sábado, 14 de agosto de 2010

Lutas por fora, temores por dentro.

Embora alguns não a usem com receio de serem tidos por faltos de fé ou fracos, esta frase provavelmente é uma das melhores descrições do que a grande maioria de nós passa. Com ela, o apóstolo que se recomendou à consciência dos fiéis, confessa suas dificuldades à igreja de Corinto.

Na mesma carta confessa que perdeu uma grande oportunidade, concedida pelo Senhor, em Trôade, devido a falta de tranqüilidade (2Co 2.12-13) e que chegou a desesperar-se da vida pelo tamanho das tribulações que enfrentou na Ásia (2Co 2.8).

Eu já passei por momentos assim. Já pedi ao Senhor que me levasse e nem sei contar quantas oportunidades perdi por falta de tranqüilidade. Portanto, conheço, por experiência, o que você está sentindo, se enfrenta lutas por fora e temores por dentro.

Nenhum de nós está livre de lutas. Aliás, elas são tão necessárias à saúde nossa fé como uma atividade física é útil à saúde de nosso corpo. Para ser mais exato, o Senhor Jesus disse que elas fariam parte de nosso caminhar, quando nos mandou tomar, cada dia, a nossa cruz e segui-lo.

As lutas definem o caráter e fortalecem a fé.

Nenhum de nós também está livre de temores. Temores pela saúde, pelo trabalho, pela família, pelo futuro de nosso país, até mesmo pelo que está acontecendo com a igreja. Sempre vejo adolescentes ou jovens temendo um vestibular ou uma entrevista de emprego, pais receando pela companhia de seus filhos e anciãos preocupados com o último dia.

Os temores estimulam o exercício da fé.

Na própria carta Paulo cita duas razões pelas quais um filho de Deus enfrenta coisas assim: aprender amar a Deus sobre todas as coisas e aprender amar ao próximo como a si mesmo.

Ele aprende a amar a Deus quando as lutas e temores lhe mostram que é apenas um vaso de barro e que a excelência do que conseguiu fazer veio de Deus. Nas palavras do próprio Paulo: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12.9).

Ele aprende a amar seu próximo quando percebe que as lutas e temores passados e superados lhe ensinaram a confortar (cum+fortius=com força) ou consolar (obra primária do Paracletos) a quem enfrenta tal situação: “É ele [Deus] que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2Co 1.4).

Nos dias atuais, além de não ser conveniente confessar tais problemas, considera-se feliz aquele que os supera com os próprios esforços. Isso não é um valor cristão. O verdadeiro cristão entende que a bem-aventurança consiste em ser consolado por Deus e aos pés dele depõe suas lutas e temores.

Hoje prega-se um cristianismo que traz prosperidade, saúde, realizações e vitórias. Desconfie! A principal mensagem do cristianismo é pregada à sombra de uma cruz. Lá está a verdadeira vitória. Lá cessam todas as lutas e dissipam-se todos os temores.

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