“Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé;
e isto não vem de vós;
é dom de Deus;
não de obras,
para que ninguém se glorie”
Efésios 2.8-9
Recentemente faleceu um ateu mundialmente conhecido que em um de seus últimos discursos observou: - nunca vi quem, por mais que cresse na vida eterna não lutasse ferrenhamente para manter a vida atual. Eu também não.
Vou um pouco mais longe: Ser cristão não significa ter certeza automaticamente da salvação. Explico: Leia o versículo acima. Leia novamente. Observou? Não apenas a salvação, mas a fé - veículo através do qual nos vem a bendita graça da salvação - também é dom de Deus. Ninguém pode alegar ser merecedor da salvação ou ter o direito de ser salvo por possuir fé, pois desse modo a fé viraria uma espécie de “boa obra” que compraria a salvação.
A fé é um dom de Deus, porém as vezes quem a recebe ainda é um bebê (religiosamente falando) ou não dá muito valor a ela e não a cultiva como deveria fazê-lo.
Minha mãe sempre falava que o entusiasmo de meu pai quando eu nasci era tão grande que ele comprou uma enciclopédia pra mim. É claro que demorei muito a tirar proveito dela e se ela caísse em minhas mãos, em meus primeiros anos de vida, no mínimo ficaria toda rabiscada, para não dizer rasgada. Obviamente Deus não comete o mesmo erro de meu pai. Mas nós cometemos os mesmo erros de um bebê embora sejamos adultos.
Aos 30 anos ganhei de presente um bonsai lindo. Adornou meu escritório durante um mês e começou a ficar preto. Poucos dias depois morreu. Eu não tive o cuidado de o regar todos os dias. Obviamente Deus não comete o erro de esquecer-se de cuidar de nós, mas nós nos esquecemos de nutrir nossa fé e de alimentá-la diariamente.
Já vi cristãos, dos quais eu jamais duvidaria da fé que possuem, desconsolados diante da perspectiva da morte. Acho que os teólogos de Westminster já conheciam esse problema, do contrário não escreveriam essa pergunta/resposta (81) no Catecismo Maior:
Pergunta: Têm todos os crentes sempre a certeza de que estão no estado da graça e de que serão salvos? Resposta: A certeza da graça e salvação, não sendo da essência da fé, crentes verdadeiros podem esperar muito tempo antes de consegui-la; e depois de desfrutar dela, podem senti-la enfraquecida e interrompida por muitas perturbações, pecados, tentações e deserções; contudo nunca são deixados sem uma tal presença e apoio do Espírito de Deus, que os guarda de caírem em desespero absoluto.
Note que eles estão falando de salvos que não possuem certeza de salvação, mas que são protegidos pelo Espírito Santo do desespero absoluto.
Note também que eles ensinam que a fé pode ser enfraquecida e interrompida, por muitas perturbações, pecados, tentações e deserções.
Você se lembra da terceira semente da parábola de Jesus? Aquela que caiu sob os espinheiros? Ela está viva, mas os espinhos, que Jesus interpreta como “...os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições... (Mc 4.19)” a deixou infrutífera.
Talvez você se lembre da tristeza de Davi em que desesperado ele grita “Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário (Sl 51.11-12)”, ou talvez da tristeza de Pedro.
Não fomos criados para morrer. Portanto é natural que a morte nos assuste e nos cause temor. Isto é a maior prova de que ainda somos pecadores. Salvos, remidos, porém ainda pecadores e sujeitos ao pecado. Dignos de seu salário: a morte (Eis a maior refutação dessa doutrina idiota que ensina de que o salvo não peca. Se não pecasse nunca mais morreria).
Creio ser correto, morrer em paz. Prolongar a vida apenas até onde os conhecimentos humanos permitem fazer sem torna-la vegetativa. De resto é sempre bom ouvir as palavras do Senhor: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt 6.27).
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