O Senhor Jesus tinha sido explícito:
Eles receberiam o poder de testemunhar (especialmente sua ressurreição): E, comendo com
eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade,
batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias. [...] recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da terra (Atos 1.4-8).
Você já deve ter percebido que essa
relação de causa e efeito (ser cheio do Espírito Santo e ter poder de
testemunhar o Evangelho) foi desvirtuada ao longo do tempo. Desvirtuada ao
ponto de se acreditar que, após ser cheio do Espírito Santo, se começa a
resmungar, grunhir e produzir sons desconexos: o tal dom de línguas.
Esses grupos sequer lembram em que
data o Espírito Santo desceu (eu nunca vi qualquer grupo pentecostal comemorar
este dia), mas afirmam, com certeza, que apenas quem fala em línguas (as que
ninguém entende) foi batizado por ele.
A história nos mostra que já houve
outras tentativas de se falar desses acontecimentos pós-pentecostes. Por
exemplo, (dentre os que se lembram da data), até hoje, em alguns países da
Europa (e, até onde pude ver, em alguns lugares nos EUA) a segunda-feira faz
parte da comemoração do Dia de Pentecostes (que sempre cai em um domingo). É
chamada de withmonday. Nela, alguns
grupos vestidos de túnicas de batismo, desfilam (ou desfilavam) atestando que
tinham sido batizados com o Espírito Santo.
Em uma biografia do Dr. Martyn
Lloyd-Jones, encontra-se uma descrição mais comedida:
Comemorávamos o Pentecostes na segunda-feira. Era um dia muito
especial para os membros da Escola Dominical de Sandfields, em Aberavon. [...]
as pessoas logo se organizaram e começaram a andar. Primeiro homens, depois
mulheres com suas crianças, dúzias delas, guiadas pelas mães, tias,
professoras, irmãs mais velhas. Cada uma das meninas usava um vestido novo,
feito especialmente para a ocasião. Alegres e autoconfiantes como uma menina
usando um vestido novo! Até mesmo os meninos se arrumavam para o evento.
E assim andávamos, em ordem, cantando “Onward! Cristian Soldiers” (Erga-se o Estandarte), “Who is on the Lord`s Side?” (Quem está do lado
do bom Salvador?) ou “Stand up, Stand up for Jesus” (Avante, avante, ó crentes).
Marchávamos pelas ruas do nosso bairro, passando pelas casas das crianças,
felizes por vermos alguns membros e seus familiares às portas de suas casas,
acenando para nós e encorajando os pequenos cantores que passavam! (Bethan Lloyd-Jones.
Memórias de Sandsfield. PES).
Marchar pela cidade cantando hinos
de louvor, ou de exortação aos demais cristãos, não implica necessariamente em
situações pecaminosas, como agir como loucos (o que, além de tudo, é condenado
como uma atitude que atrai vergonha. Veja: 1º Coríntios 14.23ss). Porém, não é
uma prova absoluta de que isso tenha acontecido.
De qualquer modo, a prova mais
concreta de que o Espírito Santo fez morada em alguém, além da capacidade de
testemunhar, é a vida desta pessoa. Veja: “...o fruto do Espírito é: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio” (Gálatas 5.22-23).
Em uma época de tantas fantasias,
de gestos vazios e de engano, não nos deixemos iludir. Especialmente em um assunto
tão importante quanto este.
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