sábado, 20 de setembro de 2014

A intenção e a prática

No Sermão do Monte o Senhor Jesus nos advertiu para um aspecto do pecado que geralmente não é levado em conta: a intenção. E, dos exemplos que ele usa dois se destacam: não matarás e não adulterarás.

No primeiro exemplo o Senhor nos ensina que não é necessário chegar às vias de fato, e tirar a vida de alguém, para quebrar esse mandamento. Basta nos irarmos, sem motivo, contra ele. Diante de Deus a intenção de matar é tão concreta quanto o assassinato em si. É claro que quem passa da intenção e pratica o assassinato “cristaliza” seu pecado e torna-se réu de pecado maior.

No segundo exemplo o Senhor nos ensina que não é necessário relacionar-se sexualmente com uma mulher para cometer adultério. Basta “olhar com intenção impura” e o mandamento terá sido quebrado.

No primeiro o Senhor está condenando o que hoje é chamado de “crime de ódio”. Entretano, no segundo está condenando algo que hoje é mostrado como desejável: a sensualidade.

Os que ficam irados com facilidade (os de “pavio curto”) devem vigiar-se muito mais e, submeter-se às orientações da Palavra de Deus; igualmente os que ficam abrasados com facilidade. Enquanto o pecado estiver na fase da intenção o resolveremos com Deus, mas quando ele se materializa, além de ofendermos a Deus, ofendemos também a nosso irmão.

Condenando também nossas intenções o Senhor nos mostra que ninguém está isento do pecado. Pecamos não apenas através de nossos atos (palavras ditas ou ações realizadas), mas também através de nossos pensamentos. É muito provável que nunca tenhamos tirado a vida de quem quer que seja, mas quem de nós pode dizer que nunca ficou irado contra alguém? É possível encontrar quem nunca tenha mantido relações sexuais fora de seu casamento, mas é impossível encontrar quem nunca tenha olhado para uma mulher “com intenção impura”. 

Talvez este último exemplo nos mostre com clareza uma das grandes diferenças entre os valores do cristianismo e de nossa sociedade. Veja:
1º - No pensamento moderno o que se faz com a própria vida não é da conta de ninguém. E, se houver consentimento mútuo, ninguém tem nada a ver com o que um casal faça. Entretanto não é assim diante de Deus. Para o Senhor, que tem autoridade sobre nós, pois além de nos ter criado, nos redimiu da condenação a que estávamos sujeitos, atentar contra a vida de alguém, mesmo que seja apenas em pensamento, já nos torna réus de um crime contra a vida. Para o Senhor, que nos comprou com seu sangue, manter um relacionamento sexual com quem ainda não nos casamos ou com quem está casada(o) com outra pessoa, mesmo que seja apenas na imaginação, ou fantasia, já nos faz impuros.
2º - O Senhor se referiu a mulheres porque estava falando à homens. O inverso é verdadeiro: olhar para um homem com “intenção impura” já é o suficiente para que uma mulher quebrar o “Não Adulterarás”.
3º - A intenção impura decorre da não existência de casamento. É simples assim: para o cristão a prática sexual só pode realizar-se dentro de um casamento. Fora do casamento a única opção é a abstinência (inclusive de intenções). O casamento santifica a prática sexual inclusive os desejos.
4º - O contexto é heterossexual, pois a homossexualidade em si já é outro pecado.
5º - O casamento resolve de modo santo as tendências heterossexuais e as transformas em glória ao Criador. Porém, a simples consumação das tendências homossexuais ofende ao Criador por ir de encontro ao seu projeto.

Embora todos nós tenhamos tendências homicidas ou adúlteras, graças a Deus, pouquíssimos de nós as praticam de forma contumaz. A Igreja tem obrigação de acolher quem luta contra essas tendências, ou quem, chegando a praticá-las, se arrependeu e quer viver vida nova. A Igreja de Corinto nos dá o exemplo: ”Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1Co 6.9-11).


Mas, além de acolher os arrependidos, salvos pelo Senhor, pela glória de Deus, pelo bem dos que lutam contra tais dificuldades, e pela pureza do rebanho, a Igreja tem o dever de manter-se vigilante contra os impenitentes que agem de forma contumaz.

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