sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Fé, razão e emoções

Ouço dizer que a fé é o oposto da razão. Que a razão é produto da experiência, do teste, do exame, ao passo que a fé deriva-se do “desespero” diante de condições adversas, de alguma “crença irracional”, ou do obscurantismo em que algumas pessoas ainda vivem. Até que eu concordo que esse seja o tipo de fé mais visto em nossos dias. Mas, absolutamente, não é a esse tipo de fé a que a Bíblia se refere como a que caracteriza a vida do que foi justificado.

A fé da qual a Bíblia fala possui duas marcas distintas: Primeira, ser dom de Deus e a segunda é vir através do ouvir a Palavra de Deus.

Deixando mais claro: Por ser dom de Deus, a verdadeira fé não é de todos (2Ts 3.2), mas apenas de quem foi agraciado por ele. Apenas de quem foi levado por ele ao caminho apertado, que, trilhado pelos poucos que às costas levam uma cruz e seguem o Senhor, em direção a porta estreita. O pequeno rebanho a quem o Senhor agradou-se dar o Reino.

Por vir através do ato de escutar a palavra de Deus, entenda-se, não apenas o mero ato impossível ao surdo, mas o raciocínio daqueles que atenderam as exortações do Senhor, como as que ele fez através do profeta Isaías, e arrazoaram sobre a situação de seus pecados e sobre o seu perdão. Como aconteceu também aos que o Apóstolo Paulo evangelizou, chamado a considerarem o cumprimento das profecias. Semelhantemente aos que, como nos ensinou nosso Mestre e Senhor, perceberam que, se Deus cuida dos pássaros e das flores – e, como valemos mais do que pássaros e flores - cuidará de nós também.

Geralmente a maior de todas as objeções que se faz a esse tipo de raciocínio é que não há um povo que não tenha suas crenças e a noção do “religioso”. De fato: todos possuem algum tipo de fé, porém somente os salvos possuem a fé a que a Bíblia se refere.

Não podemos nos esquecer que o homem afetado pelo pecado não perdeu as qualidades com as quais Deus o dotou originalmente. Ele apenas não as usa correta ou completamente. Por exemplo, ele continua capaz de cumprir o propósito para o qual foi criado, mas não totalmente: para relacionar-se com o meio ambiente e com o próximo, ele precisa ser tutelado pela lei. Para relacionar-se com Deus ele precisa ser mediado por Jesus.

O que restou no homem após o pecado, e que foi transmitido a todos os que nasceram depois, é o tipo de fé que conduz às crendices, ao fanatismo e a todos os enganos, crimes e atrocidades, que já se fez e ainda se faz em nome de Deus.

A fé dos eleitos os convida a arrazoar sobre que Deus fez. A fé do homem sem Deus o induz a confiar no que ele mesmo pode fazer. A fé que justifica o pecador não o impede de pensar: ao contrário leva-o a entender seu estado miserável e a graça de Deus. A fé do homem sem Deus substitui o pensar pelo sentir e o torna um dependente eterno. A fé salvadora não teme o arrazoado científico, pois vê nele os rastros de Deus, e cresce com seus desafios. A fé natural não resiste o sopro da lógica.

Plantaremos figos, para colher uvas? Tampouco obteremos de nossos sentimentos, por mais puros e mais nobres que sejam, qualquer traço da fé que nos aproxima de Deus.

Semeemos sua Palavra! Sem temor, sem sofismas, sem medo de sermos tidos por antiquados. Os que a ouvirem, e a entenderem, frutificarão a 30, a 60 e a 100 por um.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pastor! Que bençãode palavra! Ontem mesmo, na EBD falamos sobre isso na classe!! Fè=presente de Deus; fé=razão; fé=justificação!
Aleluia! Estamos com saudades, e sentindo falta de notícias! ABraços.