sábado, 18 de janeiro de 2014

Sacerdotes

No Sinai, enquanto Moisés recebia a Lei diretamente das mãos de Deus, Israel pressionava Arão para fazer um culto à moda egípcia, e tragicamente o primeiro culto que ele oficiou foi a um bezerro de ouro. Apesar de tamanho pecado o sacerdócio não lhe foi tirado, nem de sua família, que era parte da tribo de Levi.

Educados, para o sacerdócio desde criança, eram ungidos apenas aos trinta anos  e aposentados compulsoriamente aos cinquenta (Nm 4.3). A primeira turma foi de 2.750 sacerdotes, porém, ao longo da história de Israel, seu número variou, assim como suas responsabilidades. Mas, basicamente representavam povo diante de Deus, os ensinavam a guardar a lei e os abençoavam (Nm 6.23-27).

Eles não podiam (Lv 21) participar de sepultamentos, exceto de parentes próximos (pais, filhos e irmãos), e o Sumo Sacerdote nem destes podia. Era-lhes proibido desgrenhar os cabelos (perder a calma) ou raspá-los, barbearem-se ou tatuarem-se. Rasgar a próprias vestes (sinal de desespero ou de grande aflição); tomar prostitutas ou repudiadas, ou casar-se com alguém de linhagem obscura.

Os cegos não podiam ser sacerdotes, bem como os coxos, os portadores de cicatriz ou deformidade no rosto. Tampouco os pernetas, os manetas, os corcovados, os anões, os de olhar esbranquiçado, os portadores de sarna ou impingem, ou os castrados. “Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver algum defeito se chegará para oferecer as ofertas queimadas do SENHOR; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. Comerá o pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo. Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porque tem defeito, para que não profane os meus santuários, porque eu sou o SENHOR, que os santifico” (Lv 21.21-23).

Trabalhavam organizados em turmas (que na época de Davi eram compostas de 24 sacerdotes) as quais se revezavam semanalmente. Oficiavam com ritos elaboradíssimos cinco tipos de sacrifícios: 1º) o Holocausto, em que a vítima (bezerro, carneiro ou ave) era totalmente queimada; 2º) a Oferta de Manjares (trigo ou cevada) em grãos ou bolos; 3º) o Sacrifício Pacífico, que tinha uma parte da vítima (qualquer espécie de gado) e dos manjares divididos entre os familiares do ofertante; 4º) o Sacrifício pelo Pecado, que antes de sacrificar a vítima (um cordeiro e novilho, bode, cabra, duas rolas ou dois pombinhos e uma tigela de farinha de trigo) exigia a declaração de qual pecado se referia e depois a restituição; e 5º) o Sacrifício pela Culpa, que parecia se referir aos pecados cometidos propositalmente (a vítima era sempre um carneiro).

Obrigatoriamente trajavam uma vestimenta de quatro peças (o Sumo Sacerdote de 8 peças), que, não podia ser substituída, mesmo em dias de calor intenso. Curiosamente não havia provisão de calçados.

A história mostra que eles foram muito influenciados pelos povos vizinhos e pelos diversos reis de Israel. Privilegiados, acabaram se corrompendo ou tornando-se insensíveis para com o ministério recebido. Oséias lhes acusa de rejeitarem a Lei de Deus (Os 4.6). Jeremias depreca a situação deles em seus dias: “Uma coisa horrível, espantosa está acontecendo na terra: os profetas não falam a verdade, e, apoiados por eles, os sacerdotes dominam o povo. E o meu povo gosta disso. Porém o que é que eles vão fazer quando essa situação chegar ao fim?” (Jr 5.30-31 – NTLH).

O Sinédrio, que condenou o Senhor Jesus, era composto e dominado por eles. Especialmente pelo Sumo Sacerdote. Em conluio com os fariseus, decidiram a prisão do Senhor (Jo 11.47); participaram da turba que o prendeu (Lc 22.52); pressionaram Pilatos a crucifica-lo (Jo 19.6e15 e Mc 15.11); e, continuaram zombando dele mesmo enquanto estava crucificado (Mc 15.31).

Cristo pode ver visto no ofício deles, afinal representavam o povo diante de Deus e o ofereciam a Deus simbolicamente, através dos sacrifícios. Pecadores, eles tinham necessidade de apresentar sacrifícios por seus próprios pecados, antes de sacrificar pelo povo. Cristo, entretanto, assumindo nossa natureza, tornando-se um de nós, não tem tal necessidade: É o sacerdote perfeito, oferecendo a si mesmo, a vítima perfeita. A missão deles então foi encerrada, como encerrado foi tudo o que fazia parte dela: o templo e os sacrifícios.

Hoje, cada cristão é sacerdote de si mesmo e Cristo é o Sumo sacerdote de todos: ... Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 1.5-6).

Portanto, por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15).

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