sábado, 5 de julho de 2008

Já não és digno de ser meu pai!

Sob nenhuma hipótese teríamos coragem de concordar com um filho que dissesse isso de seu pai. Porém, às vezes, agimos assim com nosso Pai celeste. E ele sabe! Não apenas sabe, como nos alerta, direta ou indiretamente, sobre o quanto isso o desagrada. Um desses alertas é a Parábola do Filho Pródigo.

Você se lembra? O filho caçula pediu adiantado a parte da herança a que tinha direito afrontando enormemente a seu pai, pois seu ato subentendia que o considerava morto.

Afrontou-o mais ainda quando vendeu tudo o que tinha, demonstrando que não pretendia mais voltar àquela casa e dela só queria levar o que pudesse ser gasto em outro lugar. E, aumentou a afronta dissipando o suor de seu pai dissolutamente em terra estranha.

Porém, longe da casa do pai, vendo-se reduzido ao destino de todos os que quebram o quarto mandamento - cuidar de porcos - quando tentou comer a comida deles, e não deixaram, percebeu o quanto aviltara-se. Lembrou-se então de onde era digno: a casa de seu pai.

Sua consciência pesada não o permitia ver a bondade do pai em toda sua extensão, mas tinha certeza de que, mesmo como reles patrão, seu pai era mais bondoso do que as pessoas com quem convivia.

Ensaiou um pedido de perdão cujo término era a frase “já não sou digno de ser chamado teu filho”. Nesta frase, que falta nos lábios do irmão mais velho, está expresso o verdadeiro reconhecimento da bondade de seu pai e de sua miserabilidade.

Nas queixas do irmão mais velho, e especialmente em recusar-se entrar na casa onde o pai recebera com festas o caçula, está presente a terrível inversão: “Já não és digno de seres chamado meu pai”.

Do mesmo modo que o caçula ele também recebeu adiantado a parte que lhe cabia dos bens: “... e lhes repartiu os haveres”. Mas, diferentemente do caçula, foi hipócrita e continuou em casa vendo no pai apenas um patrão: “... a tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos”.

Sua afronta ao pai tornou-se pior do que a afronta do caçula, pois ele obrigou o paia sair de casa tentando conciliá-lo.

Afinal, o que suas queixas e atitudes dizem senão que o pai tinha se tornado indigno dele? Não estava claro o pensamento de que ele era bom demais para ser filho daquele pai?

O comportamento do caçula parece-nos mais comum do que o comportamento do mais velho, mas, examinando bem, ele é apenas mais visível, e os dois são igualmente comuns.

Certa vez, explicando que, apesar de infinitamente amoroso, o Pai Celeste também é infinitamente justo e não deixará o ímpio sem castigo, alguém me respondeu: “... mas Deus não é assim. Se eu não guardo rancor de ninguém, imagine Deus”. Esta pessoa acabara de declarar que se achava mais digna do que Deus.

Quando rejeitamos a simplicidade do Evangelho e a verdadeira festa que o Pai faz ao receber de volta seu filho perdido, e, como o irmão mais velho, dizemos “não gostei”, não estamos cometendo o mesmo pecado?

“Já não és digno de ser meu pai. Vou procurar quem me satisfaça. Entrarei na casa onde eu seja valorizado” ... Como eu escuto, cada dia mais, frases assim!

Meus irmãos; desejo de todo coração, que atitudes assim estejam cada vez mais longe de nós. Especialmente considerando, que nossos quarenta anos como Igreja de Deus pressupõem, conforme as Escritura, que já “deveríamos ser mestres atendendo ao tempo decorrido”.

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