sábado, 12 de abril de 2014

Entradas em Jerusalém

Quase setecentos anos antes de Jesus entrar em Jerusalém, montado em um jumento, os príncipes de Nabucodonozor também entraram em montarias de guerra.

Por dois anos eles mantiveram Jerusalém sitiada, como registrou o cronista sagrado: levantaram tranqueiras ao seu redor. E durante esse tempo Jerusalém suportou a falta de alimentos. Felizmente havia água, pois, cem anos antes foram cavados túneis sob a cidade que iam até uma fonte.

Pacientes, os babilônios trabalharam até abrir uma brecha na muralha. Abriram e puseram em fuga todos os “homens de guerra”, que logo foram alcançados e desbaratados. O rei Zedequias foi preso com sua família e mataram sua família e depois furaram seus olhos (de modo que a última coisa que ele visse fosse a morte de seus queridos) e o levaram acorrentado para a Babilônia.

O profeta Jeremias estava lá. As ordens do rei invasor eram claras: ele deveria ser protegido. Ele sempre falava que a única esperança para Israel era sofrer o cativeiro. Isso da impressão de que ele era amigo dos Babilônios e, os judeus o tinham por traidor. Mas, o que era claro para Jeremias é que não se pode fugir do castigo de Deus. O melhor que se pode fazer é recebê-lo: “por a boca ao pó”!

Hoje nos lembramos do dia em que Jesus também entrou em Jerusalém. Ele não teve de cercá-la, nem de abrir uma brecha em seus muros – muito menos de cegar suas autoridades, pois elas estavam duplamente cegas –  pelo contrário: foi recebido com gritos de alegria, palmas, ramos e roupas forrando o chão em que sua humilde montaria passava.

Entretanto, ao ver a cidade de longe, diferentemente dos Babilônios, chorou de compaixão e lamentou: “Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos. Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação” (Lc 19.42-44).

A situação de Jerusalém então era pior. Por um capricho, deram a João Batista um fim pior do que o de Jeremias, e agora recebiam o Filho de Deus, sem reconhecê-lo como tal. O recebiam como se fosse alguém que os lideraria em uma luta contra os Romanos.

Há certa semelhança com o que está acontecendo em nossos dias. Hoje Jesus tem sido recebido até com aplausos e festas, porém nunca como deveria ser. Às vezes o honram com títulos tolos – o maior psicólogo, mestre, líder, etc. do mundo –  porém nunca como o verdadeiro Deus em quem habita corporalmente a plenitude da divindade. Hoje as palmas e as roupas que estendem por seu caminho são bajulações grosseiras e falta de respeito (para dizer pouco). Entretanto ele continua apresentando-se humilde como quem cavalga um animal de carga.

Ainda é tempo de reconciliação. O Senhor ainda pode ser achado. Ainda está perto.

Não perca a oportunidade de buscá-lo.

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