domingo, 31 de outubro de 2010

Reforma hoje

Como filhos que somos não precisamos nos dirigir ao Deus de nossos antepassados, pois ele é o mesmo Deus daquele que nos tornou seus filhos. O mesmo que disse: “...meu Pai e vosso Pai, ... meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17).

Como filhos que somos estamos aprendendo com aquele que “... não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hb 2.11) a viver os valores da casa de nosso Pai. Aprendendo a nos comportar como o Pai deseja. Aprendendo a conviver com nossos demais irmãos.

Como filhos que somos, embora soframos vicissitudes no presente “somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm 8.17).

Por essas verdades básicas, séculos atrás muitos se levantaram. Dizia-se então que estávamos sujeitos a outros pais e devíamos satisfações a intermediários. Mais: nossas culpas diante de Deus poderiam ser minoradas mediante pagamento comum e simples que ajudassem os intermediários a bem viver. Esse foi um das causas da Reforma Protestante do Século XVI.

É claro que houve muitas outras razões para que ela acontecesse. Dela resultaram muitas doutrinas, práticas e toda uma forma diferente de encarar o mundo: uma nova ética.

Porém, correndo o risco de ser reducionista, o âmago da questão foi negar a prerrogativa que os salvos por Cristo Jesus possuem de se aproximarem de Deus e de desfrutarem já, nesta vida, de suas bênçãos.

Entretanto, o que é que estamos vendo hoje?

A Igreja contra a qual os Reformadores se voltaram (e tentaram reformar) pouco mudou. Aliás, piorou, pois recrudesceu suas práticas no Concílio de Trento e as disfarçou bem no Concílio Vaticano II, sem mudar sequer um de seus terríveis dogmas.

Nós, os que descendemos da Reforma Protestante, vimos impotentes, surgir em nosso meio, uma verdadeira matilha de lobos vorazes travestidos de ovelhas comerciando tudo o que se pode imaginar. Mais do que aqueles contra os quais nossos pais lutaram, estes inventam óleos, lenços, águas, sais, pretensamente santos. Mas como os do passado estão interessados apenas em dinheiro.

Em síntese: se no século XVI, havia o que reformar, hoje há muito mais. Se século XVI, nossos pais não se detiveram diante do tamanho da tarefa, não nos detenhamos hoje.

sábado, 23 de outubro de 2010

Santificado seja o teu nome

Em nossa época tão materialista, por amor aos propósitos mais vis, desrespeita-se até o próprio Nome do SENHOR. Aquele, que não deve ser tomado em vão (pois ele não terá por inocente quem fizer isto).

A salvação é a maior bênção que recebemos, mas como conseqüência dela recebemos muitas coisas que sequer podemos enumerar. Por exemplo: somos filhos.

Quando Abraão orava, dirigia-se a Deus chamando-o de SENHOR. O damasceno Eleazar, seu servo, orou ao "SENHOR Deus de Abraão e Isaque".

A Isaque, Deus se apresentou como "Eu sou o Deus de Abraão teu pai". E a Jacó, como "Eu sou o Deus de Abraão e Deus de Isaque". A apresentação mais conhecida foi feita a Moisés: "Eu sou o Deus de Abraão, Isaque e Jacó".

Isso afetou o modo como se dirigiam a Deus: "E orou Jacó: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque, ó SENHOR" (Gn 32.9).

Durante a época dos reis o tratamento predominante nas orações era sempre ao "SENHOR Deus". Embora, nessa época, os profetas usem "Ó Deus de Israel", "Ó salvador" e até "Ó Deus de meus pais". Ainda nesta mesma época a linguagem poética dos Salmos introduziu muitas expressões como, "Ó Deus de Israel", "Ó Senhor Deus dos exércitos", "Ó Deus de Jacó", "Ó Altíssimo" e outras mais raras.

Um judeu piedoso orava ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

Entretanto, quando seus discípulos pediram a Jesus, que os ensinasse a orar, determinou que se dirigissem a Deus chamando-o de Pai.

Para o Judeu, Deus era pai no sentido de que todas as coisas se originaram nele. As profecias em que ele se chama de Pai, e a Israel de filho, eram, para eles, mais uma expressão de cuidado do que uma realidade concreta.

Certamente os discípulos de Jesus ficaram surpresos quando ele os mandou usar a palavra Abba (que era como uma criança de então se dirigia intimamente a seu pai). Essa surpresa chega até Paulo: "Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus" (Gl 4.3-7).

Somente em Cristo – somente os cristãos – aqueles que "não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” podem desfrutar dessa bênção impar. Pois: "a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome" (Jo 1.13 e 12).

Não desdenhemos nem desonremos tal privilégio.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O resgate dos mineiros chilenos e o meu

Como aqueles mineiros chilenos eu também estava enterrado. Não apenas a 700 metros abaixo da superfície, mas, como disse o salmista, “no mais profundo abismo”.

Como aqueles mineiros chilenos eu não recebi apenas uma proposta de salvação. Fui objeto de uma missão de resgate. Uma missão infalível e determinada a me tirar daquele lugar terrível, custasse o que custasse. E custou a vida de meu Senhor.

Diferentemente daqueles mineiros chilenos, nenhum semelhante meu poderia alcançar-me. Ninguém, a não ser meu Criador, teria poder de achar-me e de resgatar-me.

Diferentemente daqueles mineiros chilenos, eu não tinha como mandar sequer um bilhete avisando que estava vivo, pois na verdade eu estava morto. Nas palavras do apóstolo “morto em meus delitos e pecados”.

Diferentemente daqueles mineiros chilenos, para que eu fosse salvo, Deus, não apenas mandou uma missão de resgate, mas fez-se semelhante a mim e me deu vida compartilhando comigo seu próprio Espírito. Vivificou-me ao ponto de fazer-me ansiar pelo bendito resgate, e me alegrar por hoje estar em uma capsula apertada, subindo por um túnel bem estreito, vivo e em direção à vida real.

Diferentemente daqueles mineiros chilenos, se tivesse como escolher eu jamais escolheria o resgate - ele não faria qualquer sentido - meu prazer seria continuar no mais profundo abismo. Além do mais eu teria ódio mortal de meu resgatador e meu orgulho jamais me permitiria entrar em uma cápsula tão apertada. Eu me debateria ao ponto de precisar ser compelido por um aguilhão.

Fui resgatado, sim! Jamais poderia salvar-me.

sábado, 9 de outubro de 2010

Eleições de Esquerda

E agora? Segundo turno com dois candidatos de esquerda. O que fazer?

Primeiro, um pouquinho de história.

No mesmo ano em que os Inconfidentes mineiros foram presos, 1789, foi instalada na França a Assembléia dos Estados Gerais, e, no mesmo ano em que Tiradentes foi esquartejado, 1892, ela foi dissolvida.

Essa Assembléia era constituída por representantes do chamado Terceiro Estado (camponeses, artesãos e burgueses), tentava diminuir os poderes do Clero (Primeiro Estado) e os da Nobreza (Segundo Estado) e propugnava uma monarquia constitucionalista, semelhante a da Inglaterra. Nos 3 anos em que funcionou, chegaram a produzir a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que é uma das vertentes da nossa atual Declaração dos Direitos Humanos.

Os termos direita e esquerda surgiram nesta assembléia indicando o lado do plenário em que os parlamentares se ajuntavam conforme a posição que defendiam.

Desde então, esses termos foram usados para rotular as mais diversas abordagens políticas, sociais, éticas e econômicas. Porém, rotulando demais, hoje já não significam muito.

Por exemplo: Ouvi alguém classificar o recente aumento da cota de participação do Brasil no controle acionário da Petrobras como “festa da esquerda”. Risível (para não dizer ridículo)! Pois quem tiver um pouquinho mais de memória, se lembrará de que a Petrobras foi criada por um governo de direita . Aliás,todas as demais estatais foram criadas por governos de direita e privatizadas por governos de esquerda. Exatamente ao contrário do que se esperaria.

Eu poderia dar muitos outros exemplos, nas demais áreas citadas, em que tais ideologias sucumbiram diante da vida. Porém, como pastor, além dos erros básicos e monstruosidades perpetradas pela esquerda e já expostos pela história, minha repulsa a ela decorre do que eu chamo de insistência na legalização do pecado. Explico:

Sempre que um governo de esquerda assume o poder, com o discurso de apoio às minorias, insiste na mesma pauta: O Estado deve: 1) Garantir o direito individual de cada um pecar. 2) Cuidar do pecador mesmo quando ele estiver sofrendo as conseqüências de seu pecado. 3) Punir a quem advertir o pecador de seu mal caminho. 4) Apoiar o pecador a convencer às maiorias de que seu modo pecaminoso de viver é o modo correto.

Obviamente nós cristãos devemos socorrer o pecador, mas não podemos avalizar o pecado, muito menos manter - ou ajudar a manter - alguém imerso nele.

Percebeu? Não temos escolha. Se insistirem na ideologia, qualquer um dos dois candidatos já é juízo de Deus. Ou você acha que o atual não é?

Mas parece que eles estão preocupados mesmo é com o poder, e como dependem dos votos de quem se identifica como evangélica, ambos elegeram uma pedra de toque: o aborto (acabo de ler que um dos partidos deve tirar a luta pela legalização do aborto de seu programa de governo para atrair os eleitores dela).

Talvez um neo-evangélico possa resumir todos os seus princípios éticos - são tão poucos - na luta contra o aborto. Porém, isso é apenas uma pequena parte dos valores tradicionais da Reforma Protestante, da qual se dizem herdeiros. O que deve contar de fato é toda uma hierarquia de valores.

Como não espero que nenhum dos dois temam ao Deus revelado nas Escrituras, eu ficaria contente com aquele que tivesse a vida como o primeiro valor, seguido de perto pela verdade.

Bem entendido! Com vida quero me referir a tudo que lhe for relativo: desde a vida de quem ainda está em gestação até a saúde pública, a violência e a ecologia. E com verdade não me refiro apenas ao uso da mentira como ferramenta gerencial, mas a relações políticas, comerciais e internacionais honestas e verdadeiras.

Votarei com a consciência leve no que, pela história, tenha demonstrado mais possibilidade de fazer isso. E pedirei a Deus que tenha misericórdia de nosso país que se diz cristão, mas que não perde uma oportunidade de ofender àquele a quem ele ungiu Cristo e Senhor.

sábado, 2 de outubro de 2010

Inimigos do Povo de Deus

A Bíblia cobre um período de tempo muito grande e os autores de seus diversos livros testemunharam muitas formas de organização social e muitos tipos de governo.

Na pré-história bíblica sabemos dos clãs comandados por seus patriarcas. Sabemos das cidades-estado, como Jericó, e dos grandes estados, como o Egito, comandados por seus poderosos.

Ao longo do Antigo Testamento, o povo de Deus passou da autoridade de Moisés à uma confederação de tribos espalhadas pelo território conquistado por Josué.

Por esse tempo os gregos já contavam com suas cidades-estado autônomas e democráticas. Mas, a democracia deles era emperrada pela necessidade de todos participarem de tudo.

Roma deu o passo seguinte criando uma espécie de democracia representativa: a república, onde cada cidadão delegava poderes a um corpo permanente de governo: o Senado.

Portanto, o povo da antiga aliança viu o autoritarismo dos faraós, a democracia dos gregos, a democracia dos romanos bem como sua transição de república para império quando o Senado acumulou de poderes (Cônsul, Censor e Ditador vitalício) a Júlio, que retribuía com a “Pax Romana” (conquistas, obras públicas, reorganização das finanças e ordem).

A Igreja dos tempos bíblicos conheceu apenas a Roma imperial. Jesus nasceu na época de Augusto, sucessor de Júlio.

Até a morte do último apóstolo a Igreja viveu debaixo dos mandos e desmandos de Tibério, Calígula, Cláudio, Nero, Júlio, Ninfídio, Clódio, Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito, Terêncio, Domiciano, Nerva e Trajano.

Durante este período a ordem bíblica geral foi: Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. (Rm 13.1). Ou ainda: Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito (1Tm 2.1-2).

A Igreja sempre foi perseguida em maior ou menor grau. Chegou a realizar seus cultos em cemitérios e abolir os cânticos para não ser localizada. Mas, ajudada pelo Senhor, permaneceu fiel.

Durante os anos seguintes, até Constantino, a Igreja sobreviveu a mais de 90 césares. Sua derrocada aconteceu não por ser perseguida, mas por ser corrompida.

Tudo indica que teremos no Brasil uma presidenta, que, se não perseguir a Igreja, pois representa um partido político hostil a alguns valores cristãos, já que fechou questão (e mantém fechada) em favor do aborto e do casamento homossexual, dará continuidade a atual política de corrupção com benesses a seus líderes oficiais ou oficiosos.

Lembre-se de que historicamente, para o povo de Deus, a corrupção sempre foi um perigo maior do que a perseguição. E sobre esse perigo tenho escutado poucos alertas e visto muitos flertes.

O juízo de Deus veio sempre sobre a Igreja corrupta e suas bênçãos sempre foram abundantes sobre a Igreja perseguida.

Vote à luz de sua consciência diante de Deus. Se nosso destino for a perseguição, que seja. O Senhor prometeu ajudar a Igreja perseguida, não a corrupta.