sábado, 18 de setembro de 2010

Ansiedade

“...lançando sobre ele
toda a vossa ansiedade,
porque ele tem cuidado de vós”
(1º Pedro 5.7)
Em muitos lugares as Sagradas Escrituras nos advertem sobre a dificuldade de se viver os padrões de Deus. Diferentemente do marketing feito pelos novos evangélicos as Escrituras não prometem nada além de dificuldades. Afinal, se o próprio Jesus disse que estava nos enviando como ovelhas para o meio de lobos, dizer algo diferente é, no mínimo, mentira.
As dificuldades que enfrentamos decorrem do fato de que os nossos padrões e os padrões do mundo em que vivemos estão aquém dos padrões impostos por Deus. Aliás, na grande maioria das vezes são opostos.
Creio que a maior dificuldade é aquela que estamos vivendo no momento, pois é com ela que temos de nos ocupar. Creio também que quando o Senhor Jesus disse que “basta ao dia o seu próprio mal”, nos ensinou que cada dia traz embutido em si algum tipo de dificuldade para aqueles que vivem na dependência do Pai.
Entretanto, não duvido de que, se olharmos para as dificuldades sofridas por nossos antepassados, perceberemos que a soma de todas as dificuldade pelas quais estamos passando é nada perto das que eles sofreram. Ou será que, diante de uma fogueira, ou de instrumentos de tortura, continuaríamos firmes em nossa fé?
Mas, voltando às nossas dificuldades diárias, que não incluem perseguições - pelo menos por enquanto - há um mal que nos persegue implacavelmente, pois está dentro de nós e nos acompanha todos os dias: a ansiedade.
Quem pode controlá-la?
Ela tem duas origens: disfunções de nosso organismo ou a percepção de algum tipo de ameaça futura. As disfunções orgânicas podem ser remediadas. Já temos até um nome para essa classe de remédios: ansiolíticos (de ansiedade mais a palavra grega lytikos, que significa capaz de dissolver).
Mas, e as percepções de ameaças? Fundamentadas ou não elas revelam o quanto cremos que Deus está no controle de tudo. Em síntese: elas demonstram, em maior ou menor grau, verdades sobre nossa fé.
Como Deus é misericordioso para conosco, os remédios que atuam contra a disfunção orgânica também nos ajudam naquilo que deveria ser resolvido pela robustez da fé. É como se Deus, respondendo ao pedido daquele pai citado por Marcos 9.21-27, minorasse o sofrimento que nossa pequena fé nos faz passar.
Porém, necessito fazer uma ressalva. Até aqui vimos o lado negativo da ansiedade. Paulo, em 2Co 11.28, usa a mesma palavra pra falar dos cuidados que pesam sobre ele com relação as igrejas, e bem sabemos que podemos ficar ansiosos face a algo de bom que esperamos acontecer. Não ficam ansiosos os noivos antes do casamento? Não vive ansiosa a Igreja aguardando a volta de seu Senhor?
Hoje estamos diante de presumíveis adversidades, mas também estamos diante de enormes possibilidades. Ambas podem nos deixar ansiosos. Não há o que fazer além de colocar em prática a ordem do Apóstolo Pedro e pedir que Deus tenha misericórdia de todos nós.

sábado, 11 de setembro de 2010

Eleições brasileiras

Ao longo de toda a Bíblia encontramos muitas pessoas chamadas por Deus para servir a governos de povos estranhos aos valores divinos.

Vemos também o Povo de Deus, tanto do Velho quanto no Novo Testamento, sujeitos a bons governantes e aos mais terríveis déspotas.

Entretanto o ensino bíblico não poderia ser mais claro: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas” (Rm 13.11).

O que pesa mais em meu coração - e suponho que no seu também - é que Deus constituirá nossos próximos governantes brasileiros através de nossas mãos. Pra ser mais claro através de nossos votos.

Matematicamente cada um deles não pesa muito na escolha - afinal um em 136 milhões é algo estatisticamente desprezível - mas eticamente tem um peso enorme diante de Deus, pois, com o voto, estaremos dizendo: “em nome de Deus escolho você”.

Há alguns atenuantes que nos permitem confortar um pouco nossa consciência. O principal deles é não podermos votar em quem quisermos. Teremos diante de nós um “cardápio” elaborado pelos muitos partidos políticos, através de coligações, conchavos, negociatas, pressões, e outras coisas menos nobres. Portanto escolheremos dentre o que já está pronto.

Resumindo: votaremos em quem menos nos desagrade. E Deus saberá disso.

Aliás, os candidatos que fazem parte deste “cardápio” estão ali com o consentimento divino e o modo como entraram ali certamente deporá a favor ou contra eles diante do Altíssimo.

O que não podemos é deixar de exercer o dever que o Senhor dos Senhores nos delegou. Temos de escolher alguém.

Obviamente, como pastor, que tem a tendência natural de proteger seu rebanho como um pai protege a seus filhos, eu gostaria de alertar contra um ou contra outro, mas não posso fazê-lo, pois:

Primeiro: por mais bem informado que eu esteja há pessoas mais bem informadas do que eu já que não lido com o meio político partidário.

Segundo: O Deus que envia um governante para o bem de uma nação é o mesmo Deus que levanta outro para punir conforme sua sábia e inquestionável decisão.

Terceiro: Deus não me constituiu consciência de ninguém. Se eu usurpar tal lugar estarei exorbitando da função para a qual fui chamado. Em outras palavras mais diretas: Deus não me chamou para ser cabo eleitoral.

Entretanto é meu dever deixar bem claro que ao votar você estará desempenhando uma missão divina.

Prefira então, não o candidato que discursa valores cristãos ou promete para depois de eleito viver como um cristão, mas aquele que já vive mais perto dos valores que você conhece e pelos quais luta.

sábado, 4 de setembro de 2010

Desertos

Você já se deu conta da freqüência com que a Bíblia fala de desertos? Observou que eles estão ligados tanto a más quanto a boas ocasiões. Tanto a bons quanto a maus significados? Os desertos citados na Bíblia não são apenas dunas de areia, mas também o que hoje chamaríamos, no Brasil, de serrado pedregoso ou até mesmo de caatinga.
Pelo deserto peregrinou Abraão e seus descendentes a procura de Oasis em que pudessem dessedentar seus animais e eventualmente fazer morada durante algum tempo. Para o deserto fugiu Agar, grávida de Ismael, até que o Anjo do Senhor ordenou que voltasse e se humilhasse diante de sua senhora. E anos depois, para outro deserto foi expulsa com Ismael já adolescente, após caçoarem daquele que acolheu as promessas. E ainda em outro deserto Ismael foi criado.
No deserto foi José jogado em uma cisterna e vendido por seus irmãos. Para o deserto, que tinha o monte com a sarça incendiada que não se consumia, saiu, em êxodo, o Povo de Deus e lá recebeu a sua lei e aprenderam a cultuá-lo.
No deserto foram provados e ensinados que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus e que, até as pedras são capazes de produzir água sob sua ordem.
No deserto morreram todos os que nasceram no Egito, exceto Josué e Calebe. E, ainda no deserto, se prepararam para entrar na terra que lhes havia sido prometida desde os dias de Abraão.
No deserto escondia-se Davi quando perseguido por Saul e do deserto Salomão sonhava vir sua bem amada.
Para o deserto fugiu Elias da ira de Jezabel e Oséias desejava levar sua mulher e falar-lhe ao coração.
Isaías profetizava que a voz do Senhor clamaria no deserto e no deserto cresceu João Batista onde recebeu, com a água, os arrependidos que o buscaram querendo andar por vereda plana.
Para o deserto o Espírito Santo levou Jesus, que mesmo não tendo sequer o maná, perseverou em toda palavra que havia saído da boca de Deus.
Os desertos na Bíblia podem significar provações, mas sempre significaram também a “companhia solitária” de Deus e sua força. Cada geração de seu povo, por assim dizer, nasce e cresce no deserto. No deserto aprendem também que a maior necessidade é da presença do Senhor. Nela repousam. Nela alentam as forças.
Agradeçamos a Deus pelos desertos pelo qual ele nos obriga a passar, pois as pegadas de Deus destilam fartura, destilam sobre as pastagens do deserto, e de júbilo se revestem os outeiros. Os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; exultam de alegria e cantam” (Sl 65.11-13).