sábado, 25 de junho de 2011

Descriminalização das Drogas

Fui solicitado escrever sobre a inevitável descriminalização das drogas leves em nosso país. Minha opinião, tanto como cidadão quanto como pastor, já que procuro não dissociar tais atividades, até agora é totalmente contra. Entretanto, confesso que preciso conversar com irmãos mais sábios e envolvidos no problema.

Pessoalmente creio, que até mesmo a permissão de passeatas de convencimento é um erro, pois no fundo, no mínimo tais passeatas despertam a curiosidade para experimentá-las. E enquanto houver usuários, mesmo que experimentais, haverá tráfico.

Para se ter uma ideia do que acontecerá com a legalização das drogas basta ver o que está acontecendo com a indústria legalizada do tabaco. A luta contra o tabagismo e seus males consome a sociedade. Não consome a polícia e não provoca guerra e tiroteios, mas seria muito bom ver uma estatística que comparasse as mortes silenciosas causadas pelo tabaco com as mortes da guerra do tráfico.

Ouve-se que a maconha é menos danosa do que o tabaco. Será? Veja artigos como esse: “Brain Effects of Cannabis -- Neuroimaging Findings” (Os Efeitos da Maconha no Cérebro - Achados em Neuroimagens) que pode ser lido em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462005000100016&lng=en&nrm=iso&tlng=en

Mas, a Bíblia dá alguma orientação? Diretamente eu desconheço. Porém indiretamente, mudando o que deve ser mudado, há muitas se considerarmos a bebida.

É sabido que nos tempos bíblicos já se conhecia drogas ingeríveis ou aspiráveis, porém a única menção delas na Bíblia é a mistura de vinho e mirra que Marcos nos informa terem fornecido a Jesus na cruz, o que, com toda probabilidade, seria um entorpecente, mas ele recusou-se a tomar. Mas as Sagradas Escrituras, em diversos lugares (mais de 200 vezes), registram a palavra vinho. Com vinho Jesus estabeleceu um dos sacramentos da Nova Aliança.

Registram também o uso de “bebida forte” (18 vezes), que nos tempos do Antigo testamento era alguma bebida feita de grãos fermentados e nos tempos do Novo podia se referir tanto à bebidas fermentadas quanto à destiladas.

Porém, é significativo que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, onde o vinho é usado como parte da alimentação caseira, se encontre muitas advertências contra a embriaguez. Por exemplo: “Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1Co 6.9-10).

À luz da Bíblia, ficar debaixo de outro controle que não do Espírito de Deus - que realça o domínio próprio - é um pecado grave. Lembre-se de: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

Não há como questionar o uso medicinal de qualquer substância, pois tudo o que existe foi criado por Deus e usado em prol da vida, conforme o mandato cultural recebido pelo homem diretamente do Criador, não é apenas um direito, mas um dever. Porém, ser dominado por qualquer tipo de droga é contra o propósito básico da criação.

Portanto, o uso médico de qualquer tipo de substância (leve ou pesada) é bíblico, desejável e obrigatório à consciência de qualquer cristão, mas o abuso recreativo, hedonista, escapista, irresponsável, temerário e inconsequente, deve ser condenado. Tão culpável deve ser o consumidor que não o faz por necessidade terapêutica, quanto quem o abastece clandestinamente.

sábado, 18 de junho de 2011

Pentecostes (parte 2)

No domingo passado escrevi: “há pouco mais de um século a vergonha da Igreja foi institucionalizada no movimento pentecostal”. Alguns disseram que fui rude. Acho que não. Explico:

Na primeira carta à Igreja de Corinto, Paulo gasta os capítulos 12, 13 e 14 para instruí-los a respeito dos dons espirituais e já no final do capítulo 12 ele classifica em último lugar numa lista de importância.

No capítulo 13 (que hoje é erroneamente usado como apologia ao amor romântico) ele mostra o quanto o mau uso do dom de línguas é perigoso para a igreja e o quanto ele está ligado ao comportamento infantil: “quando eu era menino falava como menino”.

No capítulo 14 a ênfase na meninice é enorme: “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos” (14.20-22).

Ainda, no mesmo capítulo: “Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos? Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós” (23-25).

Vale lembrar que Corinto era uma cidade portuária. Mais do que isso: Possuía um canal que poupava a circum-navegação da península do Peloponeso, o que, dependendo do vento, poderia levar até dois dias. Para atrair os marujos que o usavam, a cidade oferecia gratuitamente muitos templos, com prostitutas cultuais, conforme os Deuses das muitas nações, cobrando caro por outros serviços.

Como anunciar o Evangelho a falantes de tantos idiomas? O Espírito Santo capacitava os membros daquela Igreja do mesmo modo como fez no Dia de Pentecostes. Entretanto, Paulo os exorta a que tenham cuidado para não escandalizarem indoutos e incrédulos. Marujos estrangeiros que eventualmente entrassem na igreja deveriam ouvir as grandezas de Deus “ordeira e decentemente” (14.40), em grupos de “dois ou quando muito três, e isto sucessivamente” (14.40) e com interprete para que toda Igreja saiba o que se está falando.

Duas conclusões se impõem:

1ª - Você se preocupa com evangelização? Cultue a Deus ordeira e decentemente e o resultado será a proclamação de que Deus está presente: Veja os versículos 24 e 25: “... é convencido e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós”.

2ª - Repare no oposto. Na confusão instalada. Qual é o julgamento que as Sagradas Escrituras autorizam que os incrédulos façam a respeito da Igreja? Não é que estão loucos? Entendeu por que razão eu creio que o movimento pentecostal (que está fazendo 100 anos) foi a institucionalização (com a permissão divina) da vergonha sobre a Igreja?

sábado, 11 de junho de 2011

Pentecostes

Por que razão Jesus treinaria onze homens durante três anos, toleraria suas infantilidades e disputas pela proeminência no Reino dos Céus, perdoar-lhes-ia a fuga diante do perigo e até mesmo a negação do mais obsequioso?

Por que, depois de tudo isso ainda se preocuparia em convencê-los de que havia mesmo ressuscitado, como lhes havia dito?

Por que, lhes mandaria, como testemunhas dessa ressureição, pelo mundo afora, após capacitá-los, mediante seu Espírito a falar os idiomas dos respectivos povos para as quais se dirigissem?

Pra que todo esse dispêndio de tempo, sofrimento e lutas se a missão deles, afinal de contas, se resumirá em pronunciar garatujas sonoras?

Mas, dirão: “quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios” (1Co 14.2). Realmente. Isso acontecia todas as vezes quando, por exemplo, um chinês passava em Corinto (cidade portuária, cujo canal encurtava em muito as viagens de então) e um cristão, com o mesmo dom recebido no dia de Pentecostes o evangelizava de igual modo.

Objetarão: “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja” (1Co 14.4). É óbvio, pois tal pessoa está perdendo uma excelente oportunidade de falar no idioma que a Igreja entenda. Por essa razão o mesmo Paulo escreveu: “Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” (1Co 14.19).

Percebeu? O que fiz foi substituir a palavra língua (desvirtuada pelos pentecostais), pela palavra idioma. Faça isso como os demais textos. Aliás, perceba que a única igreja do Novo Testamento que apresentou problemas com o dom de línguas foi a de Igreja Corinto. Veja suas peculiaridades. Veja também como Paulo a trata: no mínimo os chama de meninos.

O Espírito Santo prepara homens que falam com poder e convicção, cujas palavras reverberam a própria Palavra de Deus. O inimigo é que enche o trigal de joio: enganadores, vendedores de promessas, mercadores do sagrado e exploradores de pessoas simples!

Há pouco mais de um século a vergonha da Igreja foi institucionalizada no movimento pentecostal. Os significados de algumas de palavras foram desvirtuados e a autoridade das Escrituras Sagradas foi solapada de tal forma que nem a Igreja Romana tinha ainda conseguido fazer.

No dia de hoje celebramos a concretização da promessa de Jesus e graças a ação do Espírito Santo ainda somos capazes de servir a Deus como ele quer.

E o dom de línguas?

Está em pleno uso pelos muitos tradutores e já não são mais apenas 14 nações que ouvem as grandezas de Deus. Só os Gideões Internacionais já distribuem a Bíblia em 93 línguas diferentes, mas há quem fale que ela já foi traduzida ao longo há história, em mais de 2000 línguas diferentes.

Louvado seja o Senhor. Já estamos fazendo coisas maiores do que ele mesmo fez, para sua glória e honra.

sábado, 4 de junho de 2011

Justiça pra que?

De tudo o que já li e ouvi, aprendi que o direito brasileiro se inspirou na corrente francesa que busca a ressocialização do condenado, diferentemente da corrente anglo-germânica que busca a reparação da injustiça cometida.

Ficando no que conheço de fato, posso afirmar que a Bíblia - especialmente o Antigo Testamento, onde esse assunto é mais claro, pois a legislação mosaica incluía a lei civil de Israel - busca mais a reparação da injustiça feita.

A lei mosaica era essencialmente retributiva. Jamais passaria na cabeça de um judeu daqueles dias que privar alguém de seu direito de andar pelas ruas seria punição suficiente para um assassino, estuprador ou ladrão. Aliás, eles desconheciam essa penalidade: não tinham prisões.

O que era furtado devia ser devolvido com acréscimo. O estupro de uma mulher descomprometida obrigava o estuprador a casar-se com ela sem direito de divórcio e o de uma mulher comprometida era punido com a morte. Mas eles não tinham carrascos: a comunidade coletivamente tirava a vida do assassino.

No caso do homicídio involuntário havia a provisão das cidades de refúgio, as quais não poderiam tolerar a presença de homicidas dolosos.

A pena de morte não era inovação de Moisés. Deus já havia ordenado a Noé: “A todo aquele que derramar sangue, tanto homem como animal, pedirei contas; a cada um pedirei contas da vida do seu próximo. Quem derramar sangue do homem, pelo homem seu sangue será derramado; porque à imagem de Deus foi o homem criado” (Gn 9.5-6 NVI).

A legislação brasileira atual acredita que pode ressocializar alguém que matou seus pais, seus filhos ou matou a quem não comungava de suas ideias, raça, credo, etc. Crê tanto, que se for menor de 18 anos proíbe a divulgação de sua imagem e quando chega a maioridade, por pior que seja seu “currilculum mortae” é zerado para que ele comece vida nova.

A fé na ressocialização do criminoso é tão grande que a polícia só pode algemá-lo se ele representar algum perigo no ato de detenção e sua imagem deve ser resguardada mesmo depois de condenado.

Talvez isso explique por que um homem que presidia um organismo mundial, depois de acusado, tenha sido preso e exposto algemado ao mundo como um aviso de que o país que o prendeu está mais interessado na manutenção da socialização. De fato, naquele lugar o primeiro passo para a ressocialização é a vergonha de ser exposto como um marginal qualquer.

Não creio que as leis veterotestametárias devam ser aplicadas hoje. Jesus aboliu completamente o aspecto cúltico delas e cumprimos seu aspecto moral por que já somos salvos, não para o sermos. Afinal salvação não se compra. Entretanto nossos Símbolos de Fé ensinam que o aspecto civil delas deve ser refletido nas leis dos diversos países de que somos cidadãos. Daí surge a pergunta: Estão refletidas nas leis de nosso Brasil?