quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Meditação anual sobre o Pai Nosso

“... vós orareis assim:

Pai nosso, que estás nos céus... Mt 6.9”

Por que razão o Senhor Jesus nos mandou orar chamando a Deus de Pai? Os judeus de então tinham Deus como Pai e eventualmente se dirigiam a ele assim, mas no sentido de ser o Criador; não no modo tão pessoal em que a ordem do Senhor explicita.

Apesar de ser surpreendente, é, provavelmente, o maior privilégio que temos. E, se pensarmos bem, não é difícil, para nós, cristãos, entendermos a ordem do Senhor, embora saibamos que somos suas criaturas e que O Filho Unigênito - o eternamente gerado - é Cristo.

Essa comparação, entre o que somos e o que Cristo é, pode ser palidamente apreciada quando comparamos uma estátua e o filho de um escultor. Tanto a estátua quanto o filho foram originados no escultor, mas entre a estátua e o filho haverá uma diferença definitiva.

Ao nos mandar orar chamando a Deus de Pai o Senhor Jesus Cristo está pondo em prática o que decorre de sua obra. Aquilo que João expressou admiravelmente com as seguintes palavras: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1.12-13).

Ele - o Senhor Jesus - passou a nos tratar como filhos de seu Pai. Como seus irmãos. Certamente você se lembra do que está na Carta aos Hebreus: “Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (Hb 2.11-12).

Somos filhos! Oramos ao Pai!

Entretanto, temos de nos abster do pecado da soberba e achar que essa relação é exclusiva, pois temos irmãos. E por isso devemos dizer “Pai nosso”.

Ele não apenas é meu pai. É pai também de meus irmãos. É pai de todos os que foram redimidos pelo seu Filho unigênito.

Se essa verdade fosse mais destacada hoje, não haveria os absurdos do exclusivismo onde alguém acha-se filho único de Deus e despreza os demais, ou coloca Deus a seu serviço.

Se ele também é pai de meu irmão, como devemos tratar uns aos outros? Com brigas? Divisões? Querelas?

Mas esta primeira frase da Oração do Senhor apresenta outro modificador: “que está nos céus”.

Ele não é qualquer tipo de pai. É o Pai celeste. O Pai que ama infinitamente, mas é infinitamente justo. O pai que não suspende sua justiça por amor, nem recolhe seu amor face a sua justiça. Seu perdão - expressão de seu amor - não é de graça. Pelo contrário, é enraizado em sua justiça.

Em suma: Temos um Pai.

Não apenas meu: nosso Pai.

Não qualquer tipo de Pai: o Pai celeste.

Não percamos pois a oportunidade de, curvados diante dele, dizer conscientemente: Pai nosso que estás nos céus!

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