Desde fúria cega das bombas lançadas por palestinos e por
judeus na guerra de algumas semanas atrás, até os ataques individuais feitos
pelos palestinos, com carros, tratores,
motocicletas, ou com o próprio corpo coberto de explosivos, revelam uma fúria impossível
de ser descritas.
Esse estado de beligerância, em que o ódio parece respingar,
não é novo. A Bíblia atesta sua antiguidade. O primeiro contato entre
palestinos e judeus é do tempo de Abraão. Os dois Abimeleques (provavelmente pai
e filho) relatados em Gênesis capítulo 20 e 26, que foram iludidos por Abraão e
Isaque, respectivamente, eram filisteus.
É bom lembrar que a palavra “palestina” se deriva da palavra
hebraica para invasor, ou divisor (a mesma que deu origem a Pelegue, filho de
Heber (Gn 10.25), que nasceu quando a terra foi repartida). A palavra tem duas
formas: uma com P, originária do hebraico (de onde vem a forma portuguesa “palestinos”)
e outra com F do árabe, que não possui o som P (de onde vem a forma ladina “filistines”
e francesa “Philistins”). Eles invadiram a região que a Bíblia chama de
filístia, vindo de Caftor (Creta). Veja o que diz o profeta Amós (9.7): “Não fiz eu
subir a Israel da terra do Egito, e de Caftor, os filisteus”?
Parece que na época do êxodo já eram belicosos, pois Moisés
registra que Deus não conduziu Israel pelo caminho mais curto, da terra dos
filisteus, para que “o povo não se arrependa, vendo a guerra, e torne ao
Egito” (Ex 13.17).
Certamente naqueles dias eles já habitavam a Faixa de Gaza,
pois o mar daquela região era conhecido como o “mar dos filisteus” (Ex 23.31) e
em Dt 2.23 encontramos: “também os
caftorins que saíram de Caftor destruíram os aveus, que habitavam em vilas até
Gaza, e habitaram no lugar deles”.
Eram descritos como povo valente, forte e alto (Dt 2.20-21)
e, quando Josué estava velho, Deus se referiu ao lugar em que viviam, como
terra “não conquistada” (Js 13.2). Diz também que os cinco príncipes filisteus
– “o de Gaza,
o de Asdode, o de Asquelom, o de Gate e o de Ecrom” (Js 13.3) –
foram deixados pelo SENHOR, para “provar a Israel” (Jz 3.1-3).
Durante os 400 anos dos juízes houve muitos enfrentamentos.
Sangar, um dos juízes, notabilizou-se em luta contra eles (Jz 3.31), mas Israel
chegou a adorar seus deuses (Jz 10.6). Quem mais se destacou na luta contra
eles foi Sansão, que, apesar de casado com uma filisteia (Jz 14.1-4), os
enfrentou: incendiou suas plantações (Jz 15.3-6) e arrancou os portões de Gaza,
a principal cidade deles (Jz 16.1). Traído por Dalila, que estava a serviço
deles, foi preso. Furaram seus olhos e o levaram, como trofeu, para o templo do
principal deus do panteão filisteu, Dagom. Lá conseguiu derribar os pilares do
templo, matando seus príncipes (Jz 16.19-30).
Nos dias de Samuel os filisteus tomaram a Arca da Aliança e
a colocaram no templo de Dagom como despojo. Deus os castigou tanto que a enviaram
de volta. Nos dias de Saul não deram trégua.
Dominavam os arredores com armas
de ferro, o que lhes dava grande vantagem. Cerca de setenta anos depois de
Sansão apareceu o filisteu Golias, que foi morto por Davi. E alguns anos depois,
na luta contra eles, desesperado, o primeiro rei de Israel, Saul, se matou.
O segundo rei de Israel, Davi, além de vitórias sobre eles,
obteve o respeito de alguns ao ponto de serem usados como seus guardas pessoais
(veja 2Sm 8.18, 15.18,
20.7, 20.23 na versão
Almeida Corrigida que fala de Peleteus: uma derivação da palavra filisteus:
provavelmente uma tribo menor dentre eles).
Continuaram inimigos dos demais reis de Israel e de Judá.
Algumas vezes Israel os dominava (2Cr 17.11), outras vezes era vencido (Is
9.12).
O território chamado de filístia (terra dos filisteus) é
também chamado de Faixa de Gaza, tendo a cidade de Gaza por Capital, sendo que
seus limites variaram com o tempo. Gaza, de modo particular, e os filisteus, de
modo geral, foram objeto das profecias de Jeremias (47.1-7), Amós (1.6-7),
Sofonias (2.4) e Zacarias (9.5-6).
No período inter-testamentário sabemos que a cidade de Gaza foi
vencida e ocupada sucessivamente por Alexandre, o grande, por Jonatas Macabeu e
por seu irmão Simão. Por Alexandre Janeu, por Pompeu (que a submeteu à
jurisdição romana da Síria) e por Gabínius, que após destruí-la totalmente reedificou-a
em outro lugar.
A palavra filisteu(s) não aparece no Novo Testamento, mas
foi na estrada de Jerusalém a Gaza que Filipe encontrou o Eunuco de que Lucas fala
(At 8.29-40).
Apesar de grandemente danificada pelos judeus em 65 AD, Gaza
chegou a ser, décadas depois, um bispado cristão e em 634 caiu sob o domínio muçulmano.
Não encontramos em toda Bíblia uma só profecia, promessa,
bênção ou boa palavra sobre o futuro dos filisteus. Ao contrário, são muitas as
profecias sobre a ira do SENHOR e sua espada sobre eles. Porém, hoje sabemos
que em Cristo eles também serão tornados filhos de Abrão. Aí entenderemos o
significado da profecia de Isaías: “Uiva, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia toda,
treme; porque do Norte vem fumaça, e ninguém há que se afaste das fileiras. Que
se responderá, pois, aos mensageiros dos gentios? Que o SENHOR fundou a Sião, e
nela encontram refúgio os aflitos do seu povo” (Is 14.31-32).
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