sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Prova da verdadeira fé

Em meu último artigo, escrevi: "ou Jesus era Deus ou era o pior homem que já existiu". Tal frase foi motivo de alguns comentários, que normalmente não levaria adiante, mas como eles revelam um pensamento bem atual achei melhor escrever algo.

Bastou uma busca rápida no catálogo de apenas uma livraria, e encontrei os seguintes livros:

·      Jesus, o maior líder que já existiu.

·      Jesus, o maior executivo que já existiu.

·      Jesus, o maior psicólogo que já existiu.

·      Jesus, o maior filósofo que já existiu.

·      Jesus, o maior especialista no território da emoção.

·      Jesus, o maior educador da história.

·      Jesus, o maior homem do mundo.

·      Jesus, o maior de todos.

Todos os títulos acima são de livros que atualmente estão à venda e acho que você conhece outros semelhantes. Entretanto, observe como, no intuito de elogiar ao Senhor, tais qualificações o degradam: Os grandes líderes, executivos, psicólogos, filósofos, especialistas (em qualquer área), educadores, etc. não reivindicam ser Deus.

Líderes cristãos, como Churchil, ou um não cristãos, como Gandhi, ou, até ateus, como Lenin, nunca fizeram isso, pois se o fizessem seriam tidos por doidos, ou, no mínimo seriam alvo de deboches.

Mesmo os que detiveram grande poder, como Gengis Kahn, Stalin, e outros, também não fizeram isso. E, caso fizessem, seriam acreditados? Certamente não.

Porém, se, além de dizerem-se Deus, passassem a se comportar como Deus, perdoando os erros cometidos contra terceiros, perdoando desobediências aos princípios estabelecidos no Antigo Testamento, não seriam ainda mais ignóbeis?

Mas, ainda que, por piedade ou por medo, alguém os considerasse apenas loucos e ficasse claro que estavam de posse plena de suas faculdades mentais, não os chamaríamos, mediante insistência em apresentarem-se como Deus, de impostores e mentirosos?

Percebeu? Os grandes homens não se auto-declaram Deus! Os que fazem isso classificamos de loucos ou mentirosos.

No caso de nosso Senhor Jesus Cristo, há um agravante: ele não apenas declarou-se Deus, e agiu como se fosse Deus, perdoando e recebendo adoração, mas provou ser Deus, fazendo milagres impossíveis de serem fraudados como restaurar a visão e saúde a cegos e aleijados de nascença, ou restaurando a vida a quem já apodrecia no túmulo. Finalmente, retornando a vida, apos ter sido morto.

Era dentro desse contexto que a Igreja, desde o princípio declarou que não há meio termo. Não adianta dizer que Jesus foi apenas um grande homem, grande mestre, ou o que o valha. Ou você o tem como Deus, ou você não tem parte com ele.

Esse é o teste da verdadeira fé: ou Jesus era Deus, ou era o pior homem que já andou sobre a terra.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O evolucionista cristão

Não faz muito tempo tive a oportunidade de conversar com uma pessoa que se dizia evolucionista cristão.

Já ouvi falar de alguns, e já li sobre os esforços que o Padre Pierre Teilhard de Chardin e teólogo batista Bernard Ramm fizeram para conciliar o evolucionismo com o cristianismo, mas ainda não havia encontrado um. Então puxei a conversa.

Perguntei-lhe sobre Jesus. Ele me disse que tinha Jesus como seu salvador pessoal, que assumiu nossa natureza, morreu, ressuscitou e está à destra do Pai por nossa causa.

Fiquei pasmo: Como é que alguém não crê no Criador e crê no Salvador? Que sentido faz ser salvo, quando se é mera obra do acaso? Demorei um pouco para me refazer do susto. Eu esperava que ele dissesse que Jesus fora apenas um grande mestre, ou coisa parecida, para lhe mostrar, que ou Jesus era Deus ou era o pior homem que já existiu.

Então perguntei como ele conseguia crer em Jesus, nestes termos, e não crer na existência de Adão, já que nenhum evolucionista que se preze acredita que Adão e Eva tenham existido de fato. Sua resposta me impressionou novamente: “Não creio no Adão conforme está no Gênesis. Para mim Adão foi o primeiro ser que tomou consciência de si e de Deus e que teve de escolher entre o Deus que lhe falava e sua própria consciência. Como optou por sua consciência rebelou-se contra Deus”.

E antes que eu fizesse outra pergunta, acrescentou: “Creio muito mais no poder de Deus do que um cristão comum, pois vejo a mão de Deus agindo por milhões de anos conduzindo o processo evolutivo do qual apareceu o homem”.

Fiquei, por alguns instantes, sem palavras. Mas percebi claramente que o problema todo estava na autoridade da Bíblia. Então perguntei sobre o relato do Gênesis. Sua resposta foi imediata: “É um relato em que, mediante uma história que se pudesse entender naqueles dias, o autor diz a mesma coisa que a ciência diz hoje. Só que a ciência detalhou como o homem veio do barro: através da evolução”.

- Mas, como cristão, você não deveria valorizar as Escrituras tanto quanto Cristo as valorizou? Perguntei.

- Me mostre onde não as valorizo tanto quanto Cristo.

Aí eu fiquei feliz com a enorme fila do banco, e pedi por minha memória.

Comecei recordando-lhe da tentação de Jesus, quando ele afirma que nossa vida depende mais da “palavra que sai da boca de Deus” do que do pão. Lembrei-lhe também de que, discutindo com os judeus, o Senhor disse “e a Escritura não pode falhar” como premissa sobre a qual construiu todo um argumento. Lembrei-lhe ainda que, explicando a razão para ter escolhido a Judas, Jesus disse: “para que se cumpra a Escritura”. E que, pelo mesmo motivo, após repreender Pedro por ter ferido a Malco, entregou-se aos guardas do templo.

Cheguei até a mostrar-lhe como Jesus, “expressão exata do ser de Deus”, identificou-se tanto com as Escrituras que suas últimas palavras foram a repetição de textos delas.

Deixei como argumento final o fato de que o Senhor Jesus expôs a doutrina da Eternidade da Alma usando apenas um tempo verbal: “antes de Abraão, eu sou”. E que mostrou-se a si mesmo como superior a Davi usando apenas o título do Salmo 110.

Argumentei que a natureza própria do pensamento científico é o desenvolvimento, e que portanto, a atitude mais sábia para o Cristão é manter as Escrituras como “pedra de toque” e, aguardar os acontecimentos, até o dia em que a evolução deixe de ser apenas uma teoria.

Após todos meus argumentos ele respondeu:

- Pastor, como então viveremos hoje? Alienados como um bando de ignorantes obscurantistas? Não é melhor admitir logo que a Bíblia - que não é um livro de ciências - pode ter algumas falhas? Mesmo que não sejam intencionais? Falhas que revelem as limitações de seus autores?

Percebi então que, no fundo, havia uma ponta de vergonha. E a respeito disso não há muito o que fazer.

Ficamos de nos corresponder.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Aniversariantes: Darwin e Calvino.

Certos acontecimentos, se não fossem tristes seriam até engraçados. Por exemplo, o destaque que a mídia está dando aos 200 anos do nascimento de Darwin: Artigos apaixonados, reportagens biográficas elogiosas e, como não poderia faltar, críticas, azedas, aos que “ainda acreditam que foi Deus quem criou o homem”.

Um dos programas que vi afirmava que a genialidade de Darwin foi tirar o homem do centro do debate e substituí-lo pelas forças da natureza. Na hora me lembrei que já ouvira isso.

A primeira vez que a ouvi falava sobre Copérnico e Galileu: Com a publicação dos livros Da revolução de esferas celestes e Mensageiro das estrelas, eles tiraram o planeta terra do centro do sistema solar e conseqüentemente o homem da posição privilegiada que tinha. A terra passou a ser vista como apenas mais um planeta e as cogitações sobre a existência de vida em outros planetas ganharam força.

A segunda vez que a escutei foi a respeito de Freud. Semelhantemente dizia que ele havia tirado o homem do centro das considerações mostrando que ele era apenas um animal como outro qualquer, motivado basicamente por sua sexualidade.

Quem sabe essa frase tenha sido dita outras vezes. Porém, é bom lembrar que o livro de Copérnico foi publicado em 1543, o livro de Galileu em 1610, os escritos de Freud vieram à luz em 1890. Ou seja: antes de todos eles, em 1536, na primeira edição das Institutas da Religião Cristã, Calvino já era bem explícito: o homem é apenas uma criatura de Deus e portanto não pode dirigir seu destino como se fosse Deus.

Calvino também tirou o homem do “centro”. Entretanto não o substituiu pelas “forças da natureza” e sim por seu Criador.

Para Calvino isso não era novidade, pois ele se lembrava do Apóstolo Paulo que dizia “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Rm 9.20e21). Ele se lembrava também da pergunta do salmista: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres e o filho do homem, que o visites?” (Sl 8.3e4).

Porém, apesar de apontar Deus como o centro de todas as coisas, até da vontade e do destino dos homens, ele não rebaixou seu semelhante a simples animal dominado por instintos de sobrevivência e procriação. Poucos, além dele, falaram tanto a respeito da Imagem de Deus, como o diferencial entre o homem e as demais formas de vida. Só o homem a possui. Só o homem foi criado à imagem de Deus, apesar de compartilhar princípios biológicos com outros animais também criados por Deus.

Curiosamente, neste ano em que os 200 anos do nascimento de Darwin é lembrado, comemoramos também 500 anos do nascimento de Calvino.

E, de fato, o homem não é o centro de tudo. Mas a quem você vê no centro? Forças cegas da natureza? Acasos? Ou Deus?

Quando você estiver assistindo a um desses programas, ou lendo sobre esse assunto, preste atenção na quantidade de vezes em que as palavras “provavelmente”, “talvez”, ou outras semelhantes, aparecem. Sabe por quê? A razão é simples: o evolucionismo ainda é uma teoria: Teoria da Evolução. Ainda não foi provada. Mas já é tida como verdade absoluta da qual não se pode duvidar.

Então, no fundo, no fundo, estão retornando o velho homem para o centro - se é que o tiraram de lá - pois suas teorias são tidas como verdades absolutas das quais não se pode duvidar ou sequer questionar.