Jesus escolheu doze. Não os mais sábios, nem os mais influentes. Tampouco os mais cultos ou mesmo os mais ricos. Escolheu aqueles “que ele mesmo quis”.
Quatro eram pescadores por profissão. Um era coletor de impostos. E dois - se considerarmos isso como profissão - eram ativistas políticos em prol da libertação do povo judeu. Dos outros cinco pouco ou nada sabemos.
O que eles tinham em mente quando receberam o chamado do Senhor? O que Jesus queria que eles fossem ou que fizessem? As respostas a essas questões podem ser boas lições.
Naqueles dias - como ainda é possível ver hoje em menor escala ou intensidade - todos os judeus esperavam ansiosamente a chegada do Messias. O Messias os livraria do jugo romano e colocaria Israel por cabeça de todos os povos.
O Messias seria um "super-homem" aos pés do qual Alexandre, Nabucodonozor, Dario ou qualquer outro rei - até mesmo Salomão - pouco significaria. Seu saber convenceria a todos e o Reino dos Céus cobriria a terra a partir de Israel.
Não posso deixar de considerar a convicção trazida pelo chamado daquele que trouxe à luz todas as coisas, mas também não posso desconsiderar o privilégio que cada um sentiu ao ser chamado por alguém que, pelo que fazia, tinha muito do que então se esperava do Messias.
Essa "vontade egoísta" pode ser vista quando discutiam, entre eles mesmos, quem seria o maior e especialmente quando Tiago e João constrangeram sua mãe a pedir para eles um lugar especial no reino messiânico.
Não havia como resistir o chamado do Senhor. Mas havia como agasalhar no peito os próprios desejos. Afinal, até certo ponto, conforme entendiam, eram coincidentes!
Aqui está uma lição: hoje se faz o mesmo.
Do outro lado o Senhor adquirira nossa natureza para recuperar o que nosso pai Adão perdera ao deixar de obedecer incondicionalmente a Deus. Chegara a hora do cumprimento das promessas feitas a ele e da implementação total da aliança feita com Abraão: ser uma bênção para todas as nações.
A aliança com Abraão materializou-se aos poucos e tornou-se mais clara com os doze filhos de Jacó – os doze patriarcas – dos quais, descende o povo da aliança. Mas permaneceu restrita. Aliás, deveria permanecer, pois apenas dentro do seu contexto cultural e espiritual que a mensagem de Jesus seria entendida de fato uma “boa nova”.
Naquela cultura não deveria haver disputas sobre a autoridade ou sobre o significado dos oráculos de Deus, que os tempos e os usos tornaram tão relativos ao ponto de não se julgar o que é pecado pela Palavra de Deus, mas por um sentimento vago que encontramos expresso em frases como: “ah, mas eu não acho que isso seja pecado”.
Naturalmente Jesus esperava que os seus doze escolhidos, representassem para Igreja o que o doze filhos de Jacó representaram para Israel.
Entretanto, apesar da autoridade apostólica que lhes foi confiada - de ligarem na terra e o mesmo acontecer no céu, de reter ou perdoar pecados, de, com uma simples ordem, moverem montes, de serem o alicerce que, alinhados à pedra de esquina, suportariam a Igreja - eles cometeram erros, como os patriarcas também cometeram. Erros que não foram escondidos de nós para nosso próprio proveito.
A segunda lição: o que de bom eles vieram a realizar não foi por seus próprios méritos, mas pela graça de Deus.
Deus escolheu muitos para que, unidos à seu Filho pela cruz, constituíssem a Igreja e habitação de seu Espírito. Não os mais sábios, nem os mais influentes, tampouco os mais cultos ou mesmo os mais ricos, mas aqueles que ele quis: Nós.
Não desempenharemos o que quer que seja de bom, nem mesmo compreenderemos corretamente nossa missão, se não for por sua graça. A ele pois, toda glória em tudo o que somos ou em tudo o que viermos fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário