O próprio Paulo resume assim: “... e ressuscitou ao terceiro dia, segundo
as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por
mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até
agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por
todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como
por um nascido fora de tempo” (1Co 15.4-8).
Tomé exigiu do Senhor provas de que “era ele mesmo”, mas não ficou sem
uma repreensão. Diferentemente, Lucas, vários anos mais tarde, sem ver o
Senhor, ficou tão impressionado com os relatos de sua ressurreição que
escreveu: “...
depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis”
(At 1.3). Lembre-se: Lucas era médico.
Mas, por que o Senhor Jesus não apareceu a todos?
Quanto ouço que o cristianismo baseia-se em lendas, contos,
ou relatos desvirtuados, ou que a existência de Jesus não passa de uma ficção,
eu me lembro disso: ele apareceu apenas a alguns!
Explico: se tudo isso fosse uma história inventada, o final seria
o esperado: Jesus aparecendo a todos e punindo aos que tinham obrigação de
zelar por seus interesses, mas o condenaram à morte. Não é assim que terminam
as histórias deste gênero literário, no qual querem classificar as Sagradas
Escrituras?
Replicam, entretanto, que, como apenas alguns o viram depois
da ressurreição, é de se suspeitar da narrativa. Mas, como suspeitar de homens
que mantiveram tal testemunho “inacreditável” mesmo ameaçados de morte?
Voltemos à pergunta: Por que Jesus não apareceu a todos?
Lucas nos dá a melhor resposta: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as
palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo
o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então,
lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim
está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no
terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de
pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas
coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na
cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.44-49).
Em síntese: Os novos filhos de Abraão não nascem “do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Nascem
da fé.
Ora, que outro processo haveria de gerar estes novos
descendentes senão “a loucura da pregação”? Crer, no que não se
viu, disse Jesus a Tomé, é bem-aventurança. E, para garantir que apenas os que “creem em seu
nome” respondam a uma mensagem tão inusitada, o Senhor Jesus houve
por bem divulgar sua ressurreição - sua vitória sobre a morte e nossa paz com
Deus - através das testemunhas que ele selecionou.
Assim o Evangelho é pregado conforme sua natureza: “Escândalo para
os judeus, loucura para os gentios” (1Co 1.23).
O anúncio do evangelho decorre desse fato: Jesus só apareceu
àqueles a quem enviou! E, por consequência, essa é uma das marcas dos falsos
apóstolos: anunciar a verdade calcados em mentiras dizendo terem visto o
Senhor.
Daqueles a quem ele apareceu, chegou a nós o santo
evangelho. A esses ouvimos. E, em nós, manifestou-se a verdadeira fé. Fé que não
depende de nada além do poder de Deus. Fé que subsiste a despeito de tudo.
Bendito instrumento que gera os novos - os verdadeiros -
filhos de Abraão.
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