Que obra impressionante. Era tudo o que uma música deveria
ser. Eu já estava aborrecido com tantas repetições de músicas sem pé nem
cabeça, muitas vezes com letras, no mínimo, ruins. Uma obra feita pra louvar ao
nosso Senhor Jesus estava sendo executada por ímpios enquanto, no mesmo
horário, o pior tipo de música era usada na Igreja.
Mas, meu contato com Bach rendeu frutos. Já adulto –
recém-saído do Seminário – encontrei o Rev. Joaquim Silvério, que também gostava
de Bach, e que me presenteou com um disco de vinil importado (caríssimo) do
Maestro Leopold Stokovski que continha suas obras mais conhecidas.
No dia 31 de março passado, além do aniversário de nossa
Igreja, nos lembramos do nascimento de Johann Sebastian Bach em 1685. Cento e
sessenta e quatro anos depois da temporada em que Lutero, refugiado nesta mesma
cidade (no Castelo de Wartburg) traduziu o Novo Testamento.
É difícil falar algo sobre Bach que não esteja relacionado
com Deus. Era um cristão fervorosíssimo e quase tudo o que ele fez tinha
relação com a Igreja. Provavelmente deva haver mais, porém estou me lembrando
agora de algumas “cantatas seculares”, entre elas a Cantata do Café, segundo
alguns, composta para a inauguração do café (restaurante) de um amigo; a “Oferenda
Musical”, presenteada a Frederico II, rei da Prússia (era o desenvolvimento de
um tema musical proposto por ele); os “Concertos de Brandemburgo”; a “Arte da
Fuga” e o “Piano bem temperado”.
Quem achar que muita, deve se lembrar de que tudo isso é
muito pouco diante da quantidade enorme do que ele fez, mas principalmente deve
lembrar-se de que, todas essas obras tinham o rigor que ele dedicava à musica
para a Igreja. Para Bach, a música deveria, acima de tudo, louvar e Deus e fazer
bem ao espírito humano.
Na cidade de Weimar, onde era o Mestre de Concertos, na
Igreja Luterana, tinha por obrigação contratual apresentar uma cantata nova por
mês além de uma na Páscoa, outra no Pentecostes e outra no Natal. Todas elas
eram baseadas no texto bíblico que deveria ser lido naquelas datas. E destaco
os oratórios: trechos enormes da Bíblia musicados em uma peça coesa: Paixão
segundo São Mateus, Segundo São João, Elias...
Para mim é motivo de grande alegria ouvir sua obra.
Especialmente num momento em que nossos ouvidos estão sendo atulhados com tanta
música ruim.
Graças a Deus usamos algumas de suas obras no canto
congregacional, por exemplo, “Oh! Fronte ensanguentada!”, cuja origem é um hino
luterano que foi utilizado no Oratório Segundo São Mateus.
Mas, voltando ao que tanto me fez bem quando adolescente.
Hoje, essa peça impressionante é mais ouvida nas propagandas do que nas
igrejas. Mudou o gosto do povo – já me disseram. É... mudou mesmo. Mudou pra
pior! Mas, por que um publicitário, querendo valorizar seu produto, usa esta
peça e consegue alavancar as vendas de, até mesmo, uma margarina?
Roubaram nossos símbolos! Grita o salmista. Nem isso podemos
dizer. Não roubaram. Cataram do lixo, em que nós jogamos!
2 comentários:
Caro. rev. Folton,
gostei muito da postagem.
Apesar de não ser um assíduo apreciador de música clássica, não há como não ter o "Sensus divinitatis" aguçado com uma obra tão magnífica como "Jesus, alegria dos homens", de Bach.
Seu post me inspirou a escrever também sobre o assunto:
http://astse.blogspot.com.br/2014/07/sdg.html
Um abraço e continue escrevendo.
Marcelo.
Reverendo Folton, gostei muito desse post. Até me fez ouvir com mais atenção e frequência Johann Sebastian Bach.
Um abraço.
Obrigado.
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