sábado, 19 de setembro de 2009

Obreiros da Iniquidade

Acaso, não entendem todos os obreiros da iniqüidade,
que devoram o meu povo, como quem come pão,
que não invocam o SENHOR?

Salmo 14.4

O termo “obreiros da iniqüidade”, usado acima pelo salmista Davi, é consistentemente repetido, dentro de contextos semelhantes, em dois outros Salmos: o 36 e o 53.

Nestes três Salmos o contexto geral é a humanidade perdida em rebeldia contra Deus, insensatamente duvidando até de sua existência.

No Salmo 14 Davi impreca contra os que devoram o povo de Deus como quem come pão. No Salmo 36 Davi os vê tombados e derruídos sem poderem se levantar. E no Salmo 53 o mesmo Davi altera apenas algumas frases do 14, de modo a estendê-lo também ao Povo de Deus que estava sitiado, pois no outro ele falava da linhagem dos justos sendo ridicularizada.

Em um Salmo os obreiros da iniqüidade ridicularizam a linhagem dos justos, no outro sitiam o povo de Deus e no outro Davi os vê derruídos.

Quando o Livro dos Salmos foi traduzido para o grego, o termo hebreu para obreiros da iniqüidade (que também pode ser traduzido por fazedores de tristezas, causadores de problemas) foi consistentemente vertido pelo que seria literalmente “obreiros sem lei”. Entretanto permite enxergar traços de outros sentidos: Os que investem na ilegalidade ou pessoas que praticam o que a lei proíbe. É claro que a lei a que se refere é a Lei de Deus.

Porém, o bem mais precioso que essa tradução legou-nos foi cunhar um termo que será repetido por nosso Senhor Jesus em um contexto prático: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt 7.22-23): “Praticantes da iniqüidade”.

Observe que o significado tornou-se mais determinado. Davi, o primeiro rei de Israel segundo o coração de Deus, o usou para caracterizar aqueles que “metiam a ridículo a linhagem do justo” ou “sitiavam o povo de Deus”, e os via derruídos. Jesus, a Raiz de Davi, o último rei de Israel, o real Coração de Deus, usa o mesmo termo para referir-se àqueles que alegam merecer seu favor, por terem a capacidade de, em seu nome, profetizar, expelir demônios e fazer muitos milagres.

Observe que o Senhor Jesus não disse que eles não faziam o que alegavam fazer. Observe também que eles convenceram si próprios de que, por fazerem tais coisas, possuíam algum tipo de familiaridade com Jesus. Tanto é que não hesitam em lançar na face dele que agiram em seu nome. Porém para Jesus eles eram o que Davi já havia denominado: “obreiros da iniqüidade”.

Finalmente veja uma constante: em todos os textos é dito deles que são traidores do povo de Deus. Nos Salmos 14 e 53 são descritos como quem devora o povo de Deus com a naturalidade de quem come um pedaço de pão. No Salmo 36 são descritos como o pé insolente que procura calcar e a mão ímpia que tenta repelir. E no Sermão do Monte o Senhor Jesus os descreve como lobos que se vestem de ovelhas.

A conclusão parece óbvia: Os obreiros da iniqüidade estão dentro do povo de Deus. Dentro o suficiente para devorá-los. Acham tão natural as peles de ovelha que vestem, que enganam-se a si mesmos, alimentam-se do povo de Deus como alimentam-se de pão. Devoram as ovelhas do Senhor como lobos roubadores que são. A ordem do Senhor Jesus não podia ser mais clara: Acautelai-vos deles.

3 comentários:

Samuel Vitalino disse...

Excelente conexão.
Deus continue te usando, meu irmão!

Maurício Barbosa disse...

Rev. Folton

É impressionante como lemos a Bíblia e a cada leitura aprendemos algo novo, graças a Deus por isso.
Eu sempre pensei que tais pessoas estavam enganando a elas também, mas pelo que percebi elas também acreditavam que estavam fazendo tudo certo.
Tenho muita dificuldade em separar o joio do trigo.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos livre de tal engano.

Que Deus continue a abençoá-lo

folton disse...

Maurício;

Esse é o grande mistério que o Salmo 139 nos aponta: Como separar o joio (a quem devemos odiar com ódio consumado) do trigo. Somente com a ajuda do Senhor sondando nossos corações e guiando-nos pelo caminho dele.

ab
Fôlton