sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Coração sábio

Sabemos que os judeus usavam (e ainda usam) as fases da lua como base de seu calendário. Entretanto o ciclo lunar, que tem 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,9 segundos, leva 354 dias para perfazer o que chamam de ano, eles necessitam, a cada 3 anos, de acrescentar um mês - e, de vez em quanto, ainda acrescentam alguns dias para que as estações não deixem de corresponder a seus meses.

Este calendário se chama calendário lunar, e alguns crêem que é o único autorizado pela Bíblia já que o Salmo 104.19 diz: “Fez a lua para marcar o tempo”.

Entretanto desde antes de Cristo, já se sabia calcular o ano solar. Fincava-se uma haste no chão e marcava-se o lugar da primeira sombra ao nascer do dia. Depois marcava-se o lugar onde a sombra se esmaeceu ao final do dia. Entre as 2 marcações, a divisão era o meio dia.

Porém o mais importante é que essas marcações, ao correr do ano formavam um ângulo mais fechado indicando dias menores e um ângulo mais aberto, quando os dias eram maiores.

Contando-se os dias desde um ponto até sua repetição (por exemplo: desde quando os dias começaram a ficar menores até quando eles voltaram a ficar menores de novo), se obtém o valor aproximado de 365 dias, que é o calendário solar.

Ou seja: os 365 dias, que hoje chamamos de ano, não correspondem ao que os judeus na época de Cristo tinham como o período em que se repetia as 4 estações, e orientava a agricultura, a pecuária, e as festas religiosas. Principalmente estas, que eram contadas de acordo com a lua, precisavam cair em determinadas estações. Por exemplo: a Páscoa deveria cair antes do plantio do trigo e o Pentecostes no começo de sua colheita.

Hoje, nós acrescentamos um dia em fevereiro a cada 4 anos para compensar as 6 horas a mais que temos depois de 365 dias. Porém, na realidade, o assunto é mais complicado, pois 6 horas é um arredondamento, já que a terra gastou no ano de 2000, 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45 segundos para rodear o sol. E desde o ano que convencionamos chamar de ano 1, a velocidade da terra diminuiu cerca de 0,5 segundos por século, acumulando no ano 2000, 10 segundos de atraso. Tanto é que na virada de 2006 tivemos um ajuste de 1 segundo.

Bobagem! Diria alguém que vê pouca importância nestes valores pequenos. Porém os valores se somam: em 1582 (oitenta e dois anos após a descoberta do Brasil), o Papa Gregório XIII determinou que aquele ano, de 4 de outubro passasse diretamente para 16 de outubro, eliminando os dias 5 a 14, para realinhar o calendário com o ano solar. Observe que nestes 9 dias foi suprimido um domingo.

Esse calendário de Gregório só foi plenamente aceito na maioria dos países católicos em 1584, e nos países protestantes em 1752, após a Inglaterra ter eliminado os dias 3 a 13 de setembro para realinhar seu calendário que também era diferente.

Geralmente, quando pedimos como Moisés “ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos coração sábio”, o espiritualizamos o sentido. Não há dúvida de que Moisés estava se referindo a uma vida em que os dias sejam passados debaixo da “conta” do Senhor. Porém, como haveríamos de alcançar corações sábios sem lembrar dos acontecimentos bons e ruins, e de suas respectivas lições, que nos ocorreram nos dias que recebemos de Deus?

Tanto melhor será se consideramos os anos que nossos antepassados viveram e registraram para nosso conhecimento. Se entendermos como funciona a ordem temporal de Deus e os dias que ele estabeleceu para o ritmo de nossa vida e nosso “desfrutar” de sua presença.

Você reparou que em nenhuma dessas frações de tempo (ano solar, ano lunar ou mês) há qualquer divisão natural que nos induza a observar o “Dia do Senhor” a cada período de 7 dias? Pois é: se quisermos fazer isto teremos que esquecer o “livro da natureza” e obedecer ao “Livro Sagrado”. Ou seja: “aprender a contar nossos dias para alcançarmos coração sábio”.

Gregório, e seus assessores erraram e hoje que dizemos ser o primeiro dia de 2006 anos após o nascimento de Nosso Senhor, estamos, mais ou menos a 2003 anos dele. Mais ou menos, pois nem disso temos certeza.

Vivamos, portanto, como se estivéssemos a 1 minuto de sua volta. Pois ela é certa. E nela daremos conta do que fizemos com os dias que o Senhor nos concedeu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Vou celebrar o nascimento de meu Senhor

Vou celebrar, de fato, o nascimento de nosso Senhor.

Vou, em primeiro lugar, manter na mente a razão que o levou a encarnar-se: não haver outra solução para nós.

Vou me lembrar constantemente de que isso significa o quanto eu sou incapaz e o quanto ele me ama.

Vou procurar, com todas as minhas forças, responder a este ato com todo o respeito e devoção que ele merece.
- Não vou trocar a alegria que brota em minha alma pela alegria efêmera da comida e da bebida.
- Não vou desejar feliz natal sem de fato querer que a pessoa a quem me dirija tenha realmente um feliz natal, nem que eu tenha de contribuir para isso.
- Não vou limitar minha contribuição a presentes, a banquetes a festas. Contribuirei com amor abnegado, com bondade, com meu desejo mais sincero e com o anúncio claro de que Jesus nasceu para que o Pai seja glorificado nas alturas e aqueles, aos quais ele quer bem, tenham paz na terra.
- Vou trocar a algazarra das festas inconseqüentes pelo sorriso sincero e pelas palavras bondosas.
- Vou trocar os gritos por cânticos de louvor e os cânticos vazios por orações gratas como chuvas de verão e intensas como lágrimas de alegria.

Vou tê-lo como o maior bem que recebi. Como aquilo que eu menos merecia. Como aquilo que não posso viver sem.

Vou depositar a seus pés meu “eu”. E depois de entregar-me. Entregarei tudo aquilo de mais caro que ele me deu: minha família, meus amigos e meu futuro.

Vou deixar de ser “rei mago de minha vida” para tornar-me seu servo alegre em dividir com ele a manjedoura em que sua mãe o deitou e a cruz em que eu o preguei.

Não me furtarei a servi-lo. Seu gosto será o meu. Suas ordens o meu prazer. Sua vontade meu deleite.

E quando chegar o final do dia de seu aniversário me lembrarei que o dia de amanhã não será menos importante. Não será diferente. Começarei tudo de novo, pois, afinal, ele não nasceu apenas em Belém ele nasceu também em meu coração.

... se fez carne

Porque as Escrituras afirmam que “o Verbo se fez carne”, alguns homens maus concluíram que o mesmo aconteceu conosco. Já existíamos antes de assumir o corpo que nossas mães nos deram.

Tecnicamente esta heresia é conhecida como “pre-existência da alma”, e se ela não é abertamente confessada hoje, podemos vê-la em muitas afirmações como: “fulano é tão bom que deveria ter ficado no céu”.

Ela também é defendida pelos que pensam que Deus criou todas as almas, e que elas esperam sua vez de entrar em um corpo. Alguns chegam mesmo a dizer que a pessoa é boa ou má, em função do que fez enquanto esperava pelo seu respectivo corpo.

Porém há também aqueles que pregam a reencarnação das almas dos que já morreram. Tais almas voltam constituindo pessoas melhores ou piores conforme foi o comportamento que tiveram na vida passada.

Isso, na realidade, não apenas nega a verdadeira mensagem do Natal, mas nega também o sacrifício de Cristo e a Graça de Deus.

Porém infelizmente já se vê tais absurdos dentro da Igreja. Afinal a quantidade de horas que se gasta com o estudo da Bíblia é muito inferior à quantidade de horas que se gasta sendo doutrinado através de programas que vão de desenhos animados infantis até novelas.

A Secretaria de Missões desses anti-cristos é equipada com as melhores mídias e com os mais eficientes comunicadores.

Porque as Escrituras afirmam que “o Verbo se fez carne”, alguns homens maus concluíram que nosso Senhor e Mestre tomou de Maria um “invólucro” de carne: apenas o corpo. A parte espiritual de Jesus era o Verbo de Deus).

Entretanto as Escrituras nos ensinam que o filho de Maria era homem perfeito. Se nós, os homens, somos constituídos de corpo e alma, foi exatamente isso o que nasceu de Maria.
Eu sei que é complicado imaginar alguém que seja corpo e alma - como todos nós somos - e ao mesmo tempo o Verbo de Deus. Porém é aí que reside o mistério das duas naturezas do Redentor.

Não entendemos, mas exatamente por não entendermos é que nossos antepassados escreveram em nossa Confissão de Fé: “As duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas - a Divindade e a humanidade - foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem.”

Este é o mistério do Natal: o Verbo Divino não assumiu um corpo vazio e sim a nossa natureza. O Verbo Divino nasceu!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Tipos de vida

Quando nosso Senhor e Mestre falou “eu vim para que tenham vida e vida em abundância”, ele estava falando mais do que de uma vida alegre e intensa, como interpretam aqueles que vêem as Escrituras superficialmente. Examinando-as bem, vemos que elas falam de três tipos de vida e conseqüentemente de três tipos de morte. Jesus veio nos garantir os três tipos de vida - este é o sentido mais profundo de sua declaração - e nos livrar dos 3 tipos de morte.

Adão recebeu de Deus dois tipos de vida: Vida biológica e a vida espiritual. Se tivesse resistido a tentação receberia imediatamente o terceiro: vida eterna.

A vida biológica é a que todos possuímos. Ninguém, nem mesmo os mais céticos, questiona a existência dela, mas ninguém sabe explicar o que ela é. Cada dia se descobre mais acerca dos mecanismos de seu funcionamento, mas, até hoje, não há uma definição do que ela seja.

A vida espiritual é aquela que Adão tinha antes de voltar-se contra Deus. É também a vida que todos aqueles que foram ligados ao Segundo Adão, Jesus, recebem. Ao pecar cumpriu-se em Adão: “...certamente morrereis”. Ao receber Jesus cumpre-se: “ele vos deu vida estando vós mortos em vossos delitos e pecados”. Note: recebemos vida, pois estávamos mortos.

Portanto a primeira morte foi espiritual - o pecar - e causou a segunda morte: a biológica. A primeira ressurreição também é espiritual - a conversão - e é a condição para que aconteça a segunda ressurreição: a ressurreição do corpo.

A vida eterna atingirá a todos os que morrerem biologicamente estando vivos espiritualmente. O espírito estará com Deus enquanto o corpo - representante físico da vida biológica - decompõe-se na terra. Porém, no último dia, quando o Senhor recuperar tudo o que ele mesmo fez, receberemos o que Adão teria recebido se não tivesse cometido o pecado.

Semelhantemente a morte eterna atingirá todos os que morrerem biologicamente estando mortos em seus delitos e pecados. Não se trata de extinção, mas de uma condição, pois viver e morrer eternamente é estar com Deus ou estar sem Deus por toda a eternidade.

Cristo assumiu nossa natureza, para desfazer o erro de Adão, e do mesmo modo como Deus imputou a todos os descendentes de Adão o erro dele e suas conseqüências, imputará também a nós os méritos de Cristo e suas conseqüências também.

O Natal foi o começo dessa caminhada de Cristo: “fez-se reconhecido em figura humana” até a morte e morte de cruz.

Digamos como o poeta cristão:
Cristo, eternamente honrado do seu trono se ausentou!
E entre os homens, encarnado, Deus conosco se mostrou.
Quão bondosa Divindade! Quão gloriosa Humanidade!
Salve Cristo, Emanuel, Luz do mundo, Deus fiel