quinta-feira, 6 de agosto de 2020

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Pode um Cristão ser “Esquerdista”?

1º - Se for presbiteriano (membro da Igreja Presbiteriana do Brasil) não pode, pois o Concílio Maior desta denominação já condenou diversas vezes, em diversas ocasiões, Veja as notas 1[i], 2[ii], 3[iii] e 4[iv] abaixo.

2º - Pode um cristão ser a ateu ou propagar o ateísmo? Não, não pode. Um cristão cumpre os quatro primeiros mandamentos com prazer pois sabe que esta é a vontade de Deus. Então, ele tem como seu Deus o verdadeiro Deus, não degrada sua pessoa em imagens, não degrada seu nome usando-o irrefletidamente, e reserva um dia a cada sete para cultuá-lo de modo especial.

3º - Pode um cristão ser contra a família? De modo algum, pois ela é uma das poucas coisas que foram estabelecidas por Deus antes da queda.

4º - Pode um cristão pautar-se pela ideologia de gênero? Deus nos criou machos e fêmeas. Qualquer alteração disso é fruto do pecado: a própria ideologia de gênero acaba concordando com isso ao afirmar que é a cultura que molda os papéis que os machos e as fêmeas exercem na sociedade. Porém, não admitem que a cultura esteja imersa e seja a principal expressão do pecado. Admitir que algo seja pecado seria – para o esquerdista – o mesmo que admitir que Deus existe e demanda submissão do homem.

5º - Como alguém que ora o Pai Nosso (seja feita a tua vontade...) pode desejar a implantação de um sistema que nega até mesmo a existência de Deus e persegue os cristãos em todo o mundo?

6º - Como alguém pode desejar os valores de um sistema que matou milhões e tornou-se o maior genocida de todos os tempos?

NOTE BEM: Não há um só mandamento que o sistema esquerdista não quebre. Aliás, ele foi elaborado para isso. O objetivo maior da esquerda é destruir os valores e conquistas da civilização “judaico-cristã.

Os militantes da esquerda se comportam como missionários abnegados, dispostos a sofrer qualquer coisa para verem a esquerda triunfar.

Para eles, conseguir isso é o que interessa e vale tudo para esse fim, mesmo que esforços sejam ilegais, imorais ou prejudiciais ao povo em que querem implantar tal governo.

Estamos vivendo, hoje, em nosso país, um exemplo disso: a esquerda torce pelo sucesso do corona vírus.


NOTAS

[i] A – O Supremo Concílio de 1954 foi claro: “há incompatibilidade entre o comunismo, ateu e materialista e a doutrina bíblica e os símbolos de fé da IPB”.

[ii] B – A Comissão Executiva do Supremo Concílio de 1956, enfatizou: “7) Em referência à atitude cristã quanto ao comunismo, persistimos em pregar a realidade do poder transformador do evangelho de Cristo, crendo que o comunismo é uma filosofia de vida contrária ao espírito e à doutrina evangélica.”

[iii] C – Em 1966, respondendo sobre o que fazer com um “obreiro” comunista o Supremo Concílio em resolve: “1) Reafirmar ser indispensável a qualquer pessoa que deseja filiar-se à IPB, em especial aos seus oficiais e ministros, a aceitação da Palavra de Deus como única regra de fé e prática, e seus símbolos de fé. Quando qualquer prova se possa fazer contra membro ou membros da IPB de que já não mais aceitam a Palavra de Deus e seus símbolos de fé, por adotarem uma filosofia em choque com os princípios cristãos, no todo ou em parte, a mesma prova deve ser apresentada ao Concílio competente para os devidos fins; 2) Reafirmar a resolução da Assembleia Geral de 1936 que declara: ‘Compete ao cristão obedecer as autoridades legitimamente constituídas e realizar os deveres do cidadão, nunca devendo adotar qualquer ideologia que atente contra os princípios evangélicos da liberdade civil e de consciência e de ordem e paz sociais’”.

[iv] D – Finalmente, em 1990, uma Carta Pastoral, esse Concílio maior recomenda “Que se evite todo e qualquer apoio a candidatos reconhecidamente descompromissados com os ideais de democracia, justiça e paz propugnados pela nossa Igreja, que visam apenas o interesse pessoal, pactuam com os injustos e corruptos, aceitam subornos, negam justiça aos pobres (Is 5.18, 22-23), decretam leis injustas (Is 10.1) e se afastam da Palavra de Deus como ‘regra de fé e prática’”.


quinta-feira, 23 de abril de 2020

Under His Wings


Refúgio sob as asas do SENHOR é uma figura bem conhecida. Os textos bíblicos que a usam são os seguintes:

  • Salmo17.8: Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas. 
  • Salmo 36.7: Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! Por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas.
  • Salmo 55.6: Então, disse eu: quem me dera asas como de pomba! Voaria e acharia pouso.
  • Salmo 57.1: Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.
  • Salmo 61.4: Assista eu no teu tabernáculo, para sempre; no esconderijo das tuas asas, eu me abrigo.
  • Salmo 63.7: Porque tu me tens sido auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto jubiloso.
  • Salmo 91:4: Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo.
Entretanto, a menção que aclara todas as demais nos foi dada pelo Senhor: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! (Mt 23.37).

Esses textos estão, até certo ponto, referidos no belo hino que intitula este texto, cuja letra transcrevo abaixo e que pode ser ouvido aqui: https://youtu.be/qeHcf_EtZ6A 

Under His wings I am safely abiding;
Though the night deepens and tempests are wild,
Still I can trust Him, I know He will keep me;
He has redeemed me, and I am His child.

Under His wings, under His wings,
Who from His love can sever?
Under His wings my soul shall abide,
Safely abide forever.

Under His wings—what a refuge in sorrow!
How the heart yearningly turns to His rest!
Often when earth has no balm for my healing,
There I find comfort, and there I am blest.

Under His wings—oh, what precious enjoyment!
There will I hide till life’s trials are o’er;
Sheltered, protected, no evil can harm me;
Resting in Jesus I’m safe evermore.

Sua versão em português é conhecida como “Tua/Minha Morada Jesus Assegura”. Não consta do Novo Cântico (da IPB).

Querendo usá-lo, mas, com algumas restrições ao clima meio místico da letra em português, proponho esta versão (desculpem minha ousadia, pois não sou sequer repentista e muito menos poeta).

Sob suas asas
Música: Ira David Sankey (1896)
Letra: Fôlton Nogueira (2020)

1 Sob suas asas encontro refúgio
Da escuridão ou da peste atroz.
Nele confiando, não tenho temores
Pois em minh’alma ressoa sua voz.

Sob suas asas, sempre seguro,
Desfruto paz sem igual!
Sob suas asas – Que graça infinita!
Venço o mundo a carne e o mal.

2 Sob suas asas estou protegido
Dor e tristezas eu superarei
Mesmo a morte enfrento sereno
E, com suas forças, a receberei.   

3 Sob suas asas está meu destino:
Morada eterna me aguarda nos céus.
E enfim, já livre de medos e horrores,
Sua perfeita vontade farei.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Lula quer ser pastor


Lula quer ser pastor

Li, hoje pela manhã, que Lula quer ser pastor. Certamente é apenas uma bravata. Mas, como exercício mental, vamos admitir que seja um desejo sincero.

Ele procura uma das Igrejas Presbiterianas (IPB) e convence o pastor de que é um crente sincero, regenerado, salvo pelo Senhor e obediente ao seu chamado e à sua Palavra. Convence-o também a levar sua pretensão ao Conselho da Igreja, onde, se admitido, será sabatinado pelos presbíteros da Igreja. Eles tentarão desvendar seu real motivo e sua convicção de ter sido chamado por Deus para o sagrado ministério, ou seja, ser pastor.

Admitamos que ele convença ao Pastor e ao Conselho de que é uma pessoa convertida pelo Senhor Jesus e vocacionada a buscar almas perdidas, então será declarado “Aspirante ao Sagrado Ministério” e terá de ficar 3 anos sob observação do Conselho e da Igreja. Deverá comparecer, quando chamado, às suas reuniões, contar o que tem feito, responder satisfatoriamente a tudo o que for perguntado: inclusive assuntos íntimos.

Deverá ler os livros prescritos pelo pastor e resumi-los. Deverá relatar periodicamente (às vezes por escrito) seus sucessos e falhas. Não pode ser rebelde, pelo contrário, submisso, pacificador e diligente.

Precisa ter bom testemunho de todos da Igreja, possuir afinidade com as Escrituras Sagradas, responder com mansidão a todos e ser exemplo de virtudes aos jovens e aos novos membros da igreja.

Tem de acertar sua vida: Devolver o que eventualmente tenha roubado. Pedir perdão a quem tenha mentido ou trapaceado. Recompor sua vida familiar. Cumprir as penas que ainda pesarem sobre si. Em outras palavras: mudar radicalmente de vida.

Depois de 3 anos, sem nenhuma queixa que o desabone, o Pastor e o Conselho o enviarão ao Presbitério (que é o Concílio composto por presbíteros e pastores de uma determinada região). Lá, em uma comissão reservada será avaliado e, se for aprovado, será examinado novamente, agora pelo plenário. Será inquirido a respeito de tudo: vida financeira, familiar (às vezes sexual), pecados contra os quais luta, como, vícios, gênio forte, autodomínio, pensamentos impuros, etc.

Conta muito (as vezes é decisivo) a disposição favorável de sua esposa em segui-lo e, ser uma “ajudadora idônea” (missão dada por Deus a todas as mulheres, antes do pecado).

O presbitério, após apreciar o relatório do Pastor e do Conselho, sobre os 3 anos probatórios na Igreja, poderá determinar mais um período de confirmação (geralmente em outra igreja, com outro pastor e outro conselho) acompanhado por um Tutor Eclesiástico.

E ... finalmente, ele terá de ser aprovado.

Ao Tutor, ele deve reportar-se periodicamente. É dele que deve obter permissão para fazer qualquer coisa que não esteja prevista na determinação do presbitério e é, mediante relatório favorável desse Tutor, que ele será enviado ao Seminário.
Vamos admitir, também, que o Diretor do Seminário aceite sua matrícula, lá ele terá pela frente um currículo tão pesado em horas/aulas como o do curso de direito. Mas, com algumas dificuldades adicionais:

1) Ele terá de ser aprovado na gramática de duas línguas mortas: Hebraico e Grego bíblicos. Após aprovado nelas, aprender a fazer a exegese de textos bíblicos em cada uma delas. Além disso, aprender qual é a hermenêutica mais adequada para entender tais textos diante de contextos imediatos e remotos, bem como a aplicação de seus ensinos em nossos dias.

2) Paralelamente, ele terá de aprender toda história bíblica desde Adão. Dominar os livros históricos da própria Bíblia, os escritos dos Pais Apostólicos, da Igreja de Roma, dos Reformadores, dos hereges que surgiram depois, da Teologia da Libertação e seus desdobramentos na Igreja de Roma e de tudo o que aconteceu com os “liberais” protestantes, que, paralelamente à Teologia da Libertação, forjaram o que é conhecido hoje como Teologia da Missão Integral.

3) Conhecer profundamente a Teologia e a forma de governo da Igreja Presbiteriana, da Igreja de Roma, das Igrejas Protestantes tradicionais e das Igrejas Pentecostais e seus muitos ramos (até daqueles que dão vergonha aos presbiterianos de serem chamados de evangélicos também).
Agrava-se: Ele tem de conhecer essas e outras heresias e repudiá-las de coração, sem reservas mentais, tendo a confiança de seus professores.

Ah! Antes que eu esqueça: todos os exames devem ser feitos sem cola e todos os trabalhos sem plágios.

Durante seu curso ele deve prestar relatórios periódicos a seu Tutor, encontrá-lo amiúde, desfrutar de sua confiança e comparecer a todas as reuniões do Presbitério, nas quais seu relatório anual ao Tutor, deve ser aprovado.

Depois de formado ele será apresentado pelo Tutor ao Presbitério visando sua ordenação ao Sagrado Ministério. O Presbitério o examinará mais uma vez e tentará descobrir faltas que não descobriu antes. Satisfeito, o presbitério o licenciará por um ano, no máximo, dois, para trabalhar em uma igreja. Se nesse período de licenciatura não tiver desempenho satisfatório, especialmente no que concerne a uma vida piedosa, sua licenciatura será cassada. Se, entretanto, demonstrar piedade e interesse genuíno no rebanho, e houver uma Igreja que possa sustentá-lo, ele será solenemente ordenado.

Se alguém argumentar que ele tem “lábia” para enrolar qualquer pastor, Conselho ou Presbitério, responderei que ele terá de ser muito paciente: gastará 3 anos na igreja local; mais 1 (ou 2) no Presbitério (que até pode considerar os 3 da igreja local, mas acho difícil que levem em conta, considerando seu passado); 4 ou 5 no Seminário e 1 (ou 2) na licenciatura. Por baixo (o que geralmente acontece a quem nasce na Igreja) 8 anos, para depois ganhar por volta de 4 mil reais (média do que ganha um pastor presbiteriano).

Sua vida mais íntima será vasculhada e suas intenções, até onde for possível, serão pesadas e conhecidas de todos os membros do presbitério...

Não. Não acho que ele se sujeitará a tanto.

Não duvido que Deus possa converter Lula. Ele converteu tantos (converteu Paulo que se chamava de o principal dos pecadores). Mas, quando Lula diz que quer ser pastor, talvez ele queira apenas o título para fazer o que tantos “inimigos da cruz de Cristo” fazem e tornar os convertidos “duas vezes mais filhos do inferno” (como o Senhor disse dos “pastores” judeus de sua época).

Para finalizar, sinceramente, eu gostaria de vê-lo no caminho da Cruz e longe dessa cosmovisão diabólica, que atualmente professa.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Ensaio sobre o uso litúrgico do Credo Apostólico


As grandes vantagens de se usar o Credo Apostólico no culto reformado parecem bastante óbvias. Porém, uma reflexão sobre alguns pontos é necessária:
1. O Credo Apostólico não é o mais antigo. Justo Gonzales[1] descreve vividamente como, por discordâncias com a expressão filioque no Credo Niceno, o Papa passou a usar o que hoje conhecemos como Credo Apostólico. Ou seja: o uso mais antigo era do Credo composto pelo concílio de Nicéia. A crença de que ele foi feito pelos apóstolos do Senhor – especialmente que cada um disse uma de suas declarações – parece meio fantasiosa.
2. O Credo Apostólico não é o mais completo. Praticamente todos os Reformadores, se não o comentaram, escreveram algo sobre ele, mas ele não diz nada a respeito, por exemplo, das Escrituras.
Embora, hoje se saiba detalhes de sua história que os Reformadores não sabiam, o que continua sob disputa é a clausula “desceu ao hades”. Boa parte dos reformados creem que se trata de uma alusão aos sofrimentos de nosso Senhor na Cruz, quando ele estava separado do Pai. Porém, os anglicanos (os que mais se afastam dessa interpretação) colocaram em seu Símbolo de Fé[2]: “Assim como Cristo morreu por nós, e foi sepultado; assim também deve ser crido que desceu ao Hades”.
3. O Credo Apostólico apresenta o cerne da Fé que, nós presbiterianos, professamos. Há quem diga que ele não é oficialmente um Símbolo de Fé de nossa Igreja. Nada mais errado: ele aparece no final do Breve Catecismo e a Constituição de nossa Igreja é clara, já em seu Artigo 1: “A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de Igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve […]”.
Há, entretanto, as dificuldades contidas na declaração “creio na santa igreja católica”.
Vivemos numa época em que as palavras adquirem rapidamente, talvez pelo uso errado, outros significados diferentes daqueles que tinham. Nesse caso especificamente pela deformação da palavra católico, desde quando a declaração foi cunhada.
Naquela ocasião o termo “católico” tinha um significado parecido com o de nossa palavra “universal”. Apenas parecido, pois a Igreja de Jerusalém, no dia de Pentecostes, antes de chegar à Samaria ou aos confins do mundo (e se universalizar), já possuía o atributo de ser católica. Mas, como aconteceu com tantas coisas, esse termo, pelo uso repetido e descuidado, acabou virando uma marca: Igreja Católica Romana.
Como pastor, há mais de trinta anos, sou testemunha do desagrado de diversos irmãos (especialmente egressos da Igreja Romana) ao ouvirem esta declaração do Credo Apostólico em nossa Igreja.
Mas a Igreja Cristã[3] é católica sim! Para os reformados ela é católica no sentido de ter uma só Cabeça sobre um só corpo de qualquer “tribo, raça ou nação”: Jesus Cristo. Não o Papa, como quer a Igreja Romana. Ela não é católica por estar presente no mundo inteiro, como vemos ou como nos declara Marcos (Mc 16.20)[4] e Paulo (Cl 1.23)[5]. Como eu já disse, em Jerusalém ela já era católica.
4. Vantagens e desvantagens litúrgicas. O Credo Apostólico usado no culto reformado como uma declaração de fé, satisfaz a, pelo menos, 2 pontos:
a. Diante de Deus é nossa expressão de louvor. Estamos dizendo a ele que, como congregação, comparecemos diante dele e apresentamos nossa fé expressa nas declarações que recitamos.
b. Diante na Igreja é a nossa expressão de unidade. Com o Credo reforçamos nossos laços e nos identificamos a eventuais visitantes também cristãos possuidores da mesma fé e a eventuais visitantes não cristãos (indoutos ou infiéis, nas palavras de Paulo (1Co 14.23)[6] que estamos adorando o verdadeiro Deus e não disseminando confusão ou agindo como loucos[7].
Porém, como conciliar essas bênçãos com o desconforto dos irmãos que já citei, ou a má sensação de “indoutos ou infiéis” que pensam: “eles podem não ser um ramo da Igreja Católica, mas acreditam nela”.
Há outro argumento que cito aqui, não por ser relevante para este ensaio, mas para aguçar nossa percepção sobre a extensão do assunto.
Em um debate com um bispo da Igreja Católica, anos atrás, após as apresentações do mediador, ele declarou, sobre a Igreja que eu representava: “São irmãos. Rebeldes, mas irmãos queridos que fazem questão de nos reconhecer todas as vezes que usam o Credo Apostólico”.
É a tal mentira que, repetida mil vezes, vira verdade.
5. Possíveis alternativas. Conheço 4 alternativas para a declaração “Creio na santa igreja católica”.
a. A que foi usada no hinário da IPB[8]: “creio na santa igreja universal”. Ora isso atesta que o desconforto não é apenas de catecúmenos (ou meu), mas já atingiu a editores que perceberam a erosão da palavra. Porém, o mais irônico é que a opção pelo termo “universal”, apenas muda de “denominação”: da Igreja de Roma para a Igreja do Bispo Macedo.
b. A alteração da ordem das palavras. Usei esta solução no “Auxílios Litúrgicos” que a Capelania do Seminário JMC elabora para seu uso interno. Fica assim: “Creio na Igreja: santa e católica”. Procuro destacar que santidade e catolicidade são atributos da Igreja em que se crê.
c. A alterações da declaração
- Feita pelas Igrejas Evangélicas Reformadas do Brasil em abril de 1998. A Comissão de Música da IER lançou um Hinário com Hinos, Salmos, Confissões e Formas. Nele, a referida declaração, recebeu a seguinte redação: “Creio na santa Igreja de Cristo”.
- Feita pela Igreja Luterana. Em 2018, visitando uma Igreja Luterana, ao recitar o Credo Apostólico, ouvi: “Creio na santa Igreja cristã”. Depois confirmei no site da IECLB (Portal Luteranos)[9].
Conclusão
Confesso que tive uma reação negativa (alteraram até o Credo!) na Igreja Luterana, diferente da que tive ao ler o hinário da IER. Talvez por ter recitado junto, participado liturgicamente. Hoje, vejo que é uma boa solução.
Apesar de serem mais comunicativas, ambas são redundantes (se é Igreja, tem de ser cristã), perdem a profundidade teológica e desconsideram a herança histórica.


[1] Gonzales, Justo, História Ilustrada do Cristianismo. Vida Nova. São Paulo, 2011. Pg 319.
[2] Os 39 Artigos da Religião Anglicana: ARTIGO III – DA DESCIDA DE CRISTO AO HADES

[3] Parece pleonasmo falar de Igreja Cristã. Teologicamente se é igreja tem de ser cristã, entretanto temos aqui outra deturpação das palavras. Deveria ser assim: há uma só Igreja: aquela por quem Cristo morreu: a cristã (que é católica). Entretanto, a expressão “igreja de satanás” já tornou-se comum.
[4] E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam.
[5] […] não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro
[6] Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos? Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós.
[7] Colocado neste contexto o uso de um Credo no culto equivaleria a “todos estarem profetizando”.
[8] Já vi em outros hinários um esclarecimento em Nota de Rodapé: “católica significa universal” ou “católica não se refere a uma denominação como a Igreja Romana”.

domingo, 21 de outubro de 2018

Marxismo Cultural (Parte 2)


O “marxismo de Marx” dizia lutar contra as desigualdades econômicas e sociais, mas, como vimos, isso não cativou a classe operária, que, na primeira guerra mundial, prontamente lutou por seus países contra os ideias comunistas. 

Muitos tentaram explicar isso, mas foi a explicação de Gramsci que prevaleceu. Segundo ele, a fonte de todas as desigualdades era a família e em última análise a religião que a sancionava. 

Na família, dizia ele, o marido explora a mulher e os pais exploram os filhos com a bênção da religião. A solução, dada por ele e seguida por seus discípulos (a grande maioria dos atuais esquerdistas) foi incentivar à rebeldia das esposas e dos filhos.

Não é mera coincidência o aparecimento da moda unissex, do apoio a casais homossexuais (de tantos tipos que faltam letras no alfabeto: LGBT...).

Quantos casais não foram desfeitos pela influência de uma mídia comprometida com as ideologias feministas ou com a venda de um “amor” que só acontece a personagens fictícios.

Os maridos foram ensinados a procurar a mulher que só existe na imaginação deles e assim relegar suas esposas a um segundo plano. As esposas foram ensinadas a ver que o cuidado do lar e dos filhos é de menor importância. Muitas esposas cristãs, comprometidas com o papel bíblico de auxiliadoras da missão do marido, acharam suas “próprias missões”.

O ataque às primeiras ordens do Criador foi certeiro: O homossexualismo luta diretamente contra o crescer e multiplicar-se, e as “novas famílias” lutam contra “por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne”. Atente para “o homem e sua mulher”, pois para eles pode muito bem ser “a mulher e seu homem ou a mulher e nada mais”.

As drogas foram de grande auxílio para que os filhos se voltassem contra os pais: criou-se, quase que espontaneamente, a figura do ultrapassado (quadrado, careta...) que, por si só já é algo que deve ser evitado.

O sexo passou a ser praticado sem a estabilidade proporcionada pela família. A máxima passou a ser: “Meu corpo, minhas regras”. Não é coincidência o aparecimento de coisas como Woodstock. Como também a maior explicitude nas telas o que antes, quando muito, era insinuado.

Tudo o que colaborar para a desestabilização da família e para evitar sua formação segundo as normas do Criador, foi, é, e sempre será o objetivo desse novo marxismo.

Além disso, os jovens passaram a receber modelos ruins em idade cada vez mais tenra, e sob o pretexto de não prejudicar a carreira das esposas, as escolas (creches) passaram a substituir a família na formação da cosmovisão dos próprios bebês. Educar o próprio filho em casa passou a ser um absurdo e até um crime a ser punido.

Os alunos passaram a avaliar o desempenho do professor, que passou a ter como mais importante a missão de agradá-los do que formá-los.

Não é a toa que os modelos imitados pelos jovens não sejam seus pais (ou os heróis do passado), mas os que estão “na ponta”. A ética ideal é a que está para ser descoberta e não a que orientou nossos ancestrais.

Por essas e muitas outras razões, é tão importante para os movimentos de esquerda que o governo imponha as desgraças que a famílias brasileiras estão vendo.