sábado, 20 de fevereiro de 2010

A ira do Cordeiro

Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos

e todo escravo e todo livre

se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes

e disseram aos montes e aos rochedos:

Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono

e da ira do Cordeiro,

porque chegou o grande Dia da ira deles;

e quem é que pode suster-se?

Apocalipse 6.15-17

Parece ser uma contradição de termos: Cordeiro e ira. Parece que não se encaixa no que a mentalidade moderna imagina ter sido Jesus. Entretanto o texto não poderia ser mais claro: o Cordeiro ira-se.

Já nos dias de sua carne irava-se. Talvez o episódio mais conhecido seja o da purificação do templo, mas outros episódios mostram mais claramente sua ira. Por exemplo: as discussões com os fariseus. Escute suas palavras: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8.44).

Mateus, no capítulo vinte e três de seu Evangelho, narra não uma discussão, mas uma imprecação de nosso Senhor. Nesta imprecação, por sete vezes o Senhor usa a frase “ai de vós escribas e fariseus hipócritas”. Na primeira vez condena a vaidade que tinham. Na segunda condena a exploração das viúvas a pretexto de orações. Na terceira condena seu “afã missionário” que disseminava a condenação eterna.

Uma frase, que entra como pausa, revela-se terrível, pois reserva aos mesmos destinatários o título de “guias cegos” e condena a valorização que eles davam aos símbolos de culto em detrimento daquilo que simbolizavam.

Ao retornar às sentenças “ai de vós escribas e fariseus hipócritas” ele condena outros comportamentos: Na quarta condena a observação meticulosa de detalhes em detrimento dos “preceitos mais importantes da Lei: justiça, misericórdia e fé”. Na quinta condena a preocupação com a limpeza externa em detrimento da limpeza da alma. Na sexta condena o cultivo da imagem em detrimento do interior ao ponto de chamá-los sepulcros caiados: brancos por fora e pútridos por dentro. Na sétima condena a hipocrisia de fazer monumentos a justos que foram mortos por seus pais que viviam como eles também viviam. E termina em terrível condenação: Serpentes. Raça de Víboras! Como escapareis a condenação do inferno?

Há relatos do Senhor Jesus triste com a incredulidade do povo e há relatos que o mostram condoído dos que ele mesmo descreve: “Como ovelhas sem pastor”. Mas só o encontramos irado com os que deveriam zelar pela religião e não faziam.

Será que não podemos traçar algum tipo de paralelo com o que ocorre hoje? Podemos e devemos.

Tenho pena de quem procura a Deus nessas modernas fábricas de louvação e pajelança e duvido da intenção da maioria de seus líderes, pois vejo que todas as oito características condenadas por Jesus nos de sua época são encontradas neles também.

Há, entretanto um agravo: os de hoje são piores do que aqueles de quem Jesus disse que não haveriam de escapar da condenação do inferno.

Sobre aqueles, Jesus ordenou: “Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem” (Mateus 23.13). Quanto aos de hoje, não podemos imitar. Nem o que ensinam muito menos o que praticam sob o risco de nos tornarmos réus da ira do Cordeiro diante da qual “ninguém pode suster-se”.

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