sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Vida nova, novos valores

Ao nos redimir, Deus nos fez parte de sua família. Fomos adotados. Ou como costumamos dizer fomos salvos. Mas isso é apenas o começo, pois alguém que foi adotado jamais tirará todo o proveito da vida com sua nova família se não se ajustar seus valores.

Um dos valores de Deus é a honestidade. Honestidade com ele, com nosso próximo e conosco mesmo. Porém não apenas uma honestidade externa, mas de propósitos de pensamentos e desejos.

Ele exige de nós um comportamento marcado pela simplicidade, pela humildade, pela clareza, e pelo que se relaciona com o que é bom e agradável.

Ao citar diversos valores as Escrituras Sagradas fazem questão de associá-los à nova vida que temos. Veja Filipenses 4.8 “...tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”.

É impossível alguém desfrutar das bênçãos da nova vida sem cultivar estes valores. Mas há outros. Não há uma clara preferência, ao longo das escrituras, pelo rebanho em vez do bando? Por águas tranqüilas em contraposição a águas agitadas? Por pastos verdes em vez de fome? Pelo silêncio em vez das gritarias? Pela doçura em vez do amargor? Pela luz em vez das trevas? Pelo refrigério em vez de ardência? Pela harmonia em vez do ruído? Pela alegria em vez do choro? Por vestes brancas em vez de andrajos?

Ao falar de coisas celestiais, não se repetem “em cima” em vez de “em baixo”? Direita em vez de esquerda? Beleza em vez de feiúra? Vida em vez de morte? Mais em vez de menos? Louvores em vez de murmúrio? Bem em vez de mal? Ordem em vez de confusão? Perfumes? Águas? Árvores?

Semelhantemente ao prometer coisas desta vida aos que amam o Senhor, não se repete fartura em vez de escassez? Saúde em vez de doença. Perdão em vez de culpa? Fecundidade em vez de esterilidade? Honra em vez de zombaria? Verdade em vez de mentira? Ensino em vez de ignorância? Razão em vez de credulidade? Pratica em vez de sentimentos? Sabedoria? Sobriedade?

Tais valores permeiam o texto das Escrituras Sagradas e são básicos para se desfrutar a bênção de ser parte da família do Senhor. Não constituem condição para que alguém seja salvo, mas são marcas de quem já é salvo.

Não nos enganemos: não há lugar para a ética ou para a estética do mundo dentro do Reino de Deus.

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Por uma evangelização consciente

Uma das funções mais deturpadas ao longo da história da Igreja tem sido, sem dúvida, a proclamação do evangelho.

Quando o Senhor ordenou a seus apóstolos que anunciassem as boas-novas havia certas características que desde cedo foram confundidas e que, em nossos dias, estão longe de serem praticadas.

O Senhor mandou como seus enviados, pessoas que anunciassem com sua autoridade. Não quem implorasse ou usasse de expedientes que aviltam seu Nome, degradam sua obra e desdizem sua mensagem.

Hoje nos incluímos no rol dos que receberam esta sagrada incumbência e fazemos bem, pois ela foi dada a nós também mas muitos não aceitam as restrições que o teor da mensagem impõe a seus proclamadores.

O Senhor mandou que seus enviados anunciassem “boas notícias”. Mas as boas-notícias foram logo desvirtuadas. Transformadas em convite ou em um simples anúncio como outro qualquer.

As vezes são os proclamadores que não possuem entendimento claro do que anunciam e, por isso, anunciam a solução das necessidades humanas (prosperidade, saúde, e outras). As vezes são os ouvintes que, não conhecendo as “más-notícias” (a perdição em que se encontram), não fazem a mínima idéia do valor das “boas-notícias”.

Você está lembrado do que aconteceu a Paulo em Listra? (At 14): Aquele povo ficou tão impressionado com o milagre feito por ele que foi necessário repreendê-los e chamar a atenção deles para que o verdadeiro Evangelho prevalecesse. O mesmo aconteceu em Atenas (At 17): a pregação no Areópago - verdadeira agressão aos costumes atenienses - foi uma exposição doutrinária da soberania e dos decretos de Deus, para que o evangelho não virasse mais uma das muitas novidades que tinham prazer em examinar.

Após a morte do último apóstolo, a história nos informa que o Evangelho serviu a muitos propósitos. Desde dominação política, a partir da época Constantino, até instrumento de exploração comercial.

Hoje ele é utilizado de tantas formas que fica difícil de ver o verdadeiro Evangelho. Em um mundo hedonista como o nosso, ele é manobrado para atender a um público cada vez mais ávido de diversão. Em um mundo cada vez mais comercial ele destaca as igrejas locais que possuem uma preocupação organizacional e mercadológica.

Na parábola de Jesus as aves do céu encontram abrigos nos ramos da hortaliça que representa o Reino de Deus. Hoje o mercado agarra-se aos galhos da Igreja como uma planta parasita que não apenas mina sua força, mas compromete sua própria existência.

Não deixemos de proclamar o Santo Evangelho. Aqui, ali e acolá. Mas não nos deixemos envolver pelos valores do mundo, pois
“o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”. 1Jo 2.17

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Nossa redenção se aproxima

Olhando os escombros após a passagem do furacão, entre sujeira, árvores arrancadas, casas aos pedaços e carros jogados nos lugares mais inusitados, o que era escondido pelos esgotos veio à tona e o que era disfarçado pelos belos jardins apareceu.

Os locais outrora limpos, bem gramados e arborizados estavam pelo avesso.

Seja na televisão, ou nas fotos impressas, as imagens eram chocantes e as notícias das mortes já esperadas, por mais esperadas que fossem, ainda causavam tristeza.

Entretanto essa era apenas uma das muitas “catástrofes naturais” noticiadas nas últimas semanas. Você está lembrado dos incêndios em Portugal? Das enchentes na Alemanha? Do vendaval no Paraná?

A lista é grande.

Parece que as notícias de uma catástrofe nova nos fazem esquecer a anterior.

Parece também que os prejuízos e o número de mortos influem em nossa lembrança: de tão acostumados a notícias ruins nossa memória chegou ao ponto de só reter as piores.

Nos acostumamos tanto a ver tragédias que já fazemos um ranking delas, e chegamos a dizer: essa foi pior (menos ruim) do que a aquela.

As tragédias devem nos lembrar de muitas coisas. Primeiro, de pedir a Deus misericórdia sobre aqueles que a sofrem. Afinal, se aconteceu conforme a vontade soberana dele, é a oportunidade que ele mesmo nos dá de, condoídos daqueles que sofrem, colocarmos aos seus pés nossas súplicas, participando de seu reinar.

Segundo, de saber que nós não estamos imunes aos problemas que atingem os demais. Eles podem acontecer, e acontecem a nós também. Ou você já esqueceu da enchente?

Terceiro: saber que estamos vivendo tempos especiais. Devemos sempre ter em nossa lembrança as palavras do Senhor:

“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima”
Lucas 21:25 e 28

sábado, 10 de setembro de 2005

As casas de Jesus

Meu Senhor, o criador de todas as coisas, nos dias de sua carne não poderia ter tido outra profissão que não a de carpinteiro.

Naqueles dias o carpinteiro era uma espécie de construtor. Era quem mais trabalhava na construção de uma casa, ficava aos seus cuidados a confecção das colunas e vigas que alinhariam as paredes e receberiam o peso da cobertura. Era ele também quem fazia os marcos e as portas, e, eventualmente, alguns móveis.

Ou seja: nos dias de sua carne o Senhor fazia o que sempre fez e sempre fará: construir habitações. Afinal, não era Ele a santa Palavra dita pelo Pai, que ao ser pronunciada criou todas as coisas? Afinal, não é ele também quem disse ir preparar-nos lugar, para, quando voltar, receber-nos para si mesmo?

...

Tenho certeza de que, como carpinteiro, muitas vezes, cansado, após um dia de trabalho, ele olhou para o fruto de seu suor e ficou feliz. Lembrou-se do que já havia feito. Pensou no que haveria de fazer.

É provável, que muitas vezes, cansado, após terminar uma casa, ouviu um pedido de desconto, e, compadecido, mesmo tomando prejuízo, deu o desconto. Era de sua natureza compadecer-se. Era de sua natureza fazer casas. Era sua alegria ver moradores nas casas que construíra.

Certamente, muitas vezes, cansado, após terminar tudo, levou calote. Em casos assim, mais do que prejuízo, sentiu dor. Dor de ser enganado, dor de ver, naqueles por quem se fez carpinteiro, a mesquinhez, a fé obtusa que não é capaz de buscar coisa alguma além da casa material, que não é capaz de reconhecer a graça.

Todos esses sentimentos, o preparavam para o misto de satisfação e dor; para o grito terrível de abandono na cruz e para as palavras de satisfação: está consumado.

Ele ficou feliz em me salvar. Ele ficou feliz em salvar você! Ele sofreu com o calote que eu lhe dei. Ele sofreu com o calote que você lhe deu. Entretanto, nossa casa está pronta e aguarda por nós. E ele mesmo nos receberá com festa.

De mãos com as cicatrizes de cruz - cruz que era nossa - é que receberemos “as chaves” de nossa casa.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Fé, razão e emoções

Ouço dizer que a fé é o oposto da razão. Que a razão é produto da experiência, do teste, do exame, ao passo que a fé deriva-se do “desespero” diante de condições adversas, de alguma “crença irracional”, ou do obscurantismo em que algumas pessoas ainda vivem. Até que eu concordo que esse seja o tipo de fé mais visto em nossos dias. Mas, absolutamente, não é a esse tipo de fé a que a Bíblia se refere como a que caracteriza a vida do que foi justificado.

A fé da qual a Bíblia fala possui duas marcas distintas: Primeira, ser dom de Deus e a segunda é vir através do ouvir a Palavra de Deus.

Deixando mais claro: Por ser dom de Deus, a verdadeira fé não é de todos (2Ts 3.2), mas apenas de quem foi agraciado por ele. Apenas de quem foi levado por ele ao caminho apertado, que, trilhado pelos poucos que às costas levam uma cruz e seguem o Senhor, em direção a porta estreita. O pequeno rebanho a quem o Senhor agradou-se dar o Reino.

Por vir através do ato de escutar a palavra de Deus, entenda-se, não apenas o mero ato impossível ao surdo, mas o raciocínio daqueles que atenderam as exortações do Senhor, como as que ele fez através do profeta Isaías, e arrazoaram sobre a situação de seus pecados e sobre o seu perdão. Como aconteceu também aos que o Apóstolo Paulo evangelizou, chamado a considerarem o cumprimento das profecias. Semelhantemente aos que, como nos ensinou nosso Mestre e Senhor, perceberam que, se Deus cuida dos pássaros e das flores – e, como valemos mais do que pássaros e flores - cuidará de nós também.

Geralmente a maior de todas as objeções que se faz a esse tipo de raciocínio é que não há um povo que não tenha suas crenças e a noção do “religioso”. De fato: todos possuem algum tipo de fé, porém somente os salvos possuem a fé a que a Bíblia se refere.

Não podemos nos esquecer que o homem afetado pelo pecado não perdeu as qualidades com as quais Deus o dotou originalmente. Ele apenas não as usa correta ou completamente. Por exemplo, ele continua capaz de cumprir o propósito para o qual foi criado, mas não totalmente: para relacionar-se com o meio ambiente e com o próximo, ele precisa ser tutelado pela lei. Para relacionar-se com Deus ele precisa ser mediado por Jesus.

O que restou no homem após o pecado, e que foi transmitido a todos os que nasceram depois, é o tipo de fé que conduz às crendices, ao fanatismo e a todos os enganos, crimes e atrocidades, que já se fez e ainda se faz em nome de Deus.

A fé dos eleitos os convida a arrazoar sobre que Deus fez. A fé do homem sem Deus o induz a confiar no que ele mesmo pode fazer. A fé que justifica o pecador não o impede de pensar: ao contrário leva-o a entender seu estado miserável e a graça de Deus. A fé do homem sem Deus substitui o pensar pelo sentir e o torna um dependente eterno. A fé salvadora não teme o arrazoado científico, pois vê nele os rastros de Deus, e cresce com seus desafios. A fé natural não resiste o sopro da lógica.

Plantaremos figos, para colher uvas? Tampouco obteremos de nossos sentimentos, por mais puros e mais nobres que sejam, qualquer traço da fé que nos aproxima de Deus.

Semeemos sua Palavra! Sem temor, sem sofismas, sem medo de sermos tidos por antiquados. Os que a ouvirem, e a entenderem, frutificarão a 30, a 60 e a 100 por um.