sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O mundo e o amor ao mundo

Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo.
Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
porque tudo que há no mundo,
a concupiscência da carne,
a concupiscência dos olhos
e a soberba da vida,
não procede do Pai, mas procede do mundo.
Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência;
aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
1João 2.15-17

Infiéis,
não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus?
Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
Tiago 4.4

Como não amar o mundo nem as coisas que há nele, se, mesmo após o pecado, Deus o amou? Não foi o próprio João quem disse “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito ...”? Será que, neste texto, João está se referindo a outro mundo diferente do que somos proibidos amar?

De fato: o mundo que nós estamos proibidos de amar é o mundo que brota da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida. Não é o mundo criado por Deus e sim o mundo criado pelo homem. Aliás, pelo homem pecador.

Não é o mundo de realidades e de objetos que podem ser estudados e expressos pelas ciências e pelo engenho humano, pois este foi criado por Deus. Mas o mundo nascido dos desejos (concupiscência) e da vanglória (soberba).

Ao falar em concupiscência João a situa na carne e nos olhos. Dentre os muitos significados que a palavra traduzida por carne tem nas Escrituras (pelo menos 12), João aqui está usando o mais animal de todos os sentidos. O mesmo pode ser dito dos olhos: a cobiça.

Ao falar de soberba da vida, João mostra o quanto fugimos, ou pelo menos tentamos fugir, da dura realidade “com que Deus afligiu os filhos dos homens debaixo do sol”.

E nós sabemos bem do que João está falando. Ou nunca ouvimos o poeta? Ou nunca pensamos em algo parecido com esses versos?

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

O amor de Deus não está em quem ama a esse tipo de mundo, criado pelas suas próprias concupiscências e fantasias. Ou seja: Deus não tem prazer em tal pessoa, que como nos diz o salmista é “inimigo de fato”.

Como tornar isso mais claro? Não sei!

Entretanto é bom você começar a perscrutar seu próprio coração. E estes dias são muito oportunos para isso. Repare bem:

Há como não o cristão deixar de assumir uma posição bem clara na atual situação que vivemos?

Podemos amar um mundo que premia, dentre muitos animais enjaulados em uma casa eletrônica, o que demonstra ser mais concupiscente e soberbo? Podemos nos deleitar em uma multidão que grita “carne vale”? Podemos deixar de reprovar os adultos que não se envergonham dançar nem de levar suas crianças à “dança do créu”?

2 comentários:

Oliveira disse...

Caro Reverendo Folton

Gostei muito.
Sempre tive esta dúvida e agora foi sanada totalmente.

O mesmo se aplicaria ao ódio ao ímpio do Salmo 139?

É possível amar o ímpio (enquanto próximo) e odiá-lo ao mesmo tempo (enquanto praticante da impiedade)?

Um abraço

folton disse...

Eu preciso pensar um pouco sobre este caso.
ab
Fôlton