sábado, 12 de julho de 2014

Johann Sebastian Bach

Não me lembro de quando ouvi pela primeira vez “Jesus alegria dos homens”, mas eu já era adolescente. Fiquei impressionado. Não deixei começar a próxima música. Desliguei o rádio e tentei repeti-la de memória para não esquecer. Tive de esperar mais de ano e ficar acamado para encontrá-la novamente no horário da Escola Dominical em um programa chamado Concertos para a Juventude.

Que obra impressionante. Era tudo o que uma música deveria ser. Eu já estava aborrecido com tantas repetições de músicas sem pé nem cabeça, muitas vezes com letras, no mínimo, ruins. Uma obra feita pra louvar ao nosso Senhor Jesus estava sendo executada por ímpios enquanto, no mesmo horário, o pior tipo de música era usada na Igreja.

Mas, meu contato com Bach rendeu frutos. Já adulto – recém-saído do Seminário – encontrei o Rev. Joaquim Silvério, que também gostava de Bach, e que me presenteou com um disco de vinil importado (caríssimo) do Maestro Leopold Stokovski que continha suas obras mais conhecidas.

No dia 31 de março passado, além do aniversário de nossa Igreja, nos lembramos do nascimento de Johann Sebastian Bach em 1685. Cento e sessenta e quatro anos depois da temporada em que Lutero, refugiado nesta mesma cidade (no Castelo de Wartburg) traduziu o Novo Testamento.

É difícil falar algo sobre Bach que não esteja relacionado com Deus. Era um cristão fervorosíssimo e quase tudo o que ele fez tinha relação com a Igreja. Provavelmente deva haver mais, porém estou me lembrando agora de algumas “cantatas seculares”, entre elas a Cantata do Café, segundo alguns, composta para a inauguração do café (restaurante) de um amigo; a “Oferenda Musical”, presenteada a Frederico II, rei da Prússia (era o desenvolvimento de um tema musical proposto por ele); os “Concertos de Brandemburgo”; a “Arte da Fuga” e o “Piano bem temperado”.

Quem achar que muita, deve se lembrar de que tudo isso é muito pouco diante da quantidade enorme do que ele fez, mas principalmente deve lembrar-se de que, todas essas obras tinham o rigor que ele dedicava à musica para a Igreja. Para Bach, a música deveria, acima de tudo, louvar e Deus e fazer bem ao espírito humano.

Na cidade de Weimar, onde era o Mestre de Concertos, na Igreja Luterana, tinha por obrigação contratual apresentar uma cantata nova por mês além de uma na Páscoa, outra no Pentecostes e outra no Natal. Todas elas eram baseadas no texto bíblico que deveria ser lido naquelas datas. E destaco os oratórios: trechos enormes da Bíblia musicados em uma peça coesa: Paixão segundo São Mateus, Segundo São João, Elias...

Para mim é motivo de grande alegria ouvir sua obra. Especialmente num momento em que nossos ouvidos estão sendo atulhados com tanta música ruim.

Graças a Deus usamos algumas de suas obras no canto congregacional, por exemplo, “Oh! Fronte ensanguentada!”, cuja origem é um hino luterano que foi utilizado no Oratório Segundo São Mateus.

Mas, voltando ao que tanto me fez bem quando adolescente. Hoje, essa peça impressionante é mais ouvida nas propagandas do que nas igrejas. Mudou o gosto do povo – já me disseram. É... mudou mesmo. Mudou pra pior! Mas, por que um publicitário, querendo valorizar seu produto, usa esta peça e consegue alavancar as vendas de, até mesmo, uma margarina?

Roubaram nossos símbolos! Grita o salmista. Nem isso podemos dizer. Não roubaram. Cataram do lixo, em que nós jogamos!

2 comentários:

Marcelo Zaldini Hernandes disse...

Caro. rev. Folton,
gostei muito da postagem.
Apesar de não ser um assíduo apreciador de música clássica, não há como não ter o "Sensus divinitatis" aguçado com uma obra tão magnífica como "Jesus, alegria dos homens", de Bach.
Seu post me inspirou a escrever também sobre o assunto:
http://astse.blogspot.com.br/2014/07/sdg.html

Um abraço e continue escrevendo.
Marcelo.

Mateus disse...

Reverendo Folton, gostei muito desse post. Até me fez ouvir com mais atenção e frequência Johann Sebastian Bach.
Um abraço.
Obrigado.

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