sábado, 27 de dezembro de 2008

Todos os anos

Todos os anos, ao raiar de um novo ano, nos preparamos para “começá-lo bem”. Dizem que isso traz boa sorte. Os mais ligados às coisas de Deus, gostam de repetir o texto bíblico: “se as primícias forem santas, o restante também o será”. E assim, pelo menos nos primeiros momentos do ano - horas, dias, semanas - as decisões são levadas a termo.

Conheci uma pessoa angustiada por um pecado recorrente que decidiu não praticá-lo mais a partir da virada de 1999 para 2000. No primeiro dia de 2000, me procurou. Explicou-me a decisão que havia tomado e pediu que eu orasse naquele instante e todos os dias a partir de então para que não voltasse a praticar tal coisa.

Oramos. No dia seguinte telefonou para mim dizendo que havia resistido, e novamente oramos. Isso se repetiu por dois ou três meses: ele me telefonava todos os dias em que não nos encontrávamos na Igreja e dava seu “relatório”. Nos últimos dias, já nem entrava em detalhes. Dizia apenas: “Pastor, mais um dia e tudo bem”.

Na minha correria cotidiana, só depois de dois ou três dias é que me dei conta de que ele não havia me ligado mais. Meu primeiro pensamento foi de que ele havia fracassado, e fiquei angustiado sem saber se o procurava ou não.

Naquele dia, na hora do almoço, na fila do banco, nos encontramos. Ele sequer tocou no assunto. Fiquei pensando se deveria perguntar. Quando os vizinhos de fila estavam um passo mais afastados, perguntei baixinho: “e então, como vai?”. Ele entendeu e sorriu: “esqueci até de ligar. Já não sinto falta. Estou livre”.

Agradeci a Deus em silêncio enquanto me dirigia ao caixa após parabenizá-lo com um “tapinha nas costas”.

Eu sempre havia duvidado dessas “resoluções de ano-novo”, pois pensava, e ainda penso, que qualquer dia é dia de se resolver a mudar alguma coisa na vida. Não é necessário aguardar o dia 31 de dezembro. Mas, a partir de então, passei a ver que há uma espécie de efeito psicológico nessas ocasiões marcantes.

Como me contou meu amigo Joaquim: “quando minha filhinha me viu no mesa do buteco, atrás de um copo de cerveja, e eu vi a cara de nojo que ela fez... pastor... parei de beber! E nunca mais pus um copo de cerveja na boca”.

São dois casos diferentes. O primeiro marcado artificialmente por uma data e o segundo marcado naturalmente pela reação de uma criança. Ambos fortes o suficiente para provocar mudança de vida.

Aprendi a não desprezar esses momentos.

Estamos a poucas horas da mudança de 2008 para 2009. Você não gostaria de tentar mudar alguma coisa em sua vida? Não vou sugerir nada. Mas, talvez, seja melhor começar com algo pequeno. Depois de ganhar confiança pense em algo maior. Mas não se esqueça: sua força está em Deus.

Não é questão de “força positiva” nem de qualquer outra coisa além da oportunidade que acontece todos os dias, mas que pode ser otimizada nessas datas notáveis. Se você chegar ao meio do ano e puder olhar para traz e dizer: “neste ano, até hoje, resisti...” Então já terá valido a pena.

Não prometo que você conseguirá resolver qualquer coisa. Prometo orar com você, e se nossos problemas forem iguais, quem sabe, caminhar com você.

Não perca a oportunidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Pastor! Fui avisado através de minha tia, Maria Nogueira sobre seu blog, meus parabens, está muito bem feito e de boa leitura! um forte abraço; Thiago

Oliveira disse...

Não fiz nenhum "grande" propósito.

Tenho em segredo a minha lista de gratidão e de objetivos que coloco diante de Deus.

Mas gosto de recomeços...

Gosto de pensar que em Cristo tudo de faz novo... a cada manhã.

Então reverendo, me inclua nas suas orações.

Um grande abraço

Anônimo disse...

Oi Pastor Folton.

Até alguns anos atras eu pensava como Vc... Ou seja, nao precisamos de uma simples data festiva pra encarar e propor uma mudança... Mas a minha experiencia ordinaria ja me mostrou que essa data realmente influencia na mudança da atitude, ainda mais quando passamos na igreja. Parece que Deus está mais presente pois passamos o primeiro momento do ano, ou melhor separamos o primeiro momento pra Ele. Mesmo sabendo que o certo seria fazer isso diariamente.Mas a carne...

Mas que Deus nos ajude a cumprir os nossos votos, pois cair na maos Dele é terrivel.

Que Deus nos Abençoe. Estmaos com saudades e em março estaremos de volta ao Brasil por breves dias.

Cordialmente

Roberto