas um vaso de barro e que a excelência do que conseguiu fazer
veio de Deus. Nas palavras do próprio Paulo: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei
nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12.9).
Ele aprende a amar seu próximo quando percebe que as lutas e
temores passados e superados lhe ensinaram a confortar (cum+fortius=com força)
ou consolar (obra primária do Paracletos) a quem enfrenta tal situação: “É ele [Deus]
que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que
estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos
contemplados por Deus” (2Co 1.4).
Nos dias atuais, além de não ser conveniente confessar tais
problemas, considera-se feliz aquele que os supera com os próprios esforços.
Porém, isso não é um valor cristão. O verdadeiro cristão entende que a
bem-aventurança consiste em ser consolado por Deus e aos pés dele depõe suas
lutas e temores.
Hoje se prega um cristianismo que traz prosperidade, saúde,
realizações e vitórias. Desconfie! A principal mensagem do verdadeiro Cristianismo
é pregada à sombra de uma cruz. Lá está a verdadeira vitória. Lá cessam todas
as lutas e dissipam-se todos os temores.
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