domingo, 13 de maio de 2012

Alegrias no ministério pastoral

Nenhum pastor pode dizer que seu ministério é a razão de uma vida triste. Não pastor de verdade. Que fique bem claro: não somos imunes à tristeza. Ela é bem conhecida de cada um de nós e anda sempre por perto. Porém, o que fazemos nos alegra. Conhecemos momentos de tristeza, mas Deus nos recompensa com momentos de grande alegria.

Lutar contra dificuldades materiais entristece o coração de qualquer pastor. Afinal, como marido e pai, ele deseja que sua família também esteja tão amparada quanto as famílias de seu rebanho. Mas, isso não é o mais importante, pois ele compartilha do mesmo sofrimento que o rebanho. Ou seja: Deus mostra em sua casa, na sua mesa, as necessidades que o rebanho sofre e o torna mais capaz de entender os problemas dele. O mesmo raciocínio pode ser aplicado aos problemas de saúde.

Assim como ele se entristece por um filho rebelde, ele se entristece também por um ovelha obstinada. A dor que ambos causam é semelhante. Talvez difira em intensidade. Neste aspecto, ensinar, e ver que foi vão, mesmo que o ensino tenha sido recebido com alegria e elogios, é um desses momentos de tristeza. Certamente esse é o aspecto mais doloroso do ministério pastoral.

Obviamente, o texto acima tem uma grande carga pessoal e não sei quantos pastores concordariam com ele, especialmente por que, através do contraste, eu já revelei o que mais alegra um pastor: ver a Palavra de Deus ser posta em prática. E novamente não sei quantos concordariam com isso.

À essas alturas terei de ser mais pessoal, pois nunca me esquecerei de algumas coisas dentre as quais seleciono pouquíssimas:

A Profissão de Fé de minhas filhas, que confirmou o que ensinamos a elas desde o berço certamente é o ponto de maior alegria pra mim.

Mas não posso deixar de falar da alegria que senti no abraço que a Martinha me deu quando eu recebi sua Profissão de Fé. Ela beirava 30 anos, mas era portadora de Síndrome de Down. O Conselho da Igreja percebeu nela uma belíssima fé em Jesus Cristo como seu Salvador. Percebeu também que ela possuía uma clara distinção entre o que era certo e errado, bem como um arrependimento sincero sempre que fazia algo errado. Resolveu convidá-la a publicar sua fé e tomar a Santa Ceia. Ela não gostava muito de me abraçar - dizia sempre que minha barba a espetava - mas naquele dia ela me deu um abraço apertado. Dois anos depois o Senhor a chamou para junto de seu trono.

Nunca me esquecerei de um grupo de onze crianças, entre 6 e 12 anos, que me aguardavam na sala pastoral, sentadas à mesa do Conselho, após o Culto, onde eu ia sempre trocar o manto pelo paletó, reivindicando o direito de ficarem no templo e participar do culto, pois “estavam cansadas de historinhas”.

Mas, esta semana entrou no rol das lembranças, das quais nunca me esquecerei, o gesto de um grupo de jovens da Igreja que estou pastoreando atualmente: Eles se negaram a participar da final de um campeonato por ser disputada no Dia do Senhor! Perderam para pessoas que não achavam nada demais fazer isso em um domingo.

Quando eu soube da notícia, lembrei-me do missionário Eric Lidell, que deixou de correr em sua especialidade nas olimpíadas de 1924 por ser disputada no domingo (maravilhosamente relatado no filme Carruagens de Fogo).

Certamente o troféu que esses jovens receberão, bem como seus conselheiros, que os guiaram bem, será muito melhor do que aquele troféu pífio que deixaram de ganhar, pois antes de serem atletas do mundo são atletas de Deus, e ele é claro em sua Palavra: “...o atleta não é coroado se não competir segundo as normas” (2Tm 2.5).

5 comentários:

Glaucia disse...

"desembaraçando-nos do peso que tenazmente nos assedia, corramos a carreira que nos está proposta". Os cuidados do mundo, os conceitos do mundo... que peso! Deus seja louvado porque muitas sementes conseguem se desembaraçar e crescer e produzir frutos.

folton disse...

Também louvado por me deixar ver os frutos que plantei. A ele toda gloria. Hoje e no dia eterno.

António Je. Batalha disse...

Cada ser humano que se esforça por levar a Palavra da verdade é uma ferramenta nas mãos de Deus, o fruto muitas vezes não se vê, mas creio que também não é o importante, o importante é fazer aquilo que está dentro do coração, sabendo que isso vai glorificar o Criador, e de alguma maneira ajudar o nosso próximo. O dar sem esperar receber, traz-nos alegria, porque estamos a dar o nosso melhor. É este o alvo da minha visita, incentivar a continuar o esforço , na alegria de falar das maravilhas do nosso Salvador. Que sua vida brilhe mais e mais a cada dia. Um abraço em Cristo Jesus.

folton disse...

Caro António,
Recebo com prazer tuas palavras e as deposito como louvor aos pés da cruz de nosso Senhor e Salvador. A ele toda glória.

É muito bom saber que dessa terra da qual me vem tantas saudades há alguém lendo o que escrevo.

Abraços camonianos

Fôlton

Milton Jr. disse...

Caríssimo Folton,
Que alegria ao ler esse post. A pregação fiel das Escrituras promove esses e tantos outros frutos benditos. Que o Senhor da igreja o mantenha fiel e concedendo a graça de ver os frutos do que têm plantado.
Grande abraço.