sábado, 13 de junho de 2009

Marcas da verdadeira Igreja

Não há dúvidas de que o dia de Pentecostes marcou uma nova era para o Povo de Deus. Alguns chegam a dizer que foi o nascimento da Igreja. Prefiro ver como um novo arranjo; reflexo da nova Aliança, em que as leis de Deus passaram das tábuas ao coração de seu povo, pois Estêvão em seu discurso, falando do êxodo, menciona a Ekklesia (Igreja) peregrinando no deserto (At 7.38).

Esse arranjo gerou novos valores e novas práticas no meio do povo. Algumas dessas práticas lembram o que aconteceu quando a primeira aliança foi firmada com Moisés por mediador. Por exemplo: O despreendimento dos bens materiais lembra muito o acontecido por ocasião da construção do Tabernáculo, em que Moisés mandou que parassem de trazer ofertas, pois já tinham o suficiente.

O som como de um vento impetuoso e o fogo em forma de labaredas (línguas) lembra-nos também os eventos terríveis que ocorreram no Monte Sinai.

Porém, mais importante do que as aparentes semelhanças são as diferenças. Primeiro: não houve sangue, pois o último e verdadeiro sangue - do qual todos os demais eram sombras - já havia sido derramado na cruz. Segundo: houve um sinal claro de que com esse novo arranjo o Povo de Deus deveria atingir as nações (ao contrário do Sinai em que eles deveriam abster-se de qualquer contato com os povos vizinhos): os idiomas.

A fala imediata proporcionada pelo Espírito Santo os capacitou cumprir o que Marcos registrou: “E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam” (Mc 16.20).

De todas essas práticas, algumas perduraram, e perduram até hoje, como marcas distintivas da Igreja. Não os sinais miraculosos iniciais, pois, credenciadores dos eventos que estavam acontecendo, cessaram tanto no Sinai quanto no Cenáculo.

Nem o despreendimento de bens materiais, pois tanto no deserto tal prática cessou ao ponto de terem de receber o Maná das próprias mãos divinas, como também a Igreja Primitiva, de tão despatrimonializada, precisou receber ajuda.

Só por intermédio do Apóstolo Paulo a Igreja de Jerusalém recebeu, pelo menos, duas grandes ofertas levantadas entre as igrejas gentias.

Além das alegorias, como a que o Apóstolo Paulo faz entre o peregrinar no deserto e a vida da Igreja (não deixe de ler 1Co 10), permaneceram três marcas que não se encontram - juntas - em nenhum outro lugar além da Igreja de Cristo: 1) A doutrina dos Apóstolos, 2) a administração correta dos sacramentos e 3) a disciplina.

As duas primeiras estão em At 2.42, onde a doutrina dos apóstolos está explícita. A administração correta dos sacramentos está implícita em “comunhão” (koinonia: paz com os irmãos), “partir do pão” e “orações” (paz com Deus).

A terceira marca, a disciplina, fica explícita em At 5. O caso de Ananias e Safira.

Esta doutrina (as marcas distintivas da Igreja) é de vital importância tanto para as diretrizes de um ecumenismo sadio e bíblico, quanto para qualquer um de nós que chegue a um lugar estranho e procure uma Igreja para cultuar a Deus.

Ao se perguntar: esta é uma igreja de Cristo, ou se degenerou em “sinagoga de Satanás” (Ap 2.9), ou finge ser igreja de Cristo? A resposta está na observação judiciosa desses três pontos:

1º - Essa igreja permanece na doutrina dos apóstolos (tem as Escrituras, de fato, como a única regra de fé e prática), ou também é dirigida por outras fontes de doutrina?

2º - Essa igreja administra fielmente os sacramentos, ou faz deles meios de fomentar a superstição ou engano?

3º - Essa Igreja preocupa-se em viver de acordo com a ética das Escrituras ou a ética do mundo impera em seu meio?

A manutenção dessas marcas depende de nós. Entretanto só podemos fazê-lo mediante a força que o Espírito Santo nos concede.

Um comentário:

Jean disse...

Caro Rev. Fôlton...
Somente hoje vi seu comentário. Ficaria honrado de ter sua indicação em seu blog.
Grande abraço.