Um dos grandes malefícios que o chamado “Evangelho da Prosperidade” trouxe às verdadeiras Igrejas foi a vergonha ou, pelo menos, o escrúpulo em se falar de questões financeiras.
Eu mesmo tenho grande cuidado em abordar o assunto, pois, via de regra, ele é mal entendido e, especialmente, mal praticado.
Por mal entendido, quero dizer que a Igreja muitas vezes vê a prosperidade como atestado de boa conduta. Ou seja: fulano é próspero porque ele é temente a Deus. Entretanto conheço muitos tementes a Deus que não são prósperos (materialmente falando).
Por mal praticado, quero dizer que muitos membros ainda crêem que a prosperidade é conseqüência de uma relação comercial com Deus. Ou seja: fulano é próspero porque é fiel na entrega de seus dízimos e ofertas. Entretanto conheço muitas pessoas que são fiéis na entrega de seus dízimos e ofertas e não são prósperos (materialmente falando).
Como resolver, ou entender isso?
Não podemos esquecer que a prosperidade, ou o sucesso material, é objeto dos ensinamentos bíblicos, e destaca-se na história do Povo de Deus.
Deus serviu-se da pobreza, ou da riqueza, para conduzir seu povo. Por que razão Jacó e seus filhos, os patriarcas da Antiga Aliança, foram para no Egito? Pela pobreza.
Por que razão Salomão esqueceu-se de Deus? Pela riqueza que possibilitou-lhe levar uma vida dissoluta.
Nos dias antigos era comum, e até incentivado, pedir-se a Deus prosperidade.
Se você observar a oração que Salomão faz quando o templo é dedicado, verá que grande parte dela refere-se a prosperidade. Ele fala de más colheitas, de pragas nas lavouras, de climas adversos, e pede a Deus que abençoe a todo aquele que, premido por tal situação, recorra ao Senhor desde o templo que lhe estava sendo consagrado.
Em um Salmo (144), Davi ora assim:
“Que nossos filhos sejam, na sua mocidade, como plantas viçosas, e nossas filhas, como pedras angulares, lavradas como colunas de palácio;
Que transbordem os nossos celeiros, atulhados de toda sorte de provisões;
Que os nossos rebanhos produzam a milhares e a dezenas de milhares, em nossos campos;
Que as nossas vacas andem pejadas, não lhes haja rotura, nem mau sucesso;
Nem haja gritos de lamento em nossas praças”.
Em nossos dias, embora todos dependam do fruto da terra, poucos trabalham diretamente com ele. A maioria de nós recebe o que a terra produz através do salário que ganha.
Os celeiros de nossos antepassados, são as poupanças e as “previdências” de hoje. Seus rebanhos são as mercadorias que os comerciantes vendem, ou o serviço que os profissionais liberais prestam, ou, ainda, o tempo pelo qual os operários braçais são contratados.
Mas a súplica permanece a mesma: que nada disso seja fonte de lamento. Ao contrário: fonte de bênção para nosso progresso e progresso de nossos filhos e filhas.
Portanto não é errado pedir a Deus prosperidade. Ao contrário: devemos pedir que ele abençoe as obras de nossas mãos. Errado é lutar por ela mais do que o Senhor nos permite. Errado é trocar a prosperidade da alma pela prosperidade do bolso.
Entendendo isso poderemos dizer como João disse a Gaio: “Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma” (3Jo 1.2).
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