sábado, 3 de maio de 2014

Lutas por fora, temores por dentro.

Embora alguns não usem essa frase com receio de serem tidos por faltos de fé ou fracos, provavelmente ela seja uma das melhores descrições daquilo por que a grande maioria de nós passa. Com ela, o apóstolo que se recomendou à consciência dos fiéis, confessa suas dificuldades à igreja de Corinto (2Co 7.5).

Na mesma carta confessa que perdeu uma grande oportunidade, concedida pelo Senhor, em Trôade, devido a falta de tranquilidade (2Co 2.12-13) e que chegou a desesperar-se da vida pelo tamanho das tribulações que enfrentou na Ásia (2Co 2.8).

Eu já passei por momentos assim. Já pedi ao Senhor que me levasse e nem sei contar quantas oportunidades perdi por falta de tranquilidade. Portanto, conheço, por experiência, o que você está sentindo, se enfrenta lutas por fora e temores por dentro.

Nenhum de nós está livre de lutas. Aliás, elas são tão necessárias à saúde de nossa fé como uma atividade física é útil à saúde de nosso corpo. Para ser mais exato, o Senhor Jesus disse que elas fariam parte de nosso caminhar, quando nos mandou tomar, cada dia, a nossa cruz e segui-lo.

As lutas definem o caráter e fortalecem a fé.

Nenhum de nós também está livre de temores. Temores pela saúde, pelo trabalho, pela família, pelo futuro de nosso país, até mesmo pelo que está acontecendo com a igreja. Sempre vejo adolescentes ou jovens temendo um vestibular ou uma entrevista de emprego, pais receosos das companhias de seus filhos e anciãos preocupados com o fim da vida.

Os temores estimulam o exercício da fé.

Nesta mesma carta Paulo cita duas razões pelas quais um filho de Deus enfrenta coisas assim: aprender amar a Deus sobre todas as coisas e aprender amar ao próximo como a si mesmo.

Ele aprende amar a Deus quando as lutas e temores lhe mostram que é apenas um vaso de barro e que a excelência do que conseguiu fazer veio de Deus. Nas palavras do próprio Paulo: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12.9).

Ele aprende a amar seu próximo quando percebe que as lutas e temores passados e superados lhe ensinaram a confortar (cum+fortius=com força) ou consolar (obra primária do Paracletos) a quem enfrenta tal situação: “É ele [Deus] que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2Co 1.4).

Nos dias atuais, além de não ser conveniente confessar tais problemas, considera-se feliz aquele que os supera com os próprios esforços. Porém, isso não é um valor cristão. O verdadeiro cristão entende que a bem-aventurança consiste em ser consolado por Deus e aos pés dele depõe suas lutas e temores.

Hoje se prega um cristianismo que traz prosperidade, saúde, realizações e vitórias. Desconfie! A principal mensagem do verdadeiro Cristianismo é pregada à sombra de uma cruz. Lá está a verdadeira vitória. Lá cessam todas as lutas e dissipam-se todos os temores.

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