Vimos
(em 9/3) que Deus delega uma enorme autoridade ao Estado. Vimos também que a
diferença principal entre os diversos tipos de Estado e o que foi estabelecido
por Josué na Terra Prometida, era a origem da Legislação. Naqueles, feita pelos
soberanos, ou por representantes do povo, neste, outorgada por Deus.
A
própria existência do Estado está sujeita as leis de Deus. Por exemplo: no
governo familiar é dever dos filhos sujeitar-se a seus pais (Ef 6.1), mas
reciprocamente é obrigação dos pais zelar pelos filhos (Ef 6.4). No governo
civil os cidadãos devem ao Estado: sujeição, obediência e prontidão (Tt 3.1 e
Rm 13.5); manutenção (Rm 13.6-7); honra (1Pe 2.17) e orações (1Tm 2.1-3), mas o
Estado é obrigado a: castigar o malfeitor (Rm 13.4); primar pela verdade e pela
honestidade (Lc 3.14); reger-se pela sabedoria (Pv 8.15-16); defender os
oprimidos (Sl 82.2-4), moderar seus gastos militares, suas mordomias, respeitar
as leis de Deus e a não oprimir seus cidadãos (Dt 17.15-20).
Embora
a origem da legislação fosse a marca distintiva do Estado fundado por Josué,
Deus permite que haja legisladores, mas exige que as leis feitas por eles estejam
de acordo com sua vontade: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis
de opressão, para negarem justiça aos pobres, para arrebatarem o direito aos
aflitos do meu povo, a fim de despojarem as viúvas e roubarem os órfãos!” (Is
10.1-2). Em outras palavras: todas as leis devem expressar em última
instância a vontade de Deus.
Inevitavelmente,
algumas, pela própria natureza, acabam exprimindo. Por exemplo: as leis que
visam a proteger a vida sempre derivam do “Não matarás”. Porém, outras afrontam
este mandamento: Por que a vida de uma criança no ventre de sua mãe pode ser
descartada e a vida de um perigoso e cruel assassino, tem de ser poupada?
A
cada dia, mais leis afrontam a vontade expressa de Deus e quase todas nascem em
uma nova fonte de legislação: Organizações internacionais. O Estado, outrora
tão cioso de sua soberania, capitula diante de pressões internacionais, e cede
a grupos de pressão, via de regra para proteger minorias, que, na maioria das
vezes, possuem em comum uma prática reiterada, ou até mesmo um estilo de vida,
que afronta os princípios básicos da vontade divina.
A
maioria dessas leis busca um humanismo total em detrimento da vontade de Deus,
e baseia-se no seguinte conceito: o homem é seu próprio senhor e não precisa
obedecer a ninguém senão a sua própria vontade.
Essas
leis geralmente nascem em uma convenção internacional, para a qual os
representantes brasileiros são nomeados e lá, sobre conceitos que já foram
criados, com a ajuda de modificações até mesmo no significado das palavras,
assume-se um compromisso que, ratificado por nosso Congresso, acaba gerando a
base dessas leis. Assim nasceu a atual distinção que é feita entre sexo e
gênero. O testemunho de muitos representantes que foi após a defesa veemente de
Bella Abzug, notória feminista americana, que o termo “gênero” foi mantido nos
documentos da assembleia em substituição a “sexo”.
O
uso da palavra gênero, com esta acepção, teve seu início nos anos 60 e é
notável que sua disseminação tenha se dado após uma verdadeira tragédia.
Em
1965 David Reimer, irmão gêmeo de Brian, teve seu pênis amputado durante uma
postectomia. O psicólogo John Money sugeriu à família que o criasse como
menina, argumentando que, “sexo é a condição com que se nasce e gênero é o
papel social dos sexos biológicos”. Embora criado como menina e acompanhado
psicologicamente para que seu “gênero feminino” refletisse essa condição sexual
criada artificialmente mediante cirurgias, ele logo começou a comportar-se como
menino e a rebelar-se contra o papel de menina. Na adolescência repudiou
totalmente a feminilidade e quando jovem reverteu cirurgicamente a operação e
casou-se. Inconformado com o drama de David, Brian se matou. Dois anos depois,
sem esposa, e sem encontrar-se, nem como homem, nem como mulher, matou-se
também.
Apesar
de tão dramático começo, essa distinção (de gênero) pegou, e, hoje nos está
sendo imposta. Já apareceram organizações em que, onde se escolhia apenas Homem
ou Mulher, hoje se escolhe até cinquenta gêneros diferentes.
Porém,
para que tais mudanças aconteçam, é necessária uma verdadeira ação de
engenharia social. Nela o concreto, o aço ou os componentes eletrônicos, com os
quais as engenharias comuns trabalham, são substituídos por pessoas e os meios
de comunicação de massa (especialmente a televisão) são usados como recursos fundamentais
na nova arrumação pretendida pelos novos engenheiros.
Em
um documento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (Working Paper #651 –
BR-N1020), intitulado “Television and Divorce – Evidence from Brazilian
Novelas” escrito por Alberto Chong e Eliana La Ferrara, lê-se o seguinte resumo:
“Este trabalho estuda a relação entre a televisão e o
divórcio no Brasil, explorando a variação no tempo de disponibilidade do sinal
da Rede Globo – rede que tinha um virtual monopólio sobre telenovelas no país –
nos municípios. Usando os dados de três censos (1970, 1980 e 1991) e controlando,
nas áreas demarcadas, as características que variam no tempo, o trabalho mostra
que a
parcela de mulheres separadas ou divorciadas aumenta significativamente após o
sinal da Globo se tornar disponível. [...]” (Tradução minha).
A ideia é mostrar que esse é o caminho para
influenciar as mulheres de outros países.
De qualquer modo, onde a legislação for contrária
aos objetivos das organizações internacionais, muda-se a legislação. Em 24 de
fevereiro passado foi noticiada a nova legislação antihomossexual de Uganda.
Todos os noticiários a respeito dela, que vi ou li sempre foram concluídos com
um relato de sanções contrárias que serão impostas por outros países ou pelas
organizações internacionais com o fim declarado de pressionar Uganda para
revogar a lei (embora mais da metade dos países africanos tenham leis
semelhantes).
O que podemos fazer? Primeiramente devemos orar. Em
segundo lugar resistir como os franceses estão fazendo à tentativa de imposição
da ideologia de gênero na educação das crinças. E, por fim, eleger apenas
pessoas comprometidas, de fato, com uma vida submissa a vontade de Deus.
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